Alcebíades Maroja
Alcebíades Maroja

“Tenho o sangue de um grande remista”, é como Alcebíades Maroja, coronel militar aposentado, de 49 anos, se define. Ele é um dos 4 candidatos à presidência do Remo para o ano de 2016, e disputará a eleição do próximo sábado pela Chapa 10, intitulada “Feliz Remo Novo”, tendo como vice o advogado Cláudio Pontes.

Colaborador direto do clube na década de 1990, Maroja foi diretor de estádio e de segurança no ano passado, ainda na gestão de Pedro Minowa. O candidato avalia que o Remo precisa encontrar um equilíbrio administrativo para conseguir resultados imediatos no futebol profissional. Aliás, ele afirmou que as prioridades do seu curto mandato serão as conquista do Campeonato Paraense, Copa Verde, e o acesso à Série B do Brasileirão.

Confira, abaixo, uma entrevista com Alcebíades Maroja que, entre outras propostas, promete transparência, profissionalismo e resgate da credibilidade do Remo. Se eleito, promete fazer uma sindicância para saber a real situação financeira azulina e quer a criação de um fundo de reserva de 10% de toda a arrecadação do clube.

Qual o motivo que levou você a se candidatar à presidência do Remo?

Acredito que temos excelentes profissionais ao nosso lado. O Remo precisa, em primeiro lugar, de transparência, colocar profissionalismo na sua gestão, não exclusivamente no futebol, mas como um todo. Na parte financeira, contábil, no marketing, no Nação Azul. Nos reunimos e formamos uma equipe com ideias, propostas e projetos de gestão. Por amor, não havia condições, falo por mim, de uma dedicação ao Remo em tempo integral por causa do meu trabalho, então pedi a minha aposentadoria. Hoje, posso me dedicar exclusivamente ao Remo.

Você sabe qual a real situação do clube hoje?

O que acontece não vem de hoje, existe uma inviabilidade de gestão. Queremos colocar o Remo em uma situação de equilíbrio econômico para que ele possa, pelo menos, concluir uma temporada com equilíbrio nas suas contas. O Remo não tem balancete desde o inicio de 2000, não se sabe hoje quem é o passivo, quem é o ativo nas contas. O primeiro passo é fazer uma auditoria. O segundo é identificar as falhas, elas precisam ser apuradas. Não existe caça às bruxas, ate porque todos que passaram aqui, isso é um pensamento meu, deram seu sangue, sua vida por amor ao Remo, mas se houve erros, eles têm que ser apurados. Nós faremos algumas sindicâncias, falo do estádio, dos R$ 423 mil (que foram levados no assalto à sede), do que não foi depositado de INSS, FGTS, que se tornou um crime federal.

Você tem noção, especificamente, da situação financeira do Remo?

A informação que nós temos é que o Remo pagou a metade do salário de setembro ao elenco de futebol. Nós não temos informações concretas sobre absolutamente nada. Inclusive, deixo aqui que ocorreu uma reunião com os pré-candidatos e o (presidente interino) Manoel Ribeiro, que se colocou aberto para qualquer informação, mas nós estamos tendo extrema dificuldade de conseguir isso. A situação financeira e econômica está difícil. Peço que a diretoria interina se empenhe, entregue e preste contas da receita, que faça um balanço da gestão. O problema financeiro existe em parte pelo descontrole. O Remo não tem um balanço, não sabem quanto se arrecada e gasta. Não existe prestação de contas.

A partir desta sindicância que você promete, quais as suas metas para o clube?

Minhas metas são todas voltadas para o acesso à Série B. Nessa primeira fase da temporada, temos 3 competições importantes – Campeonato Paraense, Copa Verde e Copa do Brasil. Já pensou o quanto de patrocínio o Remo pode conseguir disputando um campeonato internacional, como a Copa Sul-Americana, a visibilidade que isso ira ter? É prioridade, de início, as conquistas da Copa Verde e o Parazão. Na segunda etapa, nossa meta é só uma: o acesso. Nós faremos o que for possível dentro da nossa administração para que o Remo avance à Série B.

Nas suas propostas, você fala bastante de profissionalismo e transparência, mas como, na prática, isso funcionaria?

O Remo, quando chega no final do ano, é um “Deus nos acuda”. Não tem dinheiro para salários de outubro, não tem para metade de setembro, não tem dinheiro para 13º e inicia janeiro buscando antecipar parcelas de patrocínio. O Remo tem uma renda e receita grandes, isso vai ficar fixado no portal da transparência para qualquer remista possa ter acesso. Com isso, a transparência e o profissionalismo do clube irão voltar. Transparência, profissionalismo e credibilidade.

Ainda falando das suas propostas, chama a atenção a criação de um fundo de reserva de 10% da receita do Remo no ano. Isso é possível?

Se nós conseguirmos, dentro da receita líquida do Remo, tirando os bloqueios de renda e pagamento de impostos, reservar 10% de toda essa arrecadação com aluguel, bilheteria, sócio-torcedor, sócio-proprietário, enfim, montaríamos um fundo de reserva financeiro para viabilizar esse período em que o Remo estará sem competições, o pagamento dos funcionários que fazem o Remo funcionar e dos jogadores que vão continuar no plantel. Para isso, tem que ter uma disciplina fora do comum e isso, posso garantir que tenho. Vamos criar um escritório ligado ao marketing para captar recursos e criar projetos, buscando parceiros não só na esfera pública, como também na privada e corporativa, viabilizando a estrutura financeira do clube.

O Baenão não está apto para receber jogos oficiais. Qual o seu projeto para o estádio, especificamente, neste ano?

Em 10 meses, é impossível dizer que vou levantar tudo. Existem algumas pessoas que estão dizendo que tem R$ 3 milhões para colocar lá. Vai ser feita uma perícia técnica para se calcular o prejuízo ocasionado pela derrubada que fizeram no estádio. Vai ser verificado, dentro de uma sindicância, quanto foi arrecadado com a venda de cadeiras e camarotes. Vamos fazer essa sindicância e ajuizar uma ação para que o responsável devolva o patrimônio derrubado. Vamos buscar parceiros, mostrar a visibilidade que o Baenão oferece para quem aceitar reconstruir o estádio. Temos parceiros em mente, mas não podemos divulgar ainda.

Você pretende manter a comissão técnica e elenco que foram contratados pela atual diretoria?

Vamos ter que manter. Não sou irresponsável, foram firmados contratos. Preciso acreditar nas pessoas que estão lá, acho que o Remo está com um time viável para esse Campeonato (Paraense) que vamos disputar. Só peço que deixem um espaço no limite do orçamento para a contratação de 2 ou 3 jogadores, caso o Remo necessite de reforços pontuais para o desenrolar do campeonato.

Qual motivo para que não se chegasse a um consenso, uma união de chapas e ideias?

Tentamos unir as chapas. O Remo tem que ser pensado como empresa e os melhores profissionais têm que ocupar os devidos cargos, toda ajuda será bem vinda. A união que prego e peço é primeiro em prol da democracia. Em segundo lugar, definido o presidente, que todos sejam unidos em prol do Remo. Têm excelentes profissionais nas outras chapas e vou adiantar uma coisa: se eleito, pretendo convidar algumas pessoas de lá para compor a nossa, por amor ao Remo. Não sei se aceitarão. O que vale mais: o amor ao clube ou o poder? Se for o clube, independente de quem ganhe, as ajudas virão. Se for pelo poder, a situação muda. Não acreditaria em uma diretoria que diluísse os cargos em um grande balcão de negócios. O Remo tem metas e precisam ser cumpridas. Nós temos essas metas, projetos e soluções.

Globo Esporte.com, 19/01/2016