Leston Júnior
Leston Júnior

Há quem no Remo defenda a tese, a título de apoiar o técnico Leston Júnior, de que o time tem ainda muito a evoluir e que a formação atual se consolidará a tempo de fazer boa campanha no Brasileirão da Série C. Pode ser.

A essa altura, é injusto que se condene todo o trabalho desenvolvido até aqui por Leston, apesar dos muitos pontos falhos, pelo simples fato de que o atípico Campeonato Paraense é normalmente muito difícil para técnicos de primeira viagem.

Dado Cavalcanti, em 2015, sofreu bastante com as peculiaridades do torneio e cometeu erros que hoje seguramente não cometeria. Portanto, é perdoável que Leston esteja sofrendo com isso também.

O grande problema para o Remo é que o Parazão não pode ser encarado como uma competição qualquer. Em nome da tradição e da história, o clube já seria obrigado naturalmente a priorizá-lo. Ocorre que razões de ordem prática conduzem à obrigação de vencer a disputa.

Vejamos: o título estadual daria ao Remo presença assegurada na Copa Verde e na Copa do Brasil de 2017, além de significar a manutenção da hegemonia regional com o tricampeonato. Por outro lado, caso não conquiste o caneco, o clube ficará dependendo de arranjos para disputar a Copa Verde e com participação incerta na Copa do Brasil.

Há mais coisa em jogo. Depende decisivamente da conduta do time em campo a rentabilidade do programa de sócio-torcedor Nação Azul. Nos últimos meses, o programa teve crescimento expressivo, mas é fato que sua força vem das vitórias e títulos no futebol.

Para que o time finalmente entre nos eixos e consiga convencer a torcida será necessária uma mudança de rumos, a partir da própria sistemática adotada pelo técnico. Não é crime utilizar 3 volantes. Zagallo fazia isso quase sempre. Parreira idem. O problema é arranjar maneiras de fazer com que os marcadores não se limitem a uma faixa do campo. Devem ter liberdade e categoria para auxiliar na criação e na cobertura aos laterais.

O Remo atual – que se atrapalhou todo para vencer o Parauapebas, superar o Independente, esbarrar no Paysandu e sofrer frente ao Paragominas – joga com 3 homens que raramente saem da função de protetores da zaga. Na prática, protegem pouco. Sempre que o time é atacado, acaba tendo grandes dificuldades.

Desde as primeiras rodadas, ficou evidente que enquanto não ajustar o meio, Leston terá uma equipe insegura e instável. Com marcação e criação bem arrumadas, o jogo vai fluir naturalmente e todos serão felizes – defesa mais fechada e ataque bem abastecido. Porém, se não há peças para executar essas tarefas, o problema já é outro.

Blog do Gerson Nogueira, 15/03/2016