Belém completa amanhã 399 anos, sendo que em quase 1/5 dessa história foi permeada pelo Clube do Remo. Daqui a um mês, dia 05/02, o Leão Azul faz 110 anos. Na história do clube, o que não faltam são ídolos nascidos ou criados na capital paraense. Também, em igual proporção, há os que vieram de fora, viraram referências dentro do clube e os que permaneceram na cidade.
No atual elenco, há o caso do goleiro Fabiano, que está indo para o terceiro ano na cidade e não se furta a dizer que pode ser que fique por muito mais tempo. Há também os que são nascidos aqui e que pensam em sair, mas por outros motivos.
O lateral-esquerdo Alex Ruan, de 21 anos, faz parte de um grupo seleto e pequeno dentro do elenco do Remo, dos que são oriundos das categorias de base do clube. A despeito de bons resultados nos últimos anos, com certo destaque nacional, o Leão Azul não dá muita bola para a base. As condições de trabalho são ruins, os garotos treinam em campos esburacados e em horários não apropriados. Na semana passada, por exemplo, o técnico Válter Lima, que comandava a base fazia 2 anos, deixou o clube em busca de melhores condições de trabalho.
Alex Ruan não fala, necessariamente, em deixar Belém, mas essa ideia é algo recorrente entre os mais jovens. Não pela cidade e sim por melhores condições de seguir na carreira de jogador profissional. Para o lateral, estar entre os principais atletas do time de coração é uma emoção a mais e sabe que para quem é daqui, a pressão inerente a um clube de massa torna-se maior.
“É diferente. Defender um clube de massa, com uma torcida imensa, é muito importante que é da base e de Belém. Em qualquer clube a pressão sobre os garotos da base é maior. São as pessoas da casa, somos olhados diferentes”, afirma o jogador.
Para quem é paraense, defender um dos dois grandes da capital traz uma responsabilidade extra. No dia a dia, nas ruas, com os amigos ou familiares, a cobrança torna-se algo trivial, difícil de evitar. Alex diz que encara a situação na boa. Morador da Rua Santa Luzia, no bairro da Sacramenta, as brincadeiras são iguais ao apoio que recebe em dias de jogos, com amigos e parentes fazendo caravanas para vê-lo jogar.
“Nós daqui, que somos paraenses, recebemos uma relação diferente, somos mais visados. Na rua onde moro, onde tem mais remista, o pessoal me cobra bastante. Isso é normal, no dia a dia estou até acostumado com isso. O pessoal brinca demais comigo, tanto do Remo quanto do Paysandu. Gosto muito dessa brincadeira. Belém respira futebol. As duas torcidas são muito legais e dão mais força ao nosso futebol”, disse.
Amazônia, 11/01/2015