Faltam 15 minutos para terminar o jogo. Se o seu time está jogando contra o Remo, mesmo estando vencendo, preparese para o pior. É a partir dos 30 minutos do segundo tempo que o Leão Azul tem marcado 25% de seus gols, conseguindo vitórias ou evitando derrotas de forma dramática. Resultados que vão mantendo o time vivo no segundo turno do Parazão.
Bom preparo físico e emocional, revezamento entre os atletas, apoio da torcida. As explicações são diversas. O fato é que, nesta temporada, o Remo jogou 18 partidas, marcando 31 gols, 15 no segundo tempo e 7 após os 30 minutos da etapa final. Val Barreto, Leandro Cearense, Paulista, Branco, Thiago Galhardo e Zé Antônio foram os algozes dos adversários nos minutos finais. O “Valotelli” marcou duas vezes nessas circunstâncias.
O técnico do Águia, João Galvão, já havia detectado essa característica letal do adversário, mas não conseguiu evitar a derrota por 1 a 0 nas mesmas circunstâncias para o Remo, na última rodada da fase classificatória do returno. “Ouvi algumas pessoas falando que o Remo está demonstrando cansaço nos finais dos jogos. Que cansaço é este do Remo, se o time marca tantos gols e consegue as vitórias no segundo tempo?”, indagou, antes do confronto entre os times.
Para o técnico Flávio Araújo, o Remo tem demonstrado um “poder de reação” indiscutível em vário jogos. “No primeiro turno, quando fizemos uma campanha quase perfeita, o time jogava com garra e determinação do primeiro ao último minuto. Sofremos uma queda no meio do segundo turno, mas agora as coisas estão voltando ao normal. A vitória sobre o Águia, conquistada nos acréscimos, e a busca pelo empate até o fim do jogo contra o Flamengo (RJ) provaram isso”, comentou o treinador.
Araújo atribui ao trabalho global da comissão técnica, dos jogadores e até da torcida o fato de a equipe não desistir nunca de buscar o que resultado que interessa no momento. “Nós estamos procurando administrar da melhor forma possível o desgaste do time para os jogadores cheguem em boas condições físicas à etapa decisiva do Estadual”, disse.
“Se coloco o Val Barreto desde o início, com todo mundo fresquinho, é uma coisa. Se coloco ele no segundo tempo, com o pessoal mais cansado, é outra”, acrescentou, explicando o motivo pelo qual Val Barreto tem entrado na etapa final para decidir algumas partidas.
As vitórias no sufoco preocupam vários jogadores remistas. O goleiro Fabiano é um deles. Ele diz que o Remo “descobriu o seu poder de reação”, após os 2 a 1 no Paysandu, mas entende que a equipe está correndo muitos riscos. “O Flávio (Araújo) já nos reuniu para dizer para não contarmos sempre com os gols salvadores no fim. Agora, são só jogos decisivos, não podemos sair atrás sempre porque vai chegar uma hora em que não conseguiremos virar e aí será fatal”, acrescentou Fabiano.
Outro fator de preocupação para os remistas é o fato do time também já ter sofrido gols nos últimos minutos de alguns jogos. O mais doloroso deles foi justamente o gol marcado por Raul, aos 43 do segundo tempo da decisão do primeiro turno, quando o Leão acabou perdendo o título a poucos minutos do final da partida.
Gols marcados nos últimos 10 minutos
Remo 2×0 Tuna Luso (2ª rodada do 1º turno)
Val Berreto, aos 47′ do 2º tempo
Remo 2×1 Paysandu (4ª rodada do 1º turno)
Leandro Cearense, aos 41′ do 2º tempo
Remo 2×0 Paragominas (Semifinal do 1º turno)
Paulista, aos 35′ do 2º tempo
Remo 1×1 Paysandu (Jogo de ida da final do 1º turno)
Zé Antônio, aos 46′ do 2º tempo
Remo 1×0 Tuna Luso (2ª rodada do 2º turno)
Thiago Galhardo, aos 35′ do 2º tempo
Remo 1×3 Paysandu (4ª rodada do 2º turno)
Branco, aos 38′ do 2º tempo
Remo 1×0 Águia (7ª rodada do 2º turno)
Val Barreto, aos 46′ do 2º tempo
O Liberal, 07/04/2013
