Com o talento que tem, aos 32 anos, Régis poderia estar brilhando em um grande time europeu, muito rico. No entanto, se dá por feliz por estar no Remo, livre das urgências e precipitações que tanto prejudicaram a sua carreira.
Por ter um talento que desequilibra, Régis foi muito acionado ainda com lesão e entrou em um quadro de incapacidade muscular para sequência de jogos.
O Remo está dando o tempo e o tratamento que ele precisa para jogar, dentro das suas condições, entre uma volta e outra ao Núcleo Azulino de Saúde e Performance (NASP).
Régis está em Belém há 2 meses e meio, já participou de 7 jogos – totalizando 204 minutos em campo – e está valendo a pena, apesar das lesões recorrentes. Ele enriquece o time sempre que é acionado.
O meia está novamente na rotina dos tratamentos médicos, com a compreensão e o carinho da nação azulina.
Avanços
O futebol teve avanços enormes no amparo científico e tecnológico, qualidade dos treinamentos e outros fatores de melhora na performance. A medicina esportiva tornou simples algumas questões que eram complexas. A fisiologia otimizou os treinamentos.
Idade
Até os anos 80, jogadores que passassem dos 30 de idade já eram “veteranos”, tratados com preconceito. Agora, atletas na faixa dos 30 anos estão associando vitalidade à experiência, muito mais valorizados. Alguns, incluive, conseguem se manter em alta performance até depois dos 40 anos.
Treinos
O futebol foi muito influenciado pela ditadura militar, inclusive nos treinos físicos, que seguiam um padrão militar. À medida que profissionais especializados foram conquistando espaço, a fisiologia foi transformando os treinamentos, agora bem focados em individualidades.
Carreiras
No futebol da atualidade, as carreiras são mais sacrificantes, mas também mais longas. Sacrificam mais pela intensidade e pela frequência de jogos e viagens, mas em condições mais profissionais, muito mais dignas e muito bem remuneradas.
O que não mudou com o tempo foi o consumo de bebida alcoólica. As farras atuais podem ser mais reservadas, mas são igualmente exageradas. Não por acaso, os clubes estão cada dia mais vigilantes, monitorando-os inclusive no sono e impondo exigências de conduta profissional nas cláusulas contratuais.
É inegável, porém, o avanço de mentalidade. Se o futebol ainda tem os seus boêmios, também tem os bons exemplos de responsabilidade com o corpo. Os grandes atletas são cada dia mais esclarecidos e cercados de gente competente em seu staff próprio. Funcionam como verdadeiras empresas de futebol.
Responsabilidade
No comparativo com a realidade de 4 décadas atrás, os clubes também se tornaram muito mais responsáveis. O Remo deu prova disso no caso de Jaderson, na seriedade com que tratou o atleta depois do choque de cabeças com o bicolor Novillo, no primeiro Re-Pa da decisão estadual. Foi muito bem cuidado, com prioridade à saúde, afastando todos os riscos até a liberação para a rotina do futebol.
Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 21/06/2025