Sem competições oficiais após a saída da Série C do Brasileirão, o foco do Remo até o final da temporada será o processo eleitoral para a escolha do novo presidente do clube para 2019/2020.
Um dos candidatos ao cargo é Fábio Bentes, profissional de marketing, 41 anos, que já exerceu a função no Leão e foi vice-presidente na gestão de André Cavalcante.
Um dos líderes do grupo denominado “MudaREMOs”, Fábio é oposição à atual administração. O foco, de acordo com ele, é na modernização e no profissionalismo azulino.
“Isso (concorrer à presidência) nasceu de começar a frequentar o clube há alguns anos. Fui diretor de marketing, além de vice-presidente. Participei de alguns processos que hoje trazem um bom retorno ao clube como, por exemplo, as lojas oficiais, que antes arrecadavam R$ 3 mil por mês e hoje estão em torno de R$ 80 mil por mês, isso só com estratégias, com o Remo administrando, pois era algo terceirizado”, comentou.
“Víamos que o clube precisava se modernizar, tinha uma gestão muito amadora. Em 2016, quando estive como vice do André, tivemos a oportunidade de fazer algumas coisas, mas foi pouco tempo, apenas 9 meses. Terminada a gestão, por opção profissional, resolvi não concorrer mais e comecei a organizar a minha vida”, continuou.
“O sócio tem ciência do projeto, me preparei, fiz cursos na área de gestão esportiva, de marketing esportivo, gestão de futebol, fui conhecer pessoas e pesquisar projetos, verificando aquilo que está funcionando para replicar adequando à realidade do clube, que tem as suas particularidades. O Remo tem uma torcida maravilhosa, mas problemas gigantes como a sua torcida. O Remo parou no tempo, se administra como era nos anos 80, e o futebol mudou”, disse.
Um dos pontos mais citados por Fábio Bentes foi a possível falta de transparência do clube. Se eleito, ele prometeu novas práticas, inclusive com um plano de gestão já traçado para resolver problemas emergenciais, como as diversas dívidas.
“Somos oposição. Não concordamos com a forma de administrar. São problemas diversos e um dos maiores é a falta de transparência. O parceiro comercial que for investir vai verificar se tem transparência, se aquilo que ele vai se associar passa uma boa imagem no mercado, coisa que o Remo não faz, não tem uma prestação de contas publicada no site. Tem alguma coisa focada no futebol autônomo, mas é o mínimo. O clube é maior, movimenta algo em torno de R$ 18 milhões por ano, é muito dinheiro para ser administrado sem responsabilidade, precisar ter uma transparência”, destacou.
“Como decidi ser candidato há algum tempo, venho me preparando, montamos um plano de gestão, trouxe profissionais do mercado. Estou com o Ademir (de Souza Júnior), especialista na área, participou de projetos fora (do Brasil), como no Racing (Argentina), que estava à beira da falência, o estádio iria à leilão, eles (torcedores) fizeram um jogo imaginário e lotaram, foi a retomada com uma gestão séria, rígida, que reduziu custos, negociou as dívidas. Hoje, o Racing já é novamente uma potência no futebol e participa com igualdade de condições nas competições que disputa”, contou.
No que tange ao Departamento de Futebol, Bentes quer mais critérios nas contratações de jogadores. Ele referendou a lista de 10 atletas que negociam com a equipe para a próxima temporada e garantiu a permanência do técnico Netão caso consiga receber a maioria de votos na eleição marcada para o dia 10/11.
“Foi feito um trabalho pelo Departamento de Futebol de apresentar ao Conselho Deliberativo, e sou conselheiro, uma relação de 10 nomes que o Neto referendou. Entendendo que esses nomes podem ser úteis para o ano que vem, a gente aprovou. Estão negociando e espero que consigam acertar, a gente parte de uma boa base, são pessoas que podem ajudar, principalmente, no primeiro semestre. Junto com eles, observar. Um grupo de pessoas está fazendo isso, na Segundinha, Série D, Série C, que ainda está em andamento, procurar garimpar alguns valores regionais. Devem ser promovidos jogadores do Sub-20 e o Neto conhece esses jogadores desde pequenos. Depois, contratar estrategicamente, não adianta ano a ano trazer 20, 30, 40 jogadores, que não vão resolver, mas pontualmente. Pode pagar um pouco mais caro, dentro da realidade, para resolver a situação em posições estratégicas. A gente está fazendo essa identificação, teremos 5 jogadores por posição. Não adianta dizer ainda, pois gera uma especulação no mercado”, informou.
“Sendo presidente, o Netão fica. Tive uma conversa inicial com ele para ver como estava pensando e vem de encontro com as nossas ideias. Trocamos figurinhas sobre a estruturação do futebol, que precisa de mais profissionais, equipamentos. Por exemplo, foi criado o Cifut (Centro de Inteligência de Futebol), mas não foi estruturado, sem as condições necessárias. Hoje no futebol é fundamental trabalhar com a informação”, concluiu.
Confira, abaixo, outros trechos da entrevista com Fábio Bentes:
Arrecadação e planejamento financeiro
O grande problema é que o Remo acumulou muitas dívidas e acaba assumindo pagar acima do que arrecada. Não pode ter uma despesa mensal de R$ 800 mil e arrecadar R$ 600 mil, tem que ser compatível, gastar menos para ter uma sobra. Hoje o Remo consegue manter os jogadores em dia com empréstimos e o que arrecada com as pessoas, se viraram, mas os funcionários estão com 5 meses de atrasados. Os jogadores, um mês e meio depois que pararam de jogar, ainda não foi informado essa última prestação ao Conselho. Dos funcionários, muita gente acaba trabalhando por amor, mas é difícil não ter o salário. Assumindo o clube, vamos fazer uma auditoria dos últimos 5 anos para saber a real situação. Não é uma caça às bruxas, mas se forem identificadas irregularidades, as providências serão tomadas nos fóruns internos do clube. Se for identificado dolo, justiça comum. Paralelo a isso, vamos criar um caixa único. O problema é que o Remo tem 5, 6 fontes de arrecadação e que gastam isoladamente. Precisa centralizar o pagamento. O que for arrecadado no vôlei, será investido no vôlei, mas precisa ter um controle central. As pessoas saem recebendo e elas mesmas pagam, não tem nota, depois a contabilidade sai correndo atrás. Às vezes não é má fé, mas o fato é não fazer o procedimento correto, o que atrapalha o clube.
Critério nas contratações
O futebol envolve algumas coisas. É preciso, antes de contratar, conhecer o histórico recente, o desempenho no ano anterior, a atitude dentro e fora de campo, que às vezes interfere e contamina. Se está dentro da realidade do ponto de vista financeiro, se está de acordo com o treinador, se tem as características necessárias. Netão, além de ajudar na permanência na Série C, conseguiu arrumar o time pela qualidade técnica, estudando, vivendo o futebol. Ele está antenado com o que está acontecendo, é didático, tem essa facilidade de passar isso aos jogadores. Eles fecharam e compraram a ideia.
Formação da Diretoria de Futebol
Vou fazer uma coisa que há muitos anos o Remo não tem, que é retornar a sala da presidência para o Baenão. É importante o presidente estar perto do futebol, que é o coração do clube, o carro-chefe. Uma sala para despachar e encaminhar as coisas lá, uma presença para dar segurança aos atletas e funcionários. Junto com isso, uma diretoria de futebol, formada por algumas pessoas que estudam e devem ajudar. Vamos ter um executivo, já definimos o perfil. O mercado tem muitos, mas queremos um que trabalhe com jovens para rejuvenescer o time do Remo. Esse ano tivemos muitos valores, tanto que queremos renovar, mas era um pouco mais velho, trouxe no segundo semestre atletas mais experientes e queremos mesclar um pouco. Um executivo com bons contatos, bem relacionado, alguns nomes estão sendo observados. O executivo é fundamental, mas não só no futebol, é preciso ter um na área comercial, no marketing, jurídico, no Nação Azul. São áreas estratégicas, especialistas que serão remunerados para executas as funções. É deixar o amadorismo de lado. Quem não esqueceu isso, ficou para trás, que é o nosso caso (Remo). Perdemos tempo com gestões amadoras.
Reabertura do Baenão
Infelizmente, nos últimos 2 anos, a diretoria pouco se interessou. O mérito dessa diretoria com relação ao Baenão foi ter dado para o projeto “Retorno do Rei” (autorização) de fazer o que tinha que ser feito. Conseguiram vencer algumas etapas. Estive reunido com eles para saber onde pretendem chegar até outubro, para saber como se inserir como diretoria. Se (a diretoria) tivesse entrado antes, talvez o Baenão já teria sido reaberto. Para jogos oficiais, o estádio ainda não oferece as exigências, como hidrantes, sala de visitantes, sala de triagem da polícia, sala de comando, vestiários da arbitragem. A gente, nessa reunião, chegou à conclusão de que é necessário algo em torno de R$ 600 mil para reabrir o estádio para jogos, isso com a iluminação. Temos a expectativa concreta de levantar esse recurso, ainda não cabe antecipar porque, muitas das vezes, nesses 2 anos, especularam coisas mirabolantes aqui e acolá, investimento da China, emenda parlamentar, coisas que não aconteceram e que atrapalharam o “Retorno do Rei”, as pessoas deixaram de ajudar. Talvez se não tivesse tanta especulação, eles estariam adiantados. Temos caminhos para resolver isso.
Globo Esporte.com, 13/09/2018
Te que enfim.teve um para dizer que o clube do remo parou no tempo
Nenhum dos dois candidatos que se apresentam tem condições de presidir o Remo.
É isso Fábio está no caminho, tem que fazer uma reforma, o Fábio tem competência, conhece o clube e sabe das deficiência. Eu vou apoiar, como sócio temido que sou.
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