Leão Azul: um ser mitológico

Leão Azul

[dropcap]R[/dropcap]eza a lenda que, em tempos idos, por volta de 33 a.C., existiu um Leão que habitava e dominava as savanas da Grécia pré-olímpica.

Naquela época, nasceram as três irmãs górgonas – Medusa, Esteno e Euríale – que, sendo expulsas de sua terra natal por Atena – deusa grega da sabedoria, do ofício, da inteligência e da guerra justa – foram espalhar o terror e o medo entre a pacata população grega da região de “Azulinopoulos”, ao norte da Grécia.

Sendo informado por Zeus – o Deus dos Deuses e dos Homens – o Leão se abalou das savanas para o norte do país, para combater e dar fim ao terror implantado pelas irmãs górgonas. Sendo o Rei dos Animais desde sempre, caberia a ele recobrar a ordem e impor novamente a paz e a justiça entre os seres vivos da região na qual reinava.

Contam os pergaminhos que foram várias batalhas sangrentas entre o Leão e as irmãs górgonas – sempre lideradas por Medusa. Numa delas, na última batalha, o Leão, em desvantagem e incessantemente hostilizado pelas três malignas irmãs, teve que recuar para se proteger do olhar petrificante de Medusa – a mais letal dentre as górgonas, então acabou se precipitando num gêiser que expelia baforadas de vapor de Gálio (metal azulado).

Uma vez envolto na névoa azulada de Gálio, o Leão teve seu corpo recoberto pelo tom azul, tornando-se um Leão Azul. Conseguiu retornar à superfície e, camuflado pelo vapor azul do gêiser, surpreendeu as górgonas. Com duas patadas certeiras, matou Esteno e Euríale. Ao pular sobre Medusa, conseguiu derrubá-la e arrancar seus cabelos-de-serpentes. Sufocando-a com suas patas poderosíssimas, asfixiou-a e decretou o seu desencarne. Mas, num último tufo de ar expelido por seus pulmões em brasa, Medusa conseguiu lançar seu último olhar petrificante para dentro dos globos oculares impávidos do Leão Azul.

Assim, Medusa morreu, mas acabou por petrificar o Leão Azul para todo o sempre, transformando-o num ícone e num mártir para as gerações gregas vindouras. Tornou-se um Ser Mitológico. Saiu da vida para entrar nos livros de História. Virou lenda e desapareceu, apesar de nunca ter sido esquecido.

Esse Leão Azul petrificado foi descoberto por paleontólogos remistas, em visita à Grécia na 1ª Olimpíada da Era Moderna (1896), e trazido para Belém do Pará, sendo aclamado o mascote do Clube do Remo em 1905.

Nenhum outro mascote teria sido tão apropriado a um Clube que, desde então, se consolidou no cenário esportivo a partir de memoráveis triunfos e incontáveis glórias.

Até hoje, ainda segundo a lenda, o Leão Azul petrificado habita o gramado do Baenão – Estádio do Clube do Remo. Ali se encontra, imponente e majestoso, fitando o horizonte, rugindo impavidamente e despejando sobre tão belo tapete a energia vitoriosa acumulada em várias e várias batalhas épicas e sagazes do passado.

Texto de Gilberto Silveira (Beto Dickinson)