Fenômeno Azul
Fenômeno Azul

Se não fosse por uma extrema necessidade financeira, provavelmente o Remo não faria o amistoso deste domingo (20/09) de manhã, contra o Castanhal, no Mangueirão. Se não fosse por uma extrema irresponsabilidade de quem andou gerindo o clube nas últimas décadas, provavelmente não seria preciso extrair cada centavo possível do torcedor.

No último amistoso que fez, contra o Izabelense, o Remo lucrou pouco mais de R$ 20 mil. Foi possível pagar algumas despesas pequenas como iluminação do Baenão, cotas de advogados, além de alimentação. Válido, mas “não deveria” ser necessário modificar o planejamento do time profissional, na competição mais importante do ano, para conseguir isso.

Só que essa é a realidade atual, que o torcedor “precisa entender, se conscientizar para ajudar”. Ou seja, quem tem que se conscientizar é o torcedor e não os dirigentes que sangraram o clube com contratações estúpidas, inchaços irresponsáveis na folha salarial e consequente falta de pagamento do acordo com a Justiça do Trabalho.

Mais que ajudar, é preciso que o torcedor azulino saiba cobrar, para que não seja lesado mais uma vez. Para que não fique novamente sem camarote, estádio ou Série.

O torcedor azulino é um apaixonado e talvez isso deixe o dirigente mal acostumado, pois ele sabe que, mesmo que faça besteira, o Fenômeno Azul aparecerá para consertar a sua burrada.

O estádio Baenão, destruído em uma gestão passada, está sendo “salvo” por um grupo de torcedores que se juntou e busca recursos para tal.

O salário de elenco e funcionários, atrasado por conta de irresponsabilidade financeira no primeiro semestre, teve um mês diminuído devido à fantástica presença da torcida em um jogo com adversário “morto”.

Só não deu para abater mais do “atraso” pelo fato da Justiça do Trabalho levar 40% da cota. Ela leva por conta dos acordos não cumpridos no início do ano.

Você sabe por que não cumpriram os acordos, não é? Para pagar a folha mais cara do Campeonato Paraense. Com jogador que veio com a missão de “apenas fazer um gol no Paysandu”.

O responsável por isso, atualmente afastado do clube por “licença médica”, estava nas cadeiras do Mangueirão exalando saúde, na partida contra o Vilhena (RO).

De qualquer forma, o momento é de união. Juntar todas as forças que tem para sair o mais rápido possível do atoleiro. Planejar para que jamais o clube chegue perto de voltar a ele.

A história recente do Remo está cheia de histórias como estas. A cada ano, outras novas são incluídas e o pepino fica para o próximo dirigente, que convoca o mesmo super-herói: o torcedor.

Por isso é importante ser consciente. Ajude, mas também cobre. Exija ser tratado com o respeito que um consumidor merece. Ainda mais sendo você um cliente tão assíduo. Aliás, um cliente que salva o negócio do seu vendedor toda vez que ele faz bobagem, merecia, no mínimo, ser tratado como VIP.

Não permita, torcedor, que daqui a um ano as expressões “ajudar”, “se conscientizar”, “entender” voltem como armas de seus dirigentes. Como se você já não tivesse feito isso varias outras vezes antes.

Coluna de Alex Ferreira, Portal Arquibancada, 17/09/2015