Copa do Nordeste
Copa do Nordeste

Por razões óbvias, a Copa do Nordeste tornou-se alvo da “inveja branca” de torcedores e dirigentes do futebol paraense. A competição é lucrativa, tem repercussão por ser bem organizada e se consolidou no calendário, tornando-se um sucesso de público e crítica. Justamente o oposto de nossa renegada, deficitária e desprestigiada Copa Verde, sempre ameaçada de extinção.

É claro que para chegar à condição atual, muito foi feito pelos clubes nordestinos, que demonstraram coragem para enfrentar a proverbial má vontade da CBF em relação a toda iniciativa que contrarie seus negócios. Quebraram a resistência da entidade e criaram a competição por conta, risco e patrocínio próprio.

Emanuel Meireles, torcedor do Fortaleza (CE), observou pontos interessantes sobre a “Lampions League”, como o músico pernambucano Xico Sá carinhosamente apelidou o torneio. Sua intenção é contribuir para esclarecer dúvidas sobre a principal competição regional existente hoje no Brasil.

“Diante das incertezas e mentiras até que rondam a Copa Verde, tenho ouvido muitas comparações entre esta e a Copa do Nordeste. A comparação, ainda que válida, já que se tratam de torneios regionais, precisa ser situada quanto aos contextos comercial e político, sob pena de ser injusta”, escreveu Emanuel.

“Não é a CBF que organiza a competição, mas a Liga do Nordeste, entidade que só é tolerada pela CBF por decisão judicial. Vale lembrar que, em meados da década passada, para manter o poder das Federações, a CBF não cedeu datas à competição e a Liga, por meio de intensa disputa jurídica, ganhou o direito de realizar a competição até 2022. A CBF, que de boa não tem nada, acatou a decisão judicial para se livrar de pesada multa”, continuou Emanuel, acrescentando, quanto à Copa Verde, que o torneio mais parece “uma esmola dada pela entidade máxima do futebol brasileiro a clubes de regiões pouco prestigiadas do nosso país”.

“É comum ouvir discursos de dirigentes falando que estão à espera de definições da CBF, seja quanto a calendário para a competição, seja quanto a televisionamento, patrocínios ou, até mesmo, no que tange à continuidade do torneio, que pode durar apenas duas partidas para uma equipe (foi assim com o Remo em 2018, por exemplo)”, citou.

Se a Liga do Nordeste distingue seu torneio – que tem no mínimo 8 datas garantidas para cada participante – por uma atitude de enfrentamento em relação à CBF, os clubes da Copa Verde pecam por alimentar uma “inexplicável expectativa de decidir suas vidas e se colocam, portanto, subservientes aos ditames da instituição”, como diz o torcedor.

Emanuel ressalta, quanto à questão comercial, que decorre da política, além do apelo de times de massa, há uma série de amarrações que só um distanciamento da CBF permite. O extinto canal Esporte Interativo possuía os direitos de transmissão da competição em todas as plataformas até 2022. Mesmo com seu fim, a Turner, que adquiriu o canal, honrou e honrará os contratos até o final – em torno de R$ 30 milhões anuais.

“De novo, isso não se dá por caridade, mas porque há multas pesadas no caso de não pagamento. Além disso, a Copa do Nordeste tem exibição na TV aberta no Nordeste, no Canal Fox Sports na TV fechada e também lançou um serviço de streaming que, por R$ 14,90 por mês, oferece a transmissão (via internet) de todos os jogos do torneio. Isso garante uma premiação gorda aos participantes do torneio, a depender de sua classificação no ranking da CBF”, informou.

“A Copa Verde, por sua vez, paga cotas irrisórias, a meu ver, porque, além de um formato desinteressante e apenas dois clubes de apelo popular, não foi pensada como um produto, mas como uma benesse. A título de exemplo, quando o Esporte Interativo largou a competição, não restou perspectiva alguma em seu lugar. Esperar que a CBF viabilize comercialmente um torneio regional é pouco lógico”, pontuou.

O que a bem-sucedida Copa do Nordeste pode reservar de exemplo à sua congênere nortista é a lição de que articulação coletiva e valorização de um modelo de produto pode resultar em lucratividade, desde que a competição seja esportivamente atraente. Sim, a Copa do Nordeste é muito interessante!

“O torcedor não é bobo. Sabe, por exemplo, que a Copa Verde tem um nível pior que o Parazão. O fato de os times de Goiás nunca terem topado participar diz muito do que é o torneio. Quem sabe uma aproximação com marcas fortes daquele Estado, em uma discussão entre clubes, fosse uma saída interessante”, escreveu.

“Como nordestino, outra saída que me agradaria muito seria a inclusão dos times paraenses na Liga do Nordeste, mas isso parece mais difícil, na medida em que Maranhão e Piauí, que são da região, só entraram no torneio em 2016. De todo modo, ou os times se articulam e viabilizam algo para si, ou viverão à espera da realização de promessas fajutas, como a realização de um torneio binacional como a que andou circulando e iludindo alguns”, concluiu.

Blog do Gerson Nogueira, 18/01/2019

3 COMENTÁRIOS

  1. Pra nós paraense é uma vergonha esse presidente da CBF no Brasil sempre tem discriminação com os clubes paraense vai pra casa do caralho é um vergonha

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