Federação Paraense de Futebol - FPF
Federação Paraense de Futebol - FPF

A vocação para o desastre se estabelece de novo na história do futebol paraense. O Estadual, que começaria neste fim de semana, foi simplesmente suspenso através de uma canetada do presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Otávio Noronha.

Pelos termos do texto no qual acatou o recurso de Paragominas, Castanhal e Itupiranga, fica óbvio que parecia bastante irritado com o procedimento do TJD-PA no caso. O “tapetão” triunfou outra vez, como sempre, semeando prejuízo e insegurança jurídica.

A liminar assinada por Noronha não apenas interrompeu os preparativos para o Parazão 2023, como teve o condão de expor a realidade que ronda o futebol paraense, cada vez mais desprestigiado e refém de manobras “tribunalescas”.

Bastou um clube – Paragominas – se sentir prejudicado pela escalação de atletas supostamente irregulares em 2022 para que a Justiça Desportiva entrasse em cena. A paralisação deve se estender por 2 semanas, pelos cálculos mais otimistas, semeando prejuízos para todos os lados e deixando no torcedor a pior das impressões.

A decisão do STJD obriga o Pleno do TJD-PA a julgar o caso. O Tribunal local está em recesso, voltando a funcionar a partir de segunda-feira (23/01). É possível que o julgamento ocorra na quinta-feira (26/01), mas há o risco de novo recurso ao STJD, caso algum dos clubes envolvidos se sinta prejudicado pela decisão.

O que chamou atenção foi a maneira abrupta e surpreendente, absolutamente sem cerimônia, com que o STJD agiu. Poderia ter decidido pela suspensão há 2 semanas, sem que o campeonato tivesse que alterar datas e procedimentos. Ao contrário, optou pela medida drástica, anunciada na véspera da abertura do Parazão – o jogo do Remo contra o Independente seria disputado neste sábado (21/01), no Baenão.

É importante observar que a atual diretoria da Federação Paraense de Futebol (FPF) agiu corretamente ao tocar a execução do campeonato. Sabia do ajuizamento das medidas citadas na decisão de Noronha, mas não era parte do processo. Foi surpreeendida, como todos os demais envolvidos com a competição, incluindo os times e seus patrocinadores, além do Governo do Estado, patrocinador do torneio.

Os prejuízos decorrentes da paralisação chegam a R$ 150 mil, apenas com a logística dos clubes – muitos já estavam em deslocamento para cumprir a tabela da rodada inicial.

Na mensagem em que explicou seu posicionamento, a FPF informou que acatou a decisão, mas pretende defender de todas as formas a competição e os resultados de campo. Este, aliás, é um dos pontos cruciais desse imbróglio.

O Paragominas questiona a escalação de jogadores, mas postergou a reclamação, esperando para ver como se definiria o campeonato de 2022. Como acabou rebaixado, por baixo desempenho em campo, sacou da gaveta as informações relacionadas a jogadores e partiu para o “tapetão” – instituição sempre à disposição de quem não resolve seus problemas dentro das competições.

Há muito tempo que as batalhas nos Tribunais se intrometem em um esporte que deveria primar pelo respeito aos resultados definidos pela qualidade e competitividade dos times. A medida judicial é duplamente antipática, porque pode vir a premiar um time que não teve competência técnica para se manter na primeira divisão do Estadual.

Caberá agora ao TJD-PA analisar e julgar o caso, de forma célere, até para afastar os riscos de uma medida de força por parte do STJD.

Na resposta ao pedido de reconsideração encaminhado pela FPF, Otávio Noronha usa expressões fortes ao se referir ao Tribunal paraense, deixando nas entrelinhas a possibilidade de uma intervenção. Seria o cúmulo da bizarrice!

Imagine-se um cenário de punição operado justamente pelo STJD, de tantas decisões equivocadas e de ações protelatórias das mais escancaradas ao longo da história.

Em meio a tudo isso, que ninguém esqueça do torcedor, alheio às escaramuças e interessado apenas em torcer por seus times de coração. No fim das contas, é o fã de futebol que mantém acesa a chama da rivalidade e do interesse pelo esporte, enquanto tantos outros atores se esforçam em sabotar.

Blog do Gerson Nogueira, 22/01/2023

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