Zeca Pirão
Zeca Pirão

Em entrevista, o presidente do Remo, Zeca Pirão, deixa em aberto a possibilidade de se candidatar à reeleição. Também comenta sobre a herança deixada pelos presidentes anteriores, elogia o passado de dedicação dos chamados “cardeais” ao clube, confirma a contratação do meia Robinho para a disputa da Série D e garante que a permanência do técnico Roberto Fernandes é questão de tempo e conversa.

O que é mais fácil: ser presidente ou vice do Remo?

Ser vice é mais fácil.

Como vice no ano passado, você trabalhou mais no futebol, ao lado do Mauricio Bororó e não deu certo, mesmo tendo um bom técnico no comando. Por quê?

O grupo não estava fechado.

Você foi colocado no Remo por pessoas ligadas aos “cardeais” e que sempre se meteram no Remo, única e exclusivamente pelo futebol e não pela parte administrativa. Por que trouxe para comandar o futebol, já como presidente, pessoas que fazem oposição aos “cardeais”, como Thiago Passos, que veio da Assoremo?

Porque deixei em aberto para quem quisesse ser diretor e estivesse disposto a se doar pelo clube, independentemente de ser ou não oposição, já que viso uma administração aberta.

Por tudo que você acompanhou até hoje do futebol do Remo, se tivesse que assumir o clube novamente, contrataria um técnico local para comandar o time?

Nós temos técnicos competentes mas, infelizmente, há uma desvalorização grande em relação a eles. Quando o time começa a perder, o primeiro a entrar na roda é o técnico, ainda mais se for local.

Vou lhe ser sincero: Penso que se esses “cardeais” não se afastarem do Remo, o clube voltará ao fundo do poço. Uma frase sua justifica o meu pensamento, a quando de sua chegada ao Remo e tomar conhecimento da atual situação do clube: “Meu Deus, o que fizeram com o Remo!”. Você concorda?

Primeiro, não os vejo só como “cardeais”, mas sim como pessoas que dedicaram uma parte de suas vidas ao clube. Tenho o maior respeito e admiração por eles. Não posso atribuir a eles a depreciação do clube.

Diga, por favor, como recebeu o Remo?

Infelizmente, o futebol é o que sustenta todas as outras modalidades e, por isso, fica quase impossível fazer uma boa administração.

Por tudo o que viu da situação do Remo, ao chegar no clube, avalia – como muitos torcedores – que tem gente que diz amar o clube, mas não teve, quando estava no poder, atitudes de quem ama?

Sim, com certeza, mas prefiro olhar para a frente e fazer a minha parte.

Os “cardeais” estavam no comando do futebol, quando o técnico Paulo Comelli disse em uma entrevista: “Nunca vi isso nos times por onde passei: diretor pedindo o cartão de crédito do outro pra comprar as coisas para dentro do clube”. O que você pensa desse tipo de administração? A sua é diferente?

Não é certo, mas muitas vezes o clube não tem recursos, a não ser os que vêm do futebol e isso se torna muitas vezes comum no meio, o que de fato até hoje acontece.

Dá para perceber nos torcedores a gratidão que eles têm por você, por tudo que vem fazendo pelo clube, na parte administrativa, mas o criticam pelo que fez no futebol. É difícil ser presidente sem se meter no futebol (montagem de elenco, escalação do time, contratação de técnico, etc.)?

É impossível o presidente não se meter.

No ano passado, você passou por maus momentos ao ficar de fora da Série D. Como foi acordar um dia após a vaga já estar garantida na Série D 2014?

Sensação de tranquilidade e uma parte do dever cumprido.

Qual a avaliação que você faz dos seus diretores Thiago Passos, Emerson Dias e Henrique Custódio?

Todos têm me ajudado o máximo possível.

Concorda que, para o bem do Remo, o novo presidente, caso você não venha para uma reeleição, teria que ser da Assoremo e com perfil jovem? Como você vê isso? Aliás, em um percentual de 0 a 100, qual a probabilidade de você disputar a reeleição?

Primeiro, o candidato tem que ter prestígio, credibilidade e comprometimento. Quanto à idade, depende. A probabilidade de reeleição, por enquanto, é zero.

A ideia sua de ser técnico do Remo levantou uma suspeita nos torcedores quanto à misteriosa pessoa que falava com o Charles Guerreiro ao celular nos jogos. Era você, presidente?

Não.

Todos sabem que conseguir a vaga na Série D é só o primeiro passo para que o Remo não fique sem série. O próximo passo será ascender à Série C, caso contrário tudo volta a ser como antes. O que fazer, já que o Roberto Fernandes não ficará? Contratar um bom técnico ou um técnico local? Dispensar e/ou contratar jogadores? O que pensa para levar o clube ao acesso?

Em primeiro lugar, formar um time competitivo. Em segundo, planejar a Série D. Depois, conquistar esse título. Sobre o técnico, o Roberto Fernandes não está descartado. É uma questão de tempo e conversa.

Você já se imagina dando o acesso ao Remo para ser considerado, ao final do seu mandato, como o melhor presidente da história do clube – ou, pelo menos, dos últimos 50 anos?

Minha última preocupação é essa. Minha meta é colocar o Remo no lugar que ele merece. É um desejo, acima de tudo, de torcedor.

O seu primo, Paulo Wilson, faz um bom trabalho à frente da base do Remo, com os demais diretores e o coordenador técnico Valter Lima, mas apesar desse bom trabalho, o clube continua perdendo muitos jogadores. Por quê?

Primeiro, o assédio é muito grande. Depois, porque precisa ser trabalhada um pouco mais essa visão da valorização desses profissionais e as oportunidades dadas a eles, aspecto que realmente tem deixado a desejar.

Jornalistas perguntam e eu, como torcedor, vou perguntar também: presidente, o Remo já tem quantos jogadores contratados para a Série D? Poderia mandar uma ou duas contratações já certas aqui, de prima? Qual o técnico de sua preferência para a Série D?

Sim. Robinho é um deles. O Roberto Fernandes tem minha preferência.

Você, em entrevista, disse que gosta de ser chamado de Zeca Pirão. Por que “Pirão”, presidente?

Porque é um apelido que meu pai me deu quando criança, pelo simples fato de comer muito pirão.

Qual a mensagem que o senhor deixa para a grande nação azulina, que está junto com você nessa dura caminhada rumo ao acesso à Série C?

Que acredite no trabalho. Que tenha fé em Deus que o nosso clube vai chegar ao lugar que merece.

Por Cláudio Santos, Blog do Gerson Nogueira, 21/05/2014