As chances de permanência na Série C aumentaram consideravelmente para o Remo depois da conquista de 7 pontos em 3 jogos disputados, alavancando uma reação que parecia improvável até a 14ª rodada, depois da derrota frente ao Santa Cruz (PE), no Recife (PE).
Com autoridade e confiança, o Remo superou seus problemas e passou a encarar a competição com outros olhos. Nada mais de dedicar respeito excessivo a adversários de nível até inferior ou de se fazer amedrontar a cada nova visita a um oponente.
O foco na estratégia de buscar os pontos necessários revelou a face guerreira e determinada de um grupo de atletas desacreditado até então. João Nasser Neto, o técnico que sucedeu a Artur Oliveira, trouxe a tiracolo um trunfo importantíssimo: o nível de conhecimento sobre os jogadores que compõem o elenco remista.
Com simplicidade e sem truques marqueteiros, apostou em peças que já mostravam evolução, como Rodriguinho e Dudu, e deu oportunidades a jogadores que andavam esquecidos no Baenão.
Netão alterou também a maneira de atuar pela esquerda, experimentando Fernandes, com bons resultados. Na direita, confirmou Nininho, que havia sido barrado por Artur. Vacaria e Dedeco foram efetivados na marcação. Com mais solidez defensiva, permitiu-se ficar mais na espera, deixando que o adversário tome a iniciativa, principalmente nos jogos fora de casa.
Mais profunda ainda foi a mudança no ataque, operada sem grande alarde, mas de expressivo impacto prático. Netão não mexeu na configuração do time, mas trocou de dupla, substituindo Isac e Elielton por Eliandro e Gabriel Lima.
Os resultados não tardaram a aparecer e a impor uma reflexão: por que tais mexidas não foram pensadas pelos técnicos anteriores? Afinal, todos os jogadores utilizados agora já estavam no elenco, à disposição tanto de Givanildo Oliveira quanto de Artur.
Netão lançou mão de sua ampla vivência dentro do clube para fazer as alterações cabíveis, sem melindrar ninguém e adotando o discurso certeiro do comprometimento coletivo.
O jovem comandante tem ainda o mérito de não hesitar na tomada de decisões sensatas, elegendo rendimento e qualidade como critérios de escalação. Nesta segunda-feira (06/08), diante do Salgueiro (PE), o Leão precisará manter o alto nível de concentração para superar um adversário direto – e desesperado.
Caso vença, o risco de queda fica praticamente afastado e a probabilidade – ainda que mínima – de classificação à próxima fase permanece de pé. O fato é que, com Netão, o Remo mudou de fisionomia com o elenco disponível. Que isto sirva de lição para dirigentes que normalmente valorizam nomes e não competência na hora de contratar técnicos.
Blog do Gerson Nogueira, 05/08/2018