O Remo apresentou na manhã desta sexta-feira (26/09), Guto Ferreira como seu novo treinador para sequência da Série B do Brasileirão. O comandante já está com nome no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF e poderá estrear contra o CRB neste domingo (28/09), no Mangueirão, em compromisso da 29ª rodada.
O novo técnico azulino começou a coletiva falando sobre as primeiras impressões que teve do time, já que esteve presente no estádio Raulino de Oliveira e assistiu a derrota para o Volta Redonda (RJ), na partida anterior.
“Minha primeira intervenção mais direta com o grupo foi no pós-jogo, no vestiário. O que dizia é que existe a necessidade de mudança de comportamento, esse é o primeiro ponto, fazer com que mudem alguns comportamentos dentro da partida. Como? Exercitando nos treinamentos”, disse.
“Depois, lógico, é impossível conseguir mudar completamente o momento da equipe nessa primeira partida, com praticamente 2 dias (de treinamentos) de 20 minutos, digamos, com um trabalho um pouco mais leve, pois é impossível com você chegando de madrugada e com viagem longa, uma série de coisas, quando também tem que recuperar os jogadores, treinar de forma mais intensiva. Impossível”, completou.
“Tudo isso precisa ser colocado na balança. É muita informação e pouco tempo, acaba não sendo assimilado nada e, se não assimila, a falta de confiança na partida cresce. São poucas informações, mas são diretas e assertivas, a mudança de comportamento, buscar se superar”, apontou Guto.
Chamado de “Rei do acesso”, o técnico aceitou o convite do Remo pela possibilidade de conquistar mais um em sua carreira – seria o 5º acesso para a Série A. O treinador já atuou contra os azulinos em diversas oportunidades, sabe da força da torcida e acredita que o clube estar disposto a crescer.
Guto Ferreira falou sobre a motivação para aceitar o convite para assumir o Leão neste momento.
“Primeiro, a possibilidade de acesso. Nem sei se é primeiro ou se é segundo, porque ano passado assisti muitos jogos do Remo na Série C, vim jogar aqui e li o que jogadores de outros clubes, apareceu recentemente, falando da torcida, da Nação Azulina. Todo mundo quer trabalhar em um time com o perfil como esse, porque você não joga com 11, então isso também é uma situação importante”, afirmou.
“Acho que é um tiro curto, sim, mas é a possibilidade de coisas muito maiores. Você tem que sempre procurar aqueles clubes que querem crescer, que querem fazer melhor, melhor e melhor. Você não cresce a cada dia, são processos, mas quando se pensa grande, você tem que estar entre eles. Então é dessa maneira que optei por vir”, continuou.
Dessa vez, a missão de Guto não é tão simples de ser concluída, já que restam apenas 10 rodadas para o fim da Série B. Assumindo o Remo na 12ª colocação, com 39 pontos, estando 7 pontos abaixo do G4, o treinador indicou como pretende conduzir a equipe ao sucesso na reta final da competição.
“A questão do modelo de jogo, você pode, você tem que ter uma base inicial, sim. Ideias, agora, a hora que você aplica, na realidade, você vai vendo como é que flui ou não flui. Temos 10 jogos”, observou.
“Quando você está no momento de construção, se falta uma outra peça, como logo você vai buscar, a questão é o que colocou ou não colocou no jogo. O futebol moderno, costumo dizer, que ele caminha por uma realidade prática, parece que o futebol é igual. A diferença é que quando é igual, a cada tática, a cada defesa, você pode trabalhar, jogar mais, mas o que faz a diferença de uma maneira mais intensa no jogo são as transições. Quando você transita da defesa para a prática, você tende a ter uma certa facilidade para fazer o que mais importa para o outro. Agora, se a equipe adversária transita bem para a defensiva, aí você tem que ter o poder da construção para poder quebrar esse bloqueio. Se a marcação é alta para impedir você de sair de trás, você tem que ter também ferramentas de estrutura de jogo para também não correr esse limite. Aí, a estrutura é só uma estratégia e, para ter uma estratégia boa, você tem que ter as melhores características. Então, a busca é essa. Tem que ser uma descoberta rápida dentro do que a gente já estudou”, declarou.
O técnico enumerou mudanças que pensa para o time do Remo visando as 10 rodadas restantes da Série B do Brasileirão. Para ele, antes de qualquer coisa, o time precisa mudar de postura dentro de campo e recuperar a confiança.
“De uma maneira rápida, é a busca da mudança de comportamento. Tentar ser uma equipe mais agressiva, defensivamente e ofensivamente, movimentos diferentes, realmente. A gana, a vontade de vencer, a pressão sobre o adversário, isso temos que resgatar da equipe. Porque não preciso ensinar nada, já tenho. Se tenho certeza que a equipe se perdeu sob o comando do António (Oliveira), ela deve ter tido. Isso é meio que o DNA dela, lá no início da competição, era mais forte. Isso tem que ser a essência, essa gana de vencer tem que ser a essência, é a mentalidade. Por isso que falo que o torcedor ainda é muito importante para que essa confiança seja resgatada, com apoio é muito mais fácil se resgatar essa confiança”, falou.
Outra preocupação de Guto é em fazer do Leão um time mais coletivo, sem depender tanto de um único jogador que, neste caso, é o artilheiro Pedro Rocha, responsável por participação em 15 gols – 12 marcados e 3 assistências – dos 29 da equipe na Série B. Para o treinador, é preciso garantir que outros jogadores ajudem o atacante na busca por resultados positivos.
“Tudo que é positivo, tudo que impulsiona para as vitórias, conta e conta muito. A gente não pode viver só nos gols do Pedro Rocha, mas temos que ir junto a ele, trazer outros, até para que ele tenha a liberdade de, quando chegar, ele ter a tranquilidade de definir sem o peso de ter que ser o definidor. Então, temos que criar toda essa situação. Jogamos com 11. Ele é o finalizador, ele vive uma grande fase, excelente. Temos que ajudá-lo a seguir nessa fase e uma das ajudas é também os outros marcarem (gols), para que o adversário não se preocupe só com ele, se preocupe com os outros também e aí ele se destaca ainda mais”, observou.
A primeira aparição de Guto Ferreira a beira do gramado pelo Remo será neste domingo (28/09), às 18h, diante do CRB (AL), pela 29ª rodada da Série B – o primeiro de 10 desafios restantes para o fim da competição. Com a missão de voltar a vencer em casa após 2 meses, o técnico quer voltar a mostrar a força do time azulino como mandante.
“Se você pegar o início da competição, o Remo começou ganhando praticamente todas as partidas que jogava. Os adversários passaram a perceber, estudar mais o Remo e ver o que teria que jogar contra o Remo para que isso não acontecesse. Então, temos que mudar algumas coisas para poder transformar de novo esse caldeirão, de novo a nossa casa, em uma arma positiva, não em arma negativa. Então isso passa, sim, pela relação do torcedor com o jogador, principalmente nesse momento quando o jogador se sente inseguro. Uma coisa é você jogar com apoio, outra coisa é você jogar com crítica. É muito difícil jogar com crítica. ‘Ah, mas ele é jogador, ele é isso’. Ele é um ser humano e o ser humano, sob pressão, tem que ter muita força interior. Sobre o apoio, você tira coisas que você não imagina e nem ele imagina que pode. Então passa por isso. Passa também por questões estratégicas, de como enfrentar o adversário”, declarou.
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Acreditar faltando 10 rodadas
Quando você acredita, esse primeiro passo foi dado. Difícil? Sim. Está no meu controle total, não. Há um risco. Qual é o meu controle? Acreditar e trabalhar. Todo mundo junto, como o presidente (Tonhão) disse aqui, nessa união que existe, com essa torcida que pode fazer a diferença junto com a equipe de dentro de casa, já é um caminho muito importante ser continuo. Aí é o dia a dia, os ajustes que vão sendo feitos, à medida que o jogador vai tendo resultado, tendo confiança, ele retoma, cresce e os resultados começam a vir.
Embora a mudança tenha sido muito antes, o Criciúma (SC) é o time que, pegando o aproveitamento das últimas 12 rodadas ou, até a rodada passada, nas últimas 11, ele tinha um aproveitamento de 78% e venceu o último jogo. A tendência é ter aumentado esse percentual de aproveitamento. O que mudou? Os ajustes. Mudou o aproveitamento, aí os jogadores começaram a vir, o nível de confiança subiu. O espaço é curto? É, mas é possível. Como disse o presidente, ninguém jogou a toalha. É muito difícil, muito difícil, mas é possível! Então, se existe possibilidade, se é possível, vamos buscar ela.
Mentalidade do Remo
O principal fator é, como me foi passado, tudo que foi conversado, é como se pensa a grandeza do clube. Trabalhei em alguns projetos muito legais e que tinham essa mentalidade em um processo inicial de crescimento. A gente chega em 1997 na base do Internacional (RS), com o time totalmente sucateado. Em 97, começa a mudança que chega ao título mundial em 2006. Fizemos parte de todo esse processo. A Chapecoense (SC), na mão do (ex-presidente) Sandro Pallaoro, que infelizmente estava no acidente (áreo, em 2016), saí 4 meses antes.
Essa mentalidade de unidade, de entrosamento, a mentalidade vencedora de fazer sempre um pouco melhor. Fazer hoje, e sempre, um pouco melhor do que ontem. Na somatória desse pouco melhor, no final, ficou muito, muito, muito melhor e brigando por coisas gigantescas.
Recuperação do Sport (PE), recuperação do Bahia (BA), Ceará (CE), todos com essa mentalidade. Quando existe força nessa mentalidade, a coisa começa a crescer. Você vai errar? Vai. Faz parte do processo, mas a intenção, a busca de acertar e a continuidade, a resiliência de acertar faz com que dia a dia essa mentalidade, esse projeto cresça. Quero fazer parte desse crescimento.
Foco jogo a jogo
O foco é jogo a jogo. O foco é, em mim, de alguma maneira, vencer o jogo. Não importa se vamos jogar bem ou se vamos jogar mal, temos que trabalhar para conseguir a vitória. Para quê? Para que ela possa fortalecer a semana para buscar um outro resultado fora. Aí passa a ser o jogo mais importante e eu volto, aí o outro passa a ser o mais importante, e o outro passa a ser o mais importante… Na somatória de tudo isso, se Deus quiser e Ele quer, temos que querer muito, a gente vai pensar que está trabalhando tanto para chegar ao acesso.
Tamanho do desafio
É um grande desafio, sim. Já tive desafios parecidos, em 2022, no Coritiba (PR), na Série A. Conseguimos cumpri-lo, mas era para impedir o rebaixamento. Para impedir um rebaixamento, a pontuação é menor. Para se conseguir o acesso, a pontuação é maior. Só que uma equipe que você pega para evitar um rebaixamento, também está no nível mais baixo da equipe que você pega para lutar pelo acesso. São dificuldades um tanto parecidas, mas, cara, o que não é difícil no futebol? Me estimulo com meus desafios e acredito no que a gente faz. A gente só pode conseguir se acreditar e apostar, ter a coragem de ir para a luta e assim eu irei.
Motivação pessoal
O treinador, ele sobrevive e se move de vitórias. Cada vez que você ganha, você atingiu tudo que você gostava. A gente tem 4 acessos na Série B, Tem um acesso com o Mogi Mirim (SP), da Série D para a C, também. Por quê? Porque a gente acreditou que o trabalho fluiu e a gente conseguiu chegar. Sempre que você consegue realizar um feito, lógico que existe uma situação pessoal muito grande. Quando você passa a não conseguir, também a situação é grande. Então prefiro trabalhar e prefiro me mover, mas não pela frustração. Tenho o risco de ser frustrado? Tenho, mas tenho na minha cabeça, na minha mentalidade, brigar para poder ter essa satisfação do trabalho no meu setor.
O treinador tem estreia marcada para este domingo (28/09), às 18h, contra o CRB (AL), no Mangueirão.
Globo Esporte.com, 26/09/2025
Plantel nós temos,vejamos se o Professor traz consigo a “cereja do bolo”.