Oliveira Canindé
Oliveira Canindé

Oliveira Canindé assumiu o Remo há poucos dias e não teve tempo para modificar muita coisa no time que vem atuando na Série C. Suas primeiras providências, porém, chamam atenção denotam o acatamento de sugestões dos auxiliares – principalmente Agnaldo de Jesus – e a atenção aos atletas nativos. O primeiro sinal disso foi a opção por Jayme no ataque para o jogo contra o Botafogo (PB), nesta segunda-feira (19/06). Faria melhor ainda se substituísse Nino Guerreiro por Flamel ou Gabriel Lima.

A escalação de Igor João e Léo Rosa também reforça a boa impressão inicial. Tsunami era titular desde o começo da competição e tem lugar cativo na linha de marcação. Quanto ao setor de criação, Canindé deixou escapar um estilo mais conservador até que o de Josué Teixeira.

Na sexta-feira (16/06), depois do coletivo do dia, declarou que não pretende escalar no mesmo time Eduardo Ramos e Flamel. O técnico argumenta que ambos têm características semelhantes, o que é um erro costumeiro dos que analisam superficialmente os dois jogadores. Eduardo e Flamel já jogaram juntos no time azulino e, longe de se anularem mutuamente, demonstraram que são complementares.

Aliás, um dos melhores momentos do Remo na temporada ocorreu justamente quando a dupla esteve em campo. Ramos organizava mais atrás e Flamel se posicionava próximo à linha de ataque. Não por acaso, quando ambos desfalcaram o Remo, ainda na Copa Verde, o time entrou em parafuso, acabou eliminado da competição e passou aperreios no Parazão.

Canindé terá tempo para burilar ideias e analisar individualidades, mas seria de bom tom que não cristalizasse um conceito tão conservador sobre os mais habilidosos jogadores do elenco.

Sabe-se que a Série C é, por natureza, um campeonato onde os esquemas de marcação prevalecem sobre propostas ofensivas. Vale mais se fechar para não perder do que arriscar a busca por uma vitória, principalmente em jogos fora de casa.

Ocorre que a maioria dos times abraça a causa retranqueira por não dispor de atletas capazes de criar jogadas e problemas para as defesas inimigas. Canindé tem Flamel e Eduardo Ramos, que podem motivar a criação de um sistema que não sacrifique excessivamente a parte defensiva.

Outro aspecto que deveria balizar o trabalho do novo técnico remista, a partir de uma política determinada pela diretoria, é a valorização de jogadores oriundos da base azulina, cuja exposição na vitrine da Série C pode ser de grande valia para futuras transações.

Esse cuidado se faz necessário para evitar que sejam priorizados jogadores importados de nível técnico ruim em detrimento de Gabriel Lima, Jefferson, Lucas Victor, Rodrigo, Sílvio e outros, que há muito tempo já deixaram de ser meras promessas.

Sem oportunidades, não jogam e acabam esquecidos. Por isso, cabe aos gestores zelarem mais pelos interesses do clube, evitando erros do passado recente.

Blog do Gerson Nogueira, 18/06/2017