Ricardo Catalá – Foto: Sílvio Garrido
Ricardo Catalá – Foto: Sílvio Garrido

O Remo vive um momento eleitoral e de reconstrução no seu Departamento de Futebol. O Leão não conseguiu mais uma vez passar de fase na Série C e amargou o fim da temporada no mês de agosto, mas o técnico Ricardo Catalá, contratado para o lugar de Marcelo Cabo, conseguiu tirar a equipe azulina da lanterna, evitou o rebaixamento e quase levou o clube à 2ª fase da competição.

Em entrevista ao um canal no Youtube, o técnico de 41 anos falou das dificuldades que enfrentou no Baenão, citou que não teve problemas com o executivo Thiago Gasparino, lembrou algumas situações inusitadas que viveu com torcedores nesse período em que comandou o Remo e também comentou sobre o processo eleitoral azulino.

Catalá fez uma campanha de recuperação no Remo durante a disputa da Série C. Ele chegou para o lugar de Marcelo Cabo, que perdeu as 4 primeiras rodadas da competição nacional e deixou o clube na lanterna.

O técnico falou das dificuldades em conseguir contratações para melhorar o elenco, como tempo de contrato restrito por conta do estatuto do clube, aproveitando para explicar que não teve problemas com o ex-executivo do clube, Thiago Gasparino.

“É legal falar disso, pois ficou muito atrelado e até de forma maldosa sobre o que disse e como me referi ao Thiago Gasparino. A verdade é que nunca me referi ao Thiago Gasparino. Quem tem que avaliar o trabalho dele é quem o contratou. Minha avaliação do trabalho dele no período em que tivemos juntos é boa, um cara que ajudou diariamente, que demonstrou um grande conhecimento de jogadores de futebol, que trabalhou 24 horas por dia para trazer os nomes”, disse.

“A verdade é que, quando falava do poder de convencimento, o pessoal achava que ele (Gasparino) não tinha capacidade de convencer o jogador de atuar no Remo e, na verdade, não é isso. Ele estava de mãos atadas! O problema nunca foi o Thiago, o Fábio (Bentes), o ‘Zé Mané’, o ‘Chico’. O grande problema foi que todos os elementos que formavam o contexto, do nível que gostaríamos de trazer, aceitasse vestir a camisa do Remo. O clube é gigante, os atletas reconheciam isso, mas a questão era outra. Todos estão no futebol e possuem suas contas para pagar, seus sonhos, objetivos, a gestão da carreira. Então chegou um momento em que a gente não tinha para onde correr, olhávamos para o mercado e só tomávamos ‘não’, até brinquei com isso era ‘não, não, não’, um atrás do outro. Não foi só eu que tomei ‘não’, Thiago Gasparino também e todos os outros diretores que se envolveram nessa busca”, contou.

Catalá revelou alguns momentos em que viveu no Remo com o torcedor, como em um deles, em que não teve sua comida levada ao hotel, por conta do momento delicado do clube na competição. O técnico citou ainda um momento descontraído que teve com torcedores em um restaurante, onde sua conta foi paga por um azulino.

“Sou muito restrito, faço pouca coisa e isso é até algo que preciso melhorar. Chega uma hora em que você fica quase louco morando em um quarto de hotel. Normalmente sou o primeiro a chegar no clube e o último a ir embora”, falou.

“Consegui visitar muitas coisas em Belém. Principalmente nos períodos em que vencemos, tínhamos um pouco mais de paz para circular pela cidade. Minha família foi me visitar alguns dias em julho e nesses 10 dias conseguimos fazer algumas coisas, visitar pontos turísticos, restaurantes. Fiz um passeio de lancha, conheci um pouco mais sobre as belezas da Amazônia, mas também tive o outro lado, de pedir uma comida por aplicativo e o cara não querer entregar na sua mão por que o clube não venceu, ainda fazer cobrança na frente de todo mundo. As recepcionistas do hotel falavam que eu precisava ter paciência, mas entendo que futebol é algo que mexe com a paixão das pessoas, de umas mais e outras menos”, lembrou.

“Procurei sempre retribuir essa paixão quase de forma exclusiva. Optei por não trazer minha família para morar no hotel e ter foco 100% naquilo que era a missão, que não me assustava, pois na verdade era uma baita de uma oportunidade para crescimento”, comentou.

Com a carreira ainda recente, o treinador possui o sonho de treinar um clube da Série A do Brasileirão que tenha uma torcida de massa. Catalá viu o Remo como um trampolim, como uma grande oportunidade de dar um passo grande na carreira.

“Tenho um objetivo, que é chegar à Série A e comandar clube de massa. Um amigo disse que vou conseguir chegar a comandar um time de Série A e que pude exercitar todas as dificuldades que um clube de massa na Série A vai ter. Tive agora, com 41 anos, tirando lições, fazendo ajustes, para que quando tiver essa oportunidade, estarei preparado. Então observei dessa forma, trabalhar com o Remo, com toda essa torcida incrível e a pressão”, apontou.

“O cara que tem medo de pressão, sente ela. Ele realmente não merece estar nesse ambiente, que é inerente ao futebol, sobretudo no Brasil. Gosto dessa pressão, ela faz você ter uma capacidade de resiliência, de crescimento que no conforto não teria”, completou.

Ao contrário do episódio com o pedido por aplicativo, Catalá relembrou do momento em que esteve com a sua comissão técnica em um restaurante em Belém e foi abordado por alguns torcedores na mesa e teve uma surpresa ao deixar o local.

“Sempre olhei o Remo como oportunidade e, na reta final (da 1ª fase da Série C), fui em um restaurante no bairro da Batista Campos e vieram alguns torcedores à mesa, agradecendo por ter recuperado o time. Quando fui pagar a conta, estava com a comissão técnica, o garçom me informou que a conta estava paga, que um dos torcedores pediu para pagar a conta. Se soubesse, tinha pedido mais uns dois pratos e um vinho mais caro. O dono deu risada”, falou.

O treinador já afirmou que possui o interesse de continuar no Remo na próxima temporada, mas que não teve propostas de renovação. Catalá disse ainda que não irá “oferecer sua imagem” a nenhum candidato e que aguarda o pleito eleitoral azulino.

“Não tenho nenhuma proposta de renovação até o momento. O clube precisa tratar de assuntos de eleição e aqueles candidatos que me procuraram, sejam de oposição ou situação, minha posição foi a mesma, que não discutiria nada até que tivesse um presidente eleito ou que tivesse assinado uma proposta que me uniria ao Remo até o final de 2024, pois estaríamos falando de hipóteses, possibilidades, mas isso não é bom para ninguém”, definiu.

“O Remo está cima de todos nós e não gostaria de usar o clube ou oferecer minha imagem a ninguém. Quem vencer a eleição, precisa vencer através da competência do plano estratégico montado para os próximos 3 anos”, defendeu.

O treinador ressaltou que trabalhar desde o início, com direito a uma pré-temporada, escolha e montagem do elenco é algo fundamental para que que as coisas tenham êxito. Ricardo Catalá deu o exemplo do Operário (PR) e o método utilizado pelo clube paranaense na temporada.

“Independente de ser no Remo ou em qualquer outro clube, o treinador iniciar o projeto é muito melhor, pois consegue delinear o elenco de acordo com o tipo de jogo que quer fazer. Levaria em consideração o contexto do clube, que tipo de jogo o torcedor gosta, qual o tipo de jogo que a Série exige e, através disso, oferecer uma relação de nomes para que o clube possa buscar. Entender da diretoria qual o tipo de ideia para a temporada, se vai usar o Estadual para vencer ou para desenvolver uma identidade forte o suficiente para chegar na Série C mais robusto, confiável, competente”, detalhou.

“Operário (PR) é um clube onde trabalhei. Eles sabiam lá no Paraná que Athletico (PR) e Coritiba (PR) estariam em melhores condições para ganhar o Estadual e rodaram todo o elenco, os goleiros, zagueiros, laterais, meias, volantes, atacantes. Deram oportunidade para todos, promoveram jogadores da base, viram quais tinham condições de estar na Série C, então o Operário (PR) faz uma campanha boa no Estadual, chegou muito bom na Série C e oscilou muito pouco”, contou.

“Essa é a visão que tenho, independente de qual for o clube, a Série. Entendo que se toda vez que o treinador tiver condições de construir esse caminho é melhor para todos. Desde o recrutamento, tudo é voltado para um plano, um projeto que foi delineado junto com a direção”, finalizou.

O Liberal.com, 16/09/2023

10 COMENTÁRIOS

  1. O que acho curioso nesse contexto todo é o seguinte: porque o rival conseguiu ajustar o seu plantel ? Pois tinha uma campanha também ruim e um time muito pior pegando inclusive uma goleada, e não teve problema nenhum de contratar e reforçar seu elenco ao ponto de melhorar e conquistar a classificação. Esses “nãos” era só pro Remo ? Estranho isso. Algo havia de errado e poderia ser explicado. Não dá pra entender jogadores dizer não para um time e sim para o outro.
    Reconheço os méritos do técnico mas essa estória está mal contada.

    • Porque o Remo está em período eleitoral e o estatuto impede que contratos sejam feitos estendendo o prazo para o outro ano, com nova direção. Os jogadores contatados queriam contatos longos e a diretoria não poderia oferecer.

    • Acredito q foi pura sorte do rival.
      Seu elenco não é e nunca foi melhor o q o nosso.
      O rival contratou jogador q estava dando sopa no mercado, deu certo.
      No próximo ano, prefiro ‘sorte’ q um elenco vitorioso.

    • Navi, a mucura está “ganhando” NÃO por mérito de treinador e sim com descarada ajuda de arbitragem a mando da máfia da CBF (o tal de coronel Nunes), caso contrário a mucura estaria rebaixada.

  2. Putz…o próprio Catalã em sua entrevista pensa , corrobora e se mostra a vista de tdo aquilo q nos torcedores vivemos dizendo aqui:
    O clube ter um projeto a médio, longo prazo junto com o treinador e a comissão técnica, montar um plantel para início de temporada em concordância com a diretoria com nomes indicados d acordo com o perfil de jogo e do clube além de usar jogadores de destaque da base mesclando com nomes indicados…e eu ainda adicionaria jogadores de idade nao elevada de destaques regionais…..esse time usaria o Estadual e Copa Verde para ter entrosamento e sequência para a disputa do objetivo maior q é o acesso a Série B.
    Ele ainda dá o exemplo do Operário do PR, q usou essa cartilha e olha aonde ele se encontra hj em dia: disputando o Acesso a B…..e garanto q sem jogadores “medalhoes”, e com a folha salarial bem menor.
    Porra…até o treinador d fora tá dizendo ao Remo o q nos estamos dizendo a anos.
    E ainda dizem q os torcedores não sabem de nada!!!!! Deviam é nos ouvir mais, isso sim!!!

  3. Catalá deveria continuar seu trabalho no próximo ano desde que o novo presidente cobre dele a utilização prioritária dos jogadores da base….

  4. Já que estava recebendo não. Deveria ter colocado a base para jogar. Esse ponto foi negativo, não só por ele, mas pelos demais. O Marcelo Cabo, colocou a base, mas no brasileiro não colocou

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