Reunião do Conselho Técnico da Série C
Reunião do Conselho Técnico da Série C

A Série C só começa no dia 21/05, mas a disputa entre os clubes já está acirrada. O bloco das equipes do Norte e Nordeste entraram com um recurso para pedir a recontagem dos votos na eleição que decidiu pela manutenção do regulamento do torneio. A votação não respeitou o artigo 59 do estatuto da CBF, que prevê votos qualitativos, com pesos diferentes de acordo com a posição de cada time no último Campeonato Brasileiro, e não unitários, como foi feito e divulgado pelos próprios dirigentes.

No Conselho Técnico da competição, na última terça-feira, 08/03, foi apresentada uma proposta para mudar o cruzamento nas quartas-de-final. Times do mesmo grupo se enfrentariam na segunda fase, o que garantiria ao menos 2 clubes de cada grupo na Série B de 2017. Após a reunião, os representantes falaram que houve empate em primeira votação, de forma unitária, por 10 a 10, com o Macaé (RJ) votando a favor do bloco Norte e Nordeste e o Cuiabá (MT) votando com o grupo do Sul e Sudeste. Em segundo turno, a equipe fluminense mudou de lado, como o próprio presidente admitiu, e a proposta caiu.

No entanto, caso o voto qualitativo fosse utilizado, a primeira eleição garantiria a aprovação da mudança no regulamento por 117 a 93. O cálculo é feito da seguinte maneira: primeiro rebaixado da Série B, o Macaé (RJ) tem peso 20, e assim sucessivamente. Último colocado entre os que conquistaram acesso na Série D, o Ypiranga (RS), tem peso 1.

Vice-presidente da CBF e representante do grupo insatisfeito, o alagoano Gustavo Feijó diz que tentou garantir a votação de acordo com o estatuto, mas foi impedido pelo presidente da Federação Paulista e pelo diretor de Coordenação da CBF, Reinaldo Carneiro Bastos. São 5 paulistas na Série C – Botafogo (SP), Guaratinguetá (SP), Portuguesa (SP), Mogi Mirim (SP) e Guarani (SP).

“Ele não deixou ninguém falar. Ele queria defender o interesse dele e dos clubes dele. A CBF não tem nada a ver com isso. O que houve foi a má condução do Reinaldo em não querer ouvir ninguém. Ele vai ter que aceitar. No voto, venceu a proposta do Norte e Nordeste. Não há motivo para haver nova votação, a CBF não precisa gastar mais com uma nova reunião e viagem dos dirigentes por causa do erro de um diretor. Houve o 10 a 10 em voto unitário, mas é preciso recontar com o peso qualitativo”, declarou Feijó.

O recurso foi pedido pelo presidente do ASA (AL), Bruno Euclides, representante da Série C no Conselho Técnico de Clubes. O presidente em exercício da CBF, Antônio Carlos Nunes, e seus 5 vices, julgarão o caso ao lado da Diretoria de Competições, comandada por Manoel Flores.

Reinaldo Bastos se manifestou apenas por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa. O presidente da Federação Paulista rebate as acusações de Feijó e diz que a votação foi limpa.

“Respeito muito a opinião e a eventual divergência dos colegas, mas a reunião foi conduzida de forma democrática e com participação ativa dos clubes, como nunca havia acontecido. Assim, como ocorre em diversos outros conselhos técnicos, foi aberta a possibilidade de os clubes reverem suas decisões. Então, em um novo momento da reunião, um dos clubes reviu sua posição anterior e foram ratificadas todas as decisões tomadas”, declarou Reinaldo.

A assessoria de Reinaldo e a CBF informaram que foi considerado o resultado de 11 a 9, que daria 113 a 97 com o peso correspondente de cada equipe. O cálculo correto só foi feito após a reunião. O próprio secretário-geral da entidade máxima do futebol brasileiro, Walter Feldman, admitiu que a votação não respeitou o estatuto. E foi além. Disse que nenhuma votação anterior semelhante à da Série C seguiu o regulamento.

“Aconteceu uma disputa, uma divisão. É um sistema. Hoje teve votação. Não foi usado isso. É um instrumento que se usa na disputa. Poderia usar. Quando houve isso, ninguém lembrou do estatuto. Ficou essa dúvida. Se tivesse lembrado, haveria uma computação. Nunca é usado. Não houve um embate. Acho que o pessoal que perdeu vai entrar com representação. É até bom para saber como funcionaria nesse uso ponderado do voto. Seguramente, na representação que vão entrar, vão questionar os desdobramentos. É bom o embate”, declarou Feldman.

Globo Esporte.com, 11/03/2016