Cacaio orienta os jogadores antes de iniciar o treino
Cacaio orienta os jogadores antes de iniciar o treino

O último técnico “nativo” a dirigir o Remo foi Charles Guerreiro, no ano passado. Ele montou o time que acabaria campeão paraense da temporada. Depois dele, Agnaldo de Jesus também comandou o time interinamente, tendo o mérito de lançar Rony entre os titulares. É quase certo que, se dependesse de técnicos “forasteiros”, o atacante revelado no próprio clube não teria a menor chance de aproveitamento.

Cacaio é a bola da vez. Depois de uma jornada tortuosa no primeiro trimestre do ano, o Remo modifica seu planejamento inicial e parte para uma aposta desesperada na mão-de-obra local. A opção pode dar certo, mas depende de uma série de fatores.

Zé Teodoro caiu porque fracassou na tarefa de montar um time competitivo. Teve quase todos os seus pedidos de contratação atendidos, mas não chegou nem perto de dar entrosamento básico à equipe.

Acumulou até bons resultados, mas obtidos com atuações pouco confiáveis. Estava sem perder há 9 jogos quando encarou o primeiro clássico no campeonato. O desempenho foi pífio. Mais que a derrota, pesou na avaliação de seu trabalho o comportamento acovardado diante do maior rival.

O Remo parecia um time pequeno, assustado com a postura agressiva do adversário. Levou um gol logo no segundo minuto de jogo e passou o resto do tempo correndo atrás do prejuízo, defendendo-se das investidas inimigas, sem jamais tomar a iniciativa de reverter a situação.

Cacaio chega para mudar esse cenário. Já enfrenta, de cara, a perda de um atacante. Flávio Caça-Rato recolheu material e deve deixar o clube. Não fez boas atuações, mas não pode ser crucificado, pois pouquíssimos jogadores escaparam à instabilidade do time.

Para o confronto com o Atlético (PR), amanhã, terá que montar uma estratégia de emergência. É provável que mantenha a base da escalação do Re-Pa, com o retorno de Rony ao ataque. No meio-campo, há pouco a fazer, pois Dadá, Alberto e Eduardo Ramos são titulares incontestáveis.

O grande drama está localizado na defesa, transformada em buraco negro do time. A ausência do titular Max tornou o setor ainda mais vulnerável do que antes, como ficou patente no jogo de domingo (29/03). Ciro Sena e Igor João são os titulares, mas não será surpresa se Cacaio optar por Yan.

Depois do Furacão, virá a tempestade no deserto. Sem tempo para respirar, Cacaio sairá da Copa do Brasil e entrará na semifinal da Copa Verde. Novo duelo com o Paysandu. Jogo de alto risco, que pode conduzir à redenção perante a torcida ou afundar de vez na desesperança.

Para chegar bem ao clássico, o Remo precisará passar com sucesso pelo Atlético (PR). Um novo tropeço afetaria o moral da tropa e abateria ainda mais o time para a batalha decisiva pela Copa regional. O elenco está enfraquecido, faltam peças para alguns setores e não há como reforçar mais a essa altura.

Quando aceitou a missão, Cacaio sabia de tudo isso. Mostrou determinação e coragem em abraçar o maior desafio da carreira. Ídolo na Curuzu e ex-atleta do próprio Remo, vem obtendo bons resultados à frente de equipes medianas – Cametá, Paragominas, Tuna. Conhece bem a realidade, as manhas e os atalhos do futebol local. Foi contratado justamente por isso.

É possível que Cacaio obtenha êxito, mas precisará de apoio dos dirigentes, compreensão da torcida e sorte, muita sorte.

Blog do Gerson Nogueira, 01/04/2015