O Remo pode encarar um cenário pouco familiar na Série A de 2026 – até 30% de seus jogos podem acontecer em gramados sintéticos, um tipo de piso no qual o clube praticamente não tem experiência recente.
O aumento desse tipo de superfície na Série A do Brasileirão passou a chamar atenção após a confirmação de novos acessos e mudanças planejadas por algumas equipes da elite, que devem ampliar o número de estádios com a polêmica “grama artificial” na próxima temporada.
Atualmente, Palmeiras (SP), Botafogo (RJ), Athletico (PR) e Chapecoense (SC) já mandam partidas em campos sintéticos e a tendência é que esse número cresça. O Vasco (RJ) estuda transferir parte de seus jogos para o estádio Nilton Santos durante as reformas de São Januário, enquanto o Atlético (MG) já aderiu ao novo modelo em seu estádio – Arena MRV.
Se todos esses clubes mantiverem o planejamento, quase um terço das partidas da Série A será disputado em piso sintético.
Para o Remo, que volta à elite depois de mais de 3 décadas, o desafio é duplo! Além de se adaptar ao nível de competitividade da competição, terá de lidar com um tipo de campo que mexe no tempo de bola, na velocidade das jogadas e até no desgaste físico dos atletas. A comissão técnica azulina ainda não se manifestou oficialmente mas, internamente, o assunto já gera preocupação sobre preparação e adaptação.
A discussão, no entanto, vai além da questão esportiva. O tema virou polêmica nacional nos últimos anos. Jogadores de vários clubes, incluindo estrelas como Neymar, Thiago Silva, Bruno Henrique e Philippe Coutinho, já se posicionaram publicamente contra o uso da grama artificial, alegando maior risco de lesões e impacto negativo no rendimento físico ao longo da temporada.
Algumas diretorias também passaram a criticar o modelo. O Flamengo (RJ), por exemplo, argumenta que há desequilíbrio financeiro entre clubes que precisam manter gramados naturais – que exigem reformas frequentes – e aqueles que utilizam os artificiais, de manutenção mais barata e resistente a eventos paralelos. O clube carioca também destacou possíveis prejuízos à saúde dos atletas.
Do outro lado, as equipes que utilizam o gramado sintético rebatem afirmando que não existe comprovação científica de aumento de lesões e que o piso oferece maior uniformidade ao longo do ano, sobretudo em estádios que compartilham calendário com shows e grandes eventos.
Com o crescimento desse tipo de superfície e o retorno do Remo à Série A, o debate deve ganhar força entre torcedores, clubes e especialistas. A temporada de 2026 promete ser, ao mesmo tempo, de reencontros e de adaptações para o Leão, dentro e fora do tapete verde, seja natural ou sintético.
O Liberal.com, 24/11/2025


