Daniel Crizel e Marcelo Rangel – Foto: Samara Miranda (Clube do Remo)
Daniel Crizel e Marcelo Rangel – Foto: Samara Miranda (Clube do Remo)

A nota oficial do DM azulino, divulgada no dia 20/10, dava conta de que o goleiro Marcelo Rangel, principal jogador do time na temporada, estaria de fora dos 6 jogos restantes pela Série B.

Apenas 12 dias depois, ele voltou a campo, fez as contumazes defesas milagrosas e, não fosse um desvio em um próprio companheiro, teria defendido o chute que resultou no gol de empate da Chapecoense (SC), no último minuto da partida disputada no domingo (02/11).

Quando entrou no gramado para se aquecer, parte da torcida que lotou o Baenão mal podia acreditar que seu ídolo voltaria a jogar em tão pouco tempo.

Agora, totalmente reincluído ao elenco, Rangel e seus companheiros se preparam para os 2 jogos seguidos fora de casa, contra Novorizontino (SP) e Avaí (SC). A delegação deixa Belém nesta quinta-feira (06/11) e, depois da partida no interior paulista, volta a São Paulo (SP), onde ficará treinando até a partida em Florianópolis (SC).

Se vencer pelo menos um desses jogos, o Leão estará com o acesso à Série A praticamente garantido!

O volante Caio Vinícius e o atacante Diego Hernandez não jogarão o primeiro compromisso, suspensos pelo 3º cartão amarelo, mas viajarão com o restante do elenco.

Marcelo Rangel concedeu entrevista pela primeira vez desde sua recuperação. Ele falou sobre os dias de incerteza quanto a voltar a jogar em 2025, o empenho no tratamento, o apoio do Fenômeno Azul e a certeza de que os azulinos chegarão muito fortes nas rodadas finais para tentar levar o Remo de volta à Série A após mais de 3 décadas.

Período de recuperação

Foram dias muito intensos, desde a cirurgia. A primeira notícia é que não jogaria mais na temporada mas, graças a Deus e também aos profissionais que me acompanharam durante esse tempo, no caso desde a cirurgia, com o doutor Jean Klay, o NASP do clube, até mesmo a doutora Marcela Machado, fisioterapeuta que teve um trabalho muito importante nessa recuperação. Foram dias de 3 períodos de fisioterapia, desde a cirurgia, que foi em uma segunda-feira. No mesmo dia, no hospital, já comecei o trabalho de fisioterapia na parte da tarde, sempre visando um possível retorno o mais rápido possível. Esse retorno foi muito além das experiências. Normalmente, é uma lesão para 4 a 6 semanas e consegui voltar em 12 para 13 dias, sendo que já estava no campo desde o 7º dia. Então, realmente foi sensacional!

A recuperação foi graças a Deus e aos profissionais competentes que me acompanharam durante todo esse processo. Teve dia que o fisioterapeuta saía da minha casa meia-noite e a gente tratava cedo aqui no clube, à tarde aqui no clube, e à noite tinha o profissional que me acompanhava também em casa. Então, isso fez com que voltasse tão rápido e bem, dentro de uma responsabilidade médica, sem dor, porque não é só voltar. Você tem que voltar podendo fazer todos os movimentos dentro de campo quando é exigido. O jogo teve várias ações de defesa e pude fazer essas defesas sem dor.

Rangel recebe apoio de todos os lados

Realmente foi uma motivação muito grande por parte do torcedor, dos amigos, pessoas conhecidas, até mesmo pessoas de outros clubes mandando força nesse momento que iria passar pela cirurgia. Recebi no meu WhatsApp, que é o mais particular, mais de 30 mil mensagens de positividade. Isso certamente alcança a gente, nos motiva para que a gente possa voltar o mais rápido possível. Sou muito grato a cada pessoa que me motivou a isso, que mandou uma mensagem de incentivo, de força naquele momento.

Estou muito feliz e quero agradecer a nossa torcida, que é um apoio sensacional, o Fenômeno Azul sempre mandando mensagem pelas redes sociais, pelo Instagram, até mesmo do clube, pelo meu WhatsApp particular, alguns amigos que a gente tem aqui na cidade também. A gente vê o tanto que a gente é bem recebido, tanto que o torcedor tem o carinho pela gente nesses momentos. Eu fico muito feliz, agradeço a todos que de alguma maneira me desejaram essa força na minha recuperação e tem sido assim e tenho certeza que vai dar certo aí para a gente terminar o ano bem.

Duelo com o Novorizontino-SP

Na Série B, um campeonato extremamente difícil, todo jogo é uma decisão. É um campeonato de ponto corrido, todo jogo é uma final. A gente já vem jogando finais desde o começo, tanto no Estadual, que a gente participou das decisões, jogos grandes. Durante a Série B, cada jogo é um jogo grande e nessa reta final não é diferente. A gente pensa jogo a jogo aqui dentro. Assim como foi o jogo contra a Chapecoense (SC), que era um confronto direto. Se você vence, você fica muito próximo até então do objetivo, mas também a importância de não perder esse tipo de jogo.

Então, contra o Novorizontino (SP) será outra final, contra um adversário que também briga ali na parte de cima da tabela, mas o principal e o melhor disso é que a gente está preparado para enfrentar qualquer tipo de jogo. A equipe, o grupo, já demonstrou isso, que está preparado fisicamente, tecnicamente, psicologicamente. Sabendo que a gente tem totais condições de fazer um grande resultado e dar um passo maior em busca do objetivo final que é o acesso.

Gol no último minuto

São situações que podem acontecer, mas que também deveriam ser evitadas, vamos dizer assim. Tudo tem um propósito, tudo serve de amadurecimento para que a gente possa encontrar soluções para que não possa acontecer mais. Se você pegar desde o início da jogada, faltava pouco tempo para acabar. A gente estava no ataque, no escanteio a nosso favor. Infelizmente, acabou daquela forma. Uma bola, a gente teve algumas oportunidades de tirar dali também, acabou sobrando no pé do adversário que deu um chute despretensioso e que resvala no nosso atleta e acaba mudando totalmente a rota e entrando lá no pé da trave do outro lado.

Então, são acidentes que acontecem no futebol, mas a gente não pode se apegar a isso. Temos que sacudir a poeira que sábado (08/11) tem outra decisão, porque se a gente ficar lamentando, se a gente ficar pensando, chorando, isso pode atrapalhar o que vem pela frente. Passou e serve de lição e aprendizado. A gente precisa estar com a cabeça forte novamente, porque a gente vai precisar de todo mundo.

Acesso fora de casa

O pensamento é, a cada jogo, buscar a vitória. Se ao final desses 2 jogos fora de casa a gente conseguir esses 6 pontos, automaticamente a gente vai estar na Série A. É dessa forma que o grupo pensa. Assim como foi essa sequência de 6 vitórias, a gente mantém uma invencibilidade na era do professor Guto Ferreira, então é isso que a gente vai buscar. Quando ele chegou, lá atrás, me lembro de uma fala minha no vestiário: “São 10 jogos, 10 finais. O mesmo clube, o mesmo time que ficou invicto no começo do campeonato, é o mesmo clube. Então a gente teria oportunidade de repetir isso novamente.

Hoje, a gente tem mais 3 jogos pela frente e a gente vai buscar 3 vitórias para não somente colocar o clube na Série A, mas também, quem sabe, um possível título. Depois de 30 anos que o clube está sem participar de uma Série A, a gente tem isso em mente. Isso está sendo falado também diariamente. Imagina a história que a gente pode escrever na história do clube? Todo mundo sabe da responsabilidade e da importância. É um desejo muito grande nosso. São oportunidades que vêm para cada atleta nesse momento, porque a gente não sabe, de repente, lá na frente, se vai ter uma chance igual a essa.

Volta por cima

Acho que na nossa vida temos que ter resiliência, seja qual for a adversidade, independente de qual seja o desafio. Nunca faltou trabalho ou comprometimento. É assim que a gente vai construindo uma história juntamente com o nosso torcedor, porque ele nunca largou nossa mão, em momentos bons e ruins. Tenho certeza que nossa torcida merece viver esse momento fantástico que estamos vivendo. Nossa torcida merece o acesso que estamos buscando pelo clube e por eles.

Diário do Pará, 05/11/2025

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