Arena Baenão
Arena Baenão

Há 30 dias, o arquiteto Aurélio Meira teve uma espécie de “insight”. “Em cada atividade profissional, quando você menos espera, surge algo que te inspira, certa intuição. Na vida da gente, acho que isso acontece demais, principalmente, quando é algo para o bem”, diz ele. Do “insight” de Aurélio Meira, surgiu um dos projetos mais ousados para uma das grandes paixões do arquiteto: o Clube do Remo. “Sou um azulino fervoroso”, confessa. Aurélio projetou um novo estádio para o seu clube do coração, que já está sendo chamado de “Arena Baenão”.

Na última terça-feira (03/09), o arquiteto expôs o projeto para sócios, conselheiros, beneméritos e diretores, que lotaram o salão nobre da sede social azulina e se emocionaram com o que viram.

Muitas palmas e o hino do clube puderam ser ouvidos na sede social do Leão, logo após a apresentação das imagens de como estádio irá ficar. “Acendeu a paixão no coração de todo o torcedor azulino”, afirma Meira. Mas o que irá mudar até o dia 12/01, dia da estreia do Remo no Campeonato Paraense de 2014, data que a diretoria do Remo garante que irá entregar a obra pronta?

Segundo o arquiteto, a obra segue um cronograma de construções por etapas, além de um planejamento financeiro. A primeira ação é a mudança total das laterais do estádio, onde ficam as cadeiras vips, cabines de imprensa e o local destinados aos sócios torcedores. A reforma nas arquibancadas, porém, demorará mais tempo.

“Não adianta pensar o Baenão de uma forma macro de imediato. Primeiramente, virão as cadeiras vips, em seguida, vamos contemplar a área dos jornalistas, dando maior conforto para esses profissionais; depois o sócio-torcedor; e, ao final, a complementação do total do restante estádio”, explica.

Recursos dependem dos torcedores

Para o plano do arquiteto Aurélio Meira para o Baenão virar realidade, não é simples. O Clube do Remo está apostando na paixão de sua torcida para realizar as obras.

“Pelas dificuldades que todo grande clube do Brasil passa, como problemas na Justiça do Trabalho, foi feito um estudo. A diretoria está pensando nas inserções que vamos fazer, onde a gente tenha garantido o PIB (Produto Interno Bruto) do clube para financiar o estádio”, revela Meira.

Em outras palavras, a “Arena Baenão” pode ser autofinanciada pelos próprios torcedores azulinos, em ato inédito na história do futebol. “É um projeto autossuficiente. No momento em que você negocia os espaços das cadeiras e camarotes, você está trazendo subsídios para realizar a obra. Nada foi efetivado antes de fazer um estudo econômico”, completa o arquiteto.

Ao todo, 1.872 cadeiras e 30 camarotes (de diferentes tamanhos e preços) foram disponibilizados para a venda. Os diretores do Leão preferiram não revelar o valor total da obra. Porém, segundo estimativas não-oficiais, o valor da reforma bate a casa dos R$ 2 milhões. Até a última sexta-feira, o Departamento Comercial do Remo informava que 100 cadeiras e 15 camarotes já haviam sido comprados. A expectativa é que o número cresça esta semana. De acordo com Stefani Henrique, diretor comercial, o Remo precisa de 900 cadeiras vendidas.

Em estimativa feita, acreditando na hipótese de que todos os camarotes e cadeiras sejam vendidos, o clube pode arrecadar mais de R$ 4,3 milhões. Ou seja, praticamente o dobro do custo estimado da obra.

“O que nós estamos gastando é na troca das ferragens, mas estamos conseguindo parcerias que estão reduzindo os custos. Não gostaria de entrar na questão de valores, mas garanto que está tudo sendo feito com o pé no chão. E mais: tudo nós vamos apresentar em nossas prestações de contas. O custo será em cima das vendas. Nós vamos fazer uma conta única de construção, que será fiscalizada pelo Condel”, garante Maurício Bororó, vice-presidente do Remo.

Ajuda da Ambev

A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) terá como responsabilidade a troca de todo o gramado e a colocação do vidro tipo “blindex” nos alambrados, substituindo as atuais grades de ferro.

Padrão Fifa

Os camarotes e as cadeiras do novo Baenão irão seguir as normas da Fifa, como a distância das escadas, a tipologia da cadeira, a altura do assento, o espaço para pessoas com necessidades especiais, assentos para obesos e saídas de emergências.

Descrição Física

No pavimento térreo do novo Baenão serão construídas 309 novas cadeiras vips, bar com 30 m², loja, lounge, sala multiuso e novos banheiros. No piso superior, serão mais 1.563 cadeiras vips, 18 lugares para cadeirantes e 12 para obesos. Em um terceiro andar, ainda inexistente, serão feitos 3 tipos de camarotes: de 7,4 m² (26 unidades), 15,2 m² (2 unidades) e de 30,8 m² (2 unidades).

Diário do Pará, 08/09/2013