Na última quarta-feira (09/01), foi decidido em comum acordo entre o Clube do Remo, Federação Paraense de Futebol e Governo do Estado, o adiamento do jogo de estreia da equipe pelo Campeonato Paraense, contra o Tapajós.
A partida estava marcada para o dia 20/01, mas foi adiada após a reprovação do Mangueirão em vistoria técnica do Corpo de Bombeiros.
A prorrogação do duelo, que segue com nova data ainda indefinida, não impediu somente o reencontro da torcida com a equipe, mas também o pontapé inicial do treinador João Nasser Neto, o Netão, no maior desafio da sua carreira até o momento, que é iniciar o planejamento no comando de um time profissional.
Netão garante que a confiança depositada nele o motiva e sabe que terá que realizar algo distinto do ano passado, quando entrou como “bombeiro” na tentativa de “apagar o fogo” instaurado na reta final da Série C.
“Desafios são sempre desafios. Por isso, precisamos estar sempre prontos, porque a qualquer momento eles aparecem”, disse.
Com rodagem vasta e vitoriosa pelo futebol de base, Netão almeja dar sequência agora à carreira no time principal do Clube do Remo com o bicampeonato estadual, além de servir como um pioneiro para os aspirantes a treinador na região. Confira a entrevista:
Você está prestes a dar o pontapé inicial no maior desafio profissional da carreira até agora. Como tem encarado esse momento, especialmente por contar com o apoio de todos (presidência, diretoria, atletas e torcida)?
Temos que manter a tranquilidade acima de tudo. O maior desafio da minha vida até o momento foi não deixar o Remo cair para a Série D. Isso serve de experiência para saber se impor em momento de adversidade. Começo o trabalho com a minha responsabilidade interna e com o apoio de todos, que é importante. Ninguém me cobra mais do que eu mesmo. Meu empresário é o resultado.
Embora tenha feito carreira no futebol de base do Remo, sua transição ao profissional do clube aconteceu no “fogo”, para salvar o time do rebaixamento. Agora, existe todo um respaldo por ter iniciado o planejamento. Você acredita que terão paciência com o seu trabalho ou as cobranças serão as mesmas?
Fiz o caminho que deveria para chegar até aqui. Sabia que uma hora ou outra iria acontecer. Claro que as circunstâncias não foram fáceis, mas é na dificuldade que as coisas acontecem. Cobranças sempre irão ter, pois o torcedor quer vitória. Geralmente, em qualquer dimensão das nossas vidas, as pessoas têm memória curta. Não me apego ao passado e preciso construir sempre momentos positivos para valorizar o meu trabalho.
Apesar do adiamento do jogo de estreia da equipe, o Remo entrará em campo pelo Estadual para defender o seu título. Caso o bicampeonato venha, seria a confirmação da sua carreira à beira dos gramados?
Na primeira reunião com os atletas, já estipulamos as metas para o grupo em 2019. Deixamos o passado para trás e estamos construindo uma mentalidade vencedora. Ajudei a subir o Remo da Série D à Série C, em 2015. Quem estava acompanhando internamente, sabe a parcela de contribuição que tive no acesso e também de não deixar o Remo cair para Série D ano passado. Acredito que não preciso mostrar mais nada no Remo, porque já tive essas conquistas.
Por ser cria da casa e manter a postura humilde, a torcida toda está a seu favor, além do seu trabalho, que foi aprovado no ano passado. Contudo, essa mesma torcida já demonstrou ser impaciente em caso de falta de resultados. Apesar de estar com a moral pelo “salvamento” em 2018, até quando você acredita que terá “salvo-conduto” para as críticas?
Algumas respostas só o tempo e as ocorrências em campo vão poder responder. O que tenho certeza é que continuo com a mesma simplicidade de sempre, com as mesmas convicções que me colocaram na função de treinador: ser honesto e justo sempre. Como falei, meu empresário é o resultado e por isso penso na equipe como penso em mim. É um desafio para todos e estamos trabalhando para passar por cima.
Essa é a primeira vez em anos que o Remo inicia a temporada com um técnico local e com total identidade com o clube. O rendimento positivo pode abrir portas até para um celeiro de profissionais da área. É uma responsabilidade a mais?
Acredito que a minha responsabilidade é sempre a mesma. Pratico o que estudo e temos o que merecemos. Dentro do Remo, sempre tive a ideia de formar treinadores e membros da comissão técnica na base para que possam atender ao profissional quando necessário. Significa muito iniciar o trabalho, mas é preciso estar preparado também e me preparei para isso.
Ano passado você conseguiu padronizar uma equipe sem muito brio. Agora você foi um dos responsáveis pela montagem do plantel. Pode se dizer que o atual elenco possui o perfil do Netão para vencer em campo?
Escolhemos as peças que atendem o modelo de jogo que acredito. Cada um com suas características e diferenças para a construção de uma equipe forte. Cada um tem o seu estilo de jogo, sua qualidade e o seu ponto forte. Acreditamos que o elenco possui aquilo que queremos para irmos forte nas competições e fazer o Remo forte.
Diário do Pará, 13/01/2019