Intensidade do futebol triplicada em 6 décadas

Dados levantados pela Escola Universitária de Educação Física de Poznan (Polônia) revelam que a intensidade do futebol foi triplicada nos últimos 60 anos.

Se na década de 1960, um jogador percorria entre 4 e 5 quilômetros nos 90 minutos, agora está na faixa de 12 a 15 quilômetros. Atualmente, o goleiro cumpre a quilometragem de um atacante dos anos 60.

Por que o futebol se tornou tão acelerado e quais as consequências disso?

A causa é o avanço científico e tecnológico dentro dos clubes. A preparação física foi absolutamente transformada. Se antes os atletas tinham treinos inspirados nas atividades físicas dos militares, em um padrão aplicado igualmente a todos, com exceção apenas para os goleiros, agora todas as atividades são planejadas e executadas sob a luz da ciência, por equipes multidisciplinares que tratam de qualificar alimentação, sono, regeneração muscular, poder de concentração…

Tudo, enfim, que possa contribuir para a elevação do rendimento físico, técnico, tático e mental, além da inteligência emocional.

Todo grande jogador é resultado de uma grande soma de fatores desenvolvidos ao seu redor por especialistas e com apoio de tecnologia avançada.

Nos bastidores, o “jogo invisível”

O que o público vê em campo é resultado do “jogo invisível” dos bastidores – um trabalho de dezenas de especialistas de diferentes áreas.

Quem conhece o suporte científico e tecnológico de clubes como o Remo se surpreende, embora ainda tenha gritantes defasagens em comparação com os principais clubes do país. Tanto que sequer têm Centro de Treinamento funcional – ainda está no estágio de “esboço” de CT.

A falta de estrutura adequada é agravada por uma mentalidade atrasada, principalmente nas categorias de base. Por isso, é um clube altamente importador, em permanente gastança exagerada, com raros frutos exportáveis.

Raciocínio

A crescente celeridade física do futebol exige rapidez também no raciocínio para o cumprimento de funções táticas. Entra no jogo o potencial cognitivo.

Jogadores que não sejam inteligentes o bastante para compreender e executar funções não se encaixam nas engrenagens, por mais que tenham talento e capacidade física.

Máquinas

Na transformação do futebol, cada vez mais mecânico, no sentido da engrenagem tática, e intenso, no sentido da correria, fecharam-se as portas para revelações dos campeonatos intermunicipais ou de competições suburbanas.

O futebol, que era feito de jogadores talentosos, agora é de “máquinas humanas”. Não é uma comparação por saudosismo, é apenas constatação!

Tecnologia

Mapa de calor, GPS, exames de sangue para medir desgaste físico, entre outros, são alguns dos métodos avançados de monitoramento e análise que servem à avaliação do condicionamento físico, da resistência e da recuperação dos atletas.

Com base nessas informações, são produzidos programas personalizados de treinamento, conforme a função de cada atleta, otimizando o desempenho individual e coletivo.

Quem diz que futebol são 11 contra 11, está com a cabeça em um passado distante! Quem insiste em ignorar as transformações, não enxerga mais o jogo como ele é, não entende e muito menos explica suas questões.

Futebol é um evento para a interação de todos – para debate livre, para conhecimento, para achismo e para palpites.

Jantar

O Remo deu mais uma demonstração da ingerência da ciência no futebol ao instituir o jantar pós-jogo ainda no vestiário. Com nutricionista e chefe de cozinha, o clube disponibiliza os alimentos mais apropriados no momento mais oportuno, visando melhorar a recuperação dos atletas após o desgaste do jogo. Foi assim na quinta-feira (24/07), após a partida contra o Avaí (SC).

Erros

Por erros na preparação, má conduta dos atletas fora de campo ou mesmo pelos dois motivos, o Remo de 2024 deu a impressão de que seria rebaixado no Campeonato Brasileiro. Corrigidos os erros, o time reagiu e saiu do risco de queda à Série D para buscar o acesso à Série B.

Desafio

O Leão entra em campo na terça-feira (29/07), contra o Goiás (GO), em Goiânia (GO), pela 19ª rodada da Série B. O time remista começa a voltar aos trilhos, ainda em adaptação às novas peças e ideias de jogo, mas agora dando sinais de encaixe.

Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 27/07/2025