O vice-presidente jurídico do Remo, Ronaldo Passarinho, encerrou seus dois anos de gestão com quase R$ 3,5 milhões em acordos firmados entre credores e o clube. De acordo com a prestação de contas apresentada por ele na noite de ontem, em reunião do Conselho Deliberativo (Condel) remista, na sede social da avenida Nazaré, a dívida trabalhista do clube foi reduzida de R$ 7.863.671,17, em dezembro de 2010, para R$ 4.448.746,31. O montante renegociado representa uma redução em R$ 3.414.924,86 do passivo trabalhista azulino.
Para o advogado e grande benemérito remista, o saldo é bastante positivo e satisfatório tanto para os credores que tiveram a oportunidade de receber dívidas antigas, quanto para o Leão Azul, que se beneficiou de “acordos muito vantajosos” na Justiça do Trabalho. “É claro que o Remo não pagou esse valor citado por nós. Ele foi reduzido através de acordos muito vantajosos que fizemos individualmente com cada credor. Mas só para que se tenha uma ideia do que isso significa, basta dizer que se o Carrossel fosse leiloado em dezembro de 2010 pelo valor de avaliação, que era de R$ 6,1 milhões, o Remo ainda ficaria devendo mais de R$ 1 milhão. Hoje, com a dívida reduzida para os R$ 4,4 milhões, o Carrossel poderia ser leiloado pelo mesmo valor que o Remo receberia de volta mais de R$ 1 milhão”, ressaltou Passarinho.
O dirigente também agradeceu publicamente à juíza Ida Selene Suarte Sirotheau Corrêa Braga, pela forma como ela acolheu praticamente todos os pedidos e ponderações feitas pelo Departamento Jurídico durante o período em que foi titular da 13ª Vara do Trabalho de Belém. “Esses acordos só foram possíveis graças à compreensão da juíza Ida Selene, que era titular da 13ª Vara do Trabalho na época em que iniciamos nosso trabalho, ao lado de advogados como o Pablo Coimbra. Isso porque ela aceitou os nossos pedidos para negociar as dívidas já consolidadas diretamente com os credores, suspendeu o rateio de credores e congelou o valor total da dívida”, declarou Passarinho.
Apesar do balanço positivo de sua atuação à frente do Jurídico remista, Passarinho enfatizou o fato de que praticamente metade da dívida atual do Remo corresponde a apenas três ações movidas por três ex-jogadores do clube. Todos transitados em julgado. O valor maior é referente ao processo do meia Tiago Belém, R$ 1,5 milhão. Em seguida vêm os dos laterais Julinho, R$ 700 mil, e Lucas Silva, R$ 500 mil. “São todos processos aos quais não cabe mais recursos e que, infelizmente, não há mais possibilidade de acordo com os reclamantes”, constatou.
Despedida
Ronaldo Passarinho anunciou que está deixando a vida administrativa do clube de forma definitiva. Ele disse que pretende cuidar da saúde frente. O dirigente se emocionou ao ouvir os pronunciamentos do presidente Sérgio Cabeça e de conselheiros, como o ex-presidente Roberto Porto e o promotor público Domingos Sávio, que pediram que ele reconsiderasse a decisão. “Deixo o Remo com o sentimento do dever cumprido”, encerrou.
O Liberal, 28/11/2012