Só a ofensividade salva

A melhor atuação do Remo na Série C não deixou de ser surpreendente para quase todo mundo, aparentemente até para o técnico Paulo Bonamigo, que considerou “atípico” o resultado. No retrospecto do time em competições nacionais, a goleada não é de fato um placar frequente. A última, por 4 a 0, ocorreu há 10 anos (em 2012) contra o Náutico (RR), ainda pela Série D do Brasileirão.

Só este fato já deixa clara a importância do que ocorreu na segunda-feira (06/06), no Baenão, contra o Campinense (PB). O grande público presente, apesar do temporal, teve a oportunidade de ver o Remo mostrar uma ofensividade que parecia reprimida.

Nesta edição da Série C, o mais próximo que o time chegou foi a vitória por 3 a 1 sobre o Mirassol (SP), há 3 rodadas. Goleada parecia um prato riscado do cardápio a partir do próprio modelo de jogo executado ao longo da disputa. O Remo jogava sempre para vencer na “conta do chá”. Um placar de 1 a 0 ou 2 a 1 era suficiente para deixar a equipe satisfeita.

Essa falta de apetite foi responsável direta por alguns insucessos ao longo do campeonato. Em Manaus (AM), preso a um jogo de passes laterais e nenhuma profundidade, o Remo perdeu a chance de derrotar o dono da casa. Em um contra-ataque, tomou o gol e perdeu o jogo. Diante do São José (RS), em Belém, fez 2 a 0, tropeçou nas próprias pernas, recuou e cedeu o empate após um incrível “apagão” de 2 minutos.

Um dos piores jogos dos azulinos foi contra o Ypiranga (RS), em Erechim (RS), quando abriu o marcador com gol de Netto, logo no começo da partida. Satisfeito com a vantagem mínima, baixou as linhas muito cedo – fato agravado pela perda, por lesão, do zagueiro Everton Sena e do lateral-esquerdo Leonan – e permitiu que o adversário se impusesse ainda no primeiro tempo, virando para 2 a 1.

Todas essas lembranças servem para valorizar o jogo destemido, agressivo e vertical praticado contra o Campinense (PB).

Um motivo especial oportunizou essa postura – a dinâmica que Fernandinho, Erick Flores e Marciel imprimiram à transição ofensiva, fazendo com que a bola estivesse sempre trabalhada no sentido do gol.

Antes de abrir o placar, aos 31 minutos, com Brenner, o Remo já havia feito nada menos do que 9 ataques, sendo 3 deles perigosos e muito bem executados. Um índice muito superior ao que foi apresentado na vitória sobre o Floresta (CE), na rodda anterior. Naquele confronto, o Remo finalizou apenas 4 vezes em todo o primeiro tempo.

Na partida de segunda-feira (06/06), o meia-atacante Erick Flores foi ainda mais fundamental a partir do gol marcado, aos 33 minutos. Pela beleza do lance, com roubo de bola e finta antes da finalização, é seguramente um dos gols mais bonitos de sua carreira, que não é marcada por tantos gols assim.

Além disso, há o fato especial da reabilitação após os problemas extracampo ocorridos em Erechim (RS). Foi como um “descarrego” e a comemoração foi emocionante, com o apoio de todos os companheiros.

É importante dizer que, além dos gols de Daniel Felipe e Vanilson no tempo final, o Remo podia ter aplicado uma goleada ainda mais ampla. Brenner perdeu uma grande chance ainda no primeiro tempo e a arbitragem deixou de assinalar 2 penalidades em favor dos azulinos.

De toda sorte, mais que o placar, o desempenho que proporcionou a goleada abre a expectativa para um Remo menos encolhido, hesitante e medroso, sobretudo nos jogos como mandante. É preciso entender que times que têm grandes torcidas não têm o direito ao desânimo e à contenção. Vibração, que decorre da ofensividade no jogo, é item obrigatório. Sempre!

O Leão volta a campo nesta segunda-feira (13/06), a partir das 20h, para enfrentar o Volta Redonda (RJ), no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ). O jogo é válido pela 10ª rodada da Série C e terá transmissão ao vivo e exclusiva pela DAZN. Clique aqui para fazer sua assinatura agora e ganhe 30 dias grátis.

Blog do Gerson Nogueira, 08/06/2022