Eleições
Eleições

A 24 horas da eleição que deveria servir para botar o clube nos trilhos, o Remo se encontra mergulhado em uma crise sem precedentes. Muito mais grave que a baixaria que domina a campanha eleitoral é a percepção, cada vez mais clara, de que a centenária agremiação de Evandro Almeida perdeu suas referências políticas.

Houve um tempo em que as campanhas eram igualmente baixas e inflamadas, mas sempre havia um grupo de grandes nomes, que se encarregava de apagar as labaredas e cuidava de restaurar a normalidade.

Isso não existe mais.

O Remo de hoje, prestes a realizar sua primeira eleição direta, está rachado pelo antagonismo feroz entre duas chapas que não representam o conjunto de associados e, obviamente, estão longe de preencher os anseios da imensa legião de torcedores.

Na prática, mesmo que isto não seja dito em voz alta, é uma disputa entre candidatos de grupos emergentes na estrutura do clube. E aí o cidadão mais distraído com o rumo da prosa há de perguntar: onde estão os verdadeiros segmentos políticos remistas? Aparentemente, estão desinteressados da refrega eleitoral e se limitam a acompanhar de longe o tormentoso processo.

A nostalgia é inevitável. Em outros tempos, grandes beneméritos já teriam se movimentado para assumir as rédeas do processo, aplacando as iras e puxando as orelhas dos mais exaltados.

Os últimos lances da campanha têm sido bem reveladores da ausência de uma instância maior no clube, capaz de exercer o papel de reserva moral, acima das disputas entre chapas. Longe de buscarem meios para ajudar a reerguer a instituição, os dois lados se empenham em um confronto sangrento, com golpes baixos e que ameaçam a governabilidade do vencedor da eleição.

Denúncias de irregularidades na lista de votantes ampliam o repertório de problemas de uma eleição que foi impugnada da primeira vez, há um mês, por erros primários na organização da votação. A ação judicial que denuncia a ilegalidade de novos sócios, movida pela oposição, pode tornar até sem valor a eleição de amanhã, 13/12.

Depois de tanto esforço para eleger seu novo presidente, o Remo pode ter a frustração de vir a conhecer o novo mandatário pela via judicial. Além das incertezas que a situação provoca, há a questão prática de que o planejamento do futebol para 2015 está seriamente afetado pelo retardamento da eleição.

Sem técnico e com elenco reduzido, o Remo corre o sério risco de chegar ao campeonato estadual – sua primeira competição em 2015 – sem um time pronto para estrear. Alguém precisa se preocupar com isso.

Blog do Gerson Nogueira, 12/12/2014