Leandro Cearense
Leandro Cearense

Mais uma vez a torcida do Remo terá emoção até o último minuto antes de descobrir qual o futuro do time em 2013. Depois de um começo avassalador de Campeonato Paraense, motivado justamente pela presença maciça do Fenômeno Azul nos estádios empurrando o time, o Leão não conseguiu manter o equilíbrio, perdeu o primeiro turno mesmo tendo vantagem e passou o segundo turno sofrendo para conseguir, na última rodada, a classificação. Porém, as duas vitórias sobre o maior rival nas semifinais e o começo vencedor na disputa do título da Taça Estado do Pará voltaram a motivar os azulinos que, do campo ou da arquibancada, creem na conquista do turno e da vaga na Série D.

Nas três primeiras rodadas, o time conseguiu vitórias diante de concorrentes diretor na tabela (Santa Cruz, Tuna e Cametá) e ficou entre as cabeças. O futebol apresentado em campo não era dos mais confiáveis, mas unido à força de sua torcida, o Leão parecia soberano. A vitória no clássico contra o Paysandu, por 2 a 1, foi o sinal que faltava para mostrar que o time estava no caminho certo.

De posse da liderança isolada, o Remo buscava então definir seu esquema de jogo e utilizou os jogos seguintes para mesclar a cautela no início das partidas, demonstrada por escalações defensivas, com alterações mais ofensivas no decorrer dos jogos. Na fase classificatória, o Remo só perdeu pontos para o São Francisco, com quem empatou em 3 a 3. A liderança no fim da fase deu ao Leão a vantagem do empate. Foi quando as coisas passaram a desandar. Não imediatamente.

Antes, o Remo fez um jogo bom diante do Paragominas e quase venceu o adversário fora de casa na primeira semifinal, sofrendo o gol no último minuto de jogo. Porém, no Mangueirão o Leão sobrou em campo, jogou com autoridade e grandeza e não teve dificuldades para passar à final com um 2 a 0 no placar. Único invicto da competição, o Remo parecia ter o cenário parecia o ideal para enfrentar o Paysandu.

A vantagem não foi bem assimilada pelo grupo. Por mais que, nas entrevistas, jogadores e o técnico Flávio Araújo garantissem que o time iria atacar o Paysandu, o Remo deu o campo que o rival precisava para reverter a vantagem. Na primeira partida, o Remo só empatou no último lance. Na segunda, se satisfez com o empate parcial, recuou o time por todo o segundo tempo e viu o Paysandu acabar com o sonho, aos 43 minutos do segundo tempo.

No segundo turno, o Remo veio com a missão de mostrar que a perda do título simbólico da Taça Cidade de Belém era parte do passado. Começou assim, novamente engatando uma série de três vitórias nos três primeiros jogos e chegando à liderança. Porém, a derrota sofrida, novamente, para o Paysandu, bagunçou o Baenão. Sem saber como se postar em campo, o Leão foi engolido pelo maior rival.

A segunda derrota em um Re-Pa no ano escancarou a crise azulina. Sem saber como motivar um time frágil mentalmente, a torcida passou a protestar, principalmente após novas derrotas para Paragominas e São Francisco (que não vencia há nove jogos, sendo oito derrotas consecutivas). Com este histórico, o Remo chegou à última rodada parte desacreditado, mas parte confiante, já que o Águia chegou a Belém rebaixado. Com 1 a 0 no placar, com um gol de pênalti, o Remo ficou com a última vaga para as semifinais.

O futebol é mesmo surpreendente. Mesmo em má fase – e vindo de eliminação para o Flamengo (RJ) na Copa do Brasil com duas derrotas – o Remo chegou nas semifinais e não deu chances ao Paysandu, mostrando garra, disposição e inteligência nas duas partidas em que venceu por 2 a 1. Com a classificação, o time empolgou novamente a torcida, que quase esgotou os ingressos da primeira partida da final contra o Paragominas e não se arrependeu: o Remo fez 1 a 0 e reverteu a vantagem do Jacaré.

Um tabu assombra os azulinos: a falta de vitórias no território do jogo de hoje. Bom para o Remo que um empate garante o título. Basta saber como buscá-lo.

Amazônia, 05/05/2013