Clube do Remo, campeão brasileiro da Série C 2005
Clube do Remo, campeão brasileiro da Série C 2005

O ano de 2005 foi especial para os torcedores do Remo. Além de completar 100 anos, o Leão Azul paraense conseguia aquela que foi a sua maior conquista: o título de campeão brasileiro da Série C. Os gols marcados por Maurílio e Capitão na final diante do Novo Hamburgo (RS) completam 8 anos nesta quarta-feira.

O Remo começava a sua caminhada na Série C de 2005 após o rebaixamento na Segundona do ano anterior. Vendo o maior rival garantir o título do Campeonato Paraense, o torcedor ficou ressabiado quanto a participação na competição nacional, principalmente depois do empate na estreia por 2 a 2, fora de casa, com o modesto São Raimundo (RR), que levou à demissão do técnico Valter Lima, hoje coordenador das categorias de base do clube, para a chegada de Roberval Davino.

No jogo seguinte, vitória por 2 a 1 diante do Abaeté e o retorno da confiança. No total, disputando a Primeira Fase do torneio, o Remo conquistou dois empates e quatro vitórias. A partir dali, o Leão se preparava para a fase de mata-mata e logo no primeiro confronto contra o Tocantinópolis (TO), o baque: derrota por 2 a 0. Restava ao time vencer por três gols de diferença em Belém para seguir na busca pelo título.

Mas o Remo tinha uma “carta na manga”. No dia 18/09/2005, a torcida azulina lotou as arquibancadas do Mangueirão e nascia ali o apelido de Fenômeno Azul, essencial para carregar a equipe para a classificação suada, sofrida e emocionante, o conhecido “teste para cardíaco”, como lembra bem Raphael Levy, presidente do clube na época. Para ele, aquela inesquecível vitória por 4 a 1 era a certeza de que o futuro reservava mais surpresas.

“Durante a campanha, algumas coisas me levaram a acreditar no sucesso na Série C e aquela ‘final’ contra o Tocantinópolis (TO) foi a minha certeza do título. O Remo precisava vencer por três gols de diferença, mas eram quase 40 minutos e estávamos apenas com 2 a 1 no placar. Até que o Magrão deu aquele chute e a bola bateu na barriga de alguém: 3 a 1. Aí aconteceu o pênalti. O Osny deixou os 40 mil torcedores do Mangueirão e eu naquele suspense, bateu e fez o gol. A partir daquele jogo, não tinha para mais ninguém, o título era nosso”, lembra.

Vieram mais quatro jogos eliminatórios, e o Remo teve forças suficientes para passar por Abaeté e Nacional (AM). Na fase final, quatro times disputavam duas vagas em sistema de pontos corridos. Nas cinco primeiras rodadas, o Leão conquistou duas vitórias, um empate e duas derrotas. Para conseguir o acesso, precisava vencer o Novo Hamburgo (RS). Já se quisesse conquistar o título, além de garantir a vitória, precisava torcer por um empate entre Ipatinga (MG) e América (RN).

No final, tudo deu certo. O Remo venceu o Novo Hamburgo (RS) por 2 a 1, dentro do estádio Santa Rosa, com gols de Capitão, aos 2′, e Maurílio, aos 29′, enquanto que, com 34 minutos de bola rolando, Luis Gustavo descontou para o time gaúcho, com todos os gols sendo marcados no segundo tempo. No outro jogo, mineiros e potiguares não saíram do 0 a 0.

Festa no Rio Grande do Sul dos jogadores, comissão técnica e dirigentes, enquanto que, em Belém, um mar azul marinho comemorava o primeiro título nacional do clube. Torcida essa que ajudou o Remo a ter a maior média de público de todas as séries do Brasileiro em 2005, com 34.728 torcedores por partida.

“Infelizmente, os exemplos que deixamos naquela campanha foram esquecidos nos anos seguintes. Deixaram de pensar grande, fazer do Mangueirão a casa do Remo, mesclando jogadores locais com atletas escolhidos a dedo do futebol nacional. Nós tínhamos uma participação permanente da diretoria no Baenão atendendo a necessidade dos jogadores. Naquele ano foi formada uma parceria entre dirigentes, jogadores e torcida. Isso foi deixado de lado e outros caminhos levaram aos insucessos. Aquela foi a última grande alegria do nosso torcedor, que hoje infelizmente não tem o que comemorar”, desabafa Levy.

A campanha do título remista

Primeira Fase – Grupo 3

31/07 – São Raimundo-RR 2×2 Remo
07/08 – Remo 2×1 Abaeté
14/08 – Remo 3×2 São José-AP
21/08 – São José-AP 1×1 Remo
27/08 – Abaeté 1×2 Remo
03/09 – Remo 4×0 São Raimundo-RR

Fases Eliminatórias

11/09 – Tocantinópolis-TO 2×0 Remo
18/09 – Remo 4×1 Tocantinópolis-TO
25/09 – Remo 1×1 Abaeté
02/10 – Abaeté 2×3 Remo
08/10 – Nacional-AM 0x2 Remo
16/10 – Remo 0x1 Nacional-AM

Quadrangular Final

22/10 – Remo 1×0 Novo Hamburgo-RS
29/10 – Ipatinga-MG 1×0 Remo
02/11 – América-RN 1×0 Remo
06/11 – Remo 2×0 América-RN
13/11 – Remo 2×2 Ipatinga-MG
20/11 – Novo Hamburgo-RS 1×2 Remo

Ficha Técnica – Novo Hamburgo 1×2 Clube do Remo

Local: Estádio Santa Rosa (Novo Hamburgo-RS)
Árbitro: Djalma José Beltrami (RJ)
Gols: Capitão aos 2 minutos, Maurílio aos 29 minutos e Luis Gustavo (pênalti) aos 34 minutos, todos do segundo tempo.

Novo Hamburgo: Luciano; Sidiney, Dias e William; Rafael, Emerson, Pedro Ayub, Preto e Gerson (Valdinei); Luiz Gustavo e Flaviano (Duda). Técnico: Gilmar Irse.

Remo: Rafael; Marquinhos, Magrão, Carlinhos e Eduardo (Sérgio); Márcio Belém, Serginho, Maurílio e Geraldo (Capitão); Landu e Douglas Richard (Ailton). Técnico: Roberval Davino.

Globo Esporte.com, 20/11/2013