Agnaldo e Roberto Fernandes
Agnaldo e Roberto Fernandes

Crescer na reta decisiva de uma partida e minimizar as chances de reação adversária são características do tal do poder de decisão, expressão rotineira no meio do futebol, e própria de times grandes, do porte do Clube do Remo. No mundo do futebol, o poder de decisão, geralmente, é o que diferencia times vencedores daqueles eternamente estigmatizados como bons, mas sem um número de títulos significativos no currículo.

No Remo, o assunto gera inquietação. O excesso de quedas, em momentos decisivos, acarreta o questionamento: o fator emocional, fruto da pressão de exatos 6 anos sem um título significativo, pode estar sendo o inimigo número 1 do Remo? Um integrante da comissão técnica de Roberto Fernandes admitiu que o peso psicológico atrapalha. Alguns jogadores discordaram, no entanto.

O fato é que, ultimamente, o Leão coleciona fracassos em momentos decisivos. Pior: nos últimos minutos dos jogos, o que torna as derrotas ainda mais doloridas. Em 2012, um episódio inesquecível, mas de péssimas lembranças para a torcida azulina, já dava sinais do problema. No finalzinho do embate, com o título estadual praticamente assegurado, os remistas tomaram 2 gols inacreditáveis e acabaram como vice-campeões paraenses diante do Cametá, de Soares, Jaílson e companhia. Foi um dia que entrou para a história azulina, óbvio, de maneira vexatória.

Os exemplos de episódios semelhantes são vastos. Mais atuais, inclusive. No ano passado, uma bola levantada na área do Leão, a hesitação dos zagueiros e uma cabeçada fulminante do zagueiro Raul, que defendia o Paysandu, tirou o título do primeiro turno das mãos do Clube do Remo, aos 43 minutos do segundo tempo. Sem o título da Taça Cidade de Belém de 2013, um pressionado Remo viu a sua campanha deflagrar durante o returno e acabar, de novo, frente ao time do interior, o Paragominas. Foram minutos de erros e desatenção que acabaram resultado em um segundo semestre sem jogos oficias do clube.

O trauma já tem novos episódios este ano. Na última quarta-feira, o Paysandu parecia completamente dominado, perdia por 3 a 1, faltando cerca de 10 minutos regulamentares para terminar o jogo. O Leão estava prestes a rugir, novamente, e soltar o grito de campeão estadual, preso na garganta. Mas o rival foi buscar o empate, com o último gol sendo assinalado aos 49 minutos do segundo tempo. Novamente, uma bola área e o desviou de Zé Antônio para o fundo do gol decretaram a frustração e o “quase” reinou novamente.

No entanto, nem tudo estar perdido. Há tempo de se recuperar e a reflexão sobre o que está acontecendo é necessária. Um integrante da comissão técnica azulina, por sua vez, admite que o aspecto emocional foi um inimigo no jogo da última quarta-feira, 28/05. Agnaldo de Jesus, o “Seu Boneco”, ex-treinador do clube, respondeu o questionamento, concordando com a hipótese levantada.

“Acredito que este aspecto nos atrapalhou, sim. No ano passado, até o Fabiano vinha conversando conosco, no final do jogo passado, tomamos um gol assim, de escanteio, no final do jogo, marcado pelo Raul. Talvez essa obrigação do Remo de ganhar um título, esse fator emocional, possa estar prejudicando, mas temos que saber administrar isso aí, porque agora não cabe mais erro”, disse.

Uma simples ação, na opinião de Agnaldo, é capaz de resolver esta questão. “O Roberto conversou com o pessoal, mostrou onde nós pecamos e onde não poderíamos pecar, no intuito de não errar mais nos dois jogos. Precisamos ter uma equipe equilibrada para conquistar o nosso objetivo que é o título”, assegurou o auxiliar técnico.

O Liberal, 01/06/2014