O dia 23/11 não será esquecido pelo torcedor do Remo. Afinal, marcou o retorno do clube para a Série A após 32 anos. Porém, o cenário para conquistar o acesso não era dos mais simples, pois o time azulino precisava de um tropeço de um dos adversários, além de vencer o seu jogo contra o Goiás (GO), no Mangueirão.
Um dos resultados estava sendo favorável – a derrota do Criciúma (SC). Porém, os remistas ainda precisavam fazer sua parte.
Depois de sair atrás no placar, mas empatar antes do intervalo, com gol do artilheiro Pedro Rocha, eis que apareceu o herói da conquista – o atacante João Pedro, que virou a partida com 2 gols.
Anunciado no fim da segunda janela de transferências, o atacante português, com nacionalidade de Guiné-Bissau, descreveu a sensação de escrever um capítulo na história do clube.
“Quando vim para o Remo, tinha o objetivo de dar alegria à nação azulina. Consegui atingir esse objetivo também, mas como as coisas aconteceram, como foi tudo tão perfeito, foi completamente diferente do que aquilo que imaginava. Superou, mas superou um montão! Acho que não tenho palavras para o momento que vivi, juntamente com meus pais, juntamente com meus colegas de equipe, com a cidade inteira. Foi incrível!”, comentou.
Um dos gols marcados pelo atacante, seu 2º na partida, que deixou o placar em 3 a 1 para o Remo, foi de cabeça, algo que havia sido incentivado pela mãe do atacante, Helena Sousa, que mandou uma mensagem “prevendo” o feito.
“Nas mensagens que trocamos, quando ele me disse que ia fazer o gol, eu disse que vai ser um de cabeça, que já há muito tempo que ele não fazia um de cabeça, e foi”, contou a mãe de João Pedro.
O atacante azulino destacou o papel dos pais não só nessa conquista recente, como ao longo da carreira e trajetória de vida. Para se dedicar ao futebol, ele precisou largar os estudos. Naturalmente, uma decisão difícil, ainda mais por conta da mãe ser professora. Porém, por intermédio dela, o caminho no esporte se tornou possível.
“Saí da escola mais cedo. Minha mãe é professora e pôs em risco um bocado sua carreira. Não estava conseguindo conciliar a escola e o futebol, mas ela acreditou, deu uma autorização para eu sair, mesmo sabendo os riscos que poderia ter. Também temos uma promessa que tenho que terminar os estudos, que não me esqueci, estou para fazer”, falou.
“Felizmente, o diretor da turma dele também percebeu, compreendeu a situação. Fizemos um acordo e ele parou de estudar para se dedicar ao futebol, que na altura, ele não conseguia fazer as duas coisas ao mesmo tempo, era impossível”, continuou Helena.
O futebol está no sangue de João Pedro, que iniciou a carreira como profissional aos 16 anos. Seu pai é ex-jogador da seleção de Guiné-Bissau. Gil Silva comentou emocionado como foi chegar à Belém para assistir ao filho conquistar o acesso com o Remo.
“Estou muito satisfeito. Estou orgulhoso, porque tínhamos certeza, estávamos com fé. Vínhamos, mesmo quando saímos dos Açores (Portugal), fazer 10 ou 11 horas de viagem para vir para cá, chegar aqui. Paramos em Manaus (AM) e depois chegamos aqui. Aqui é fantástico, top!”, afirmou o pai.
Os pais de João Pedro estão ansiosos para assistir ao filho disputando a Série A do Brasileirão na próxima temporada.
“Quero ficar para acompanhar meu filho. Tem um sol brilhante para ele e para os colegas, que é importante para os colegas. Para o futuro do Remo vai ser muito, muito, muito, muito bom na Série A”, encerrou Gil.
Globo Esporte.com, 05/12/2025


