Dispensado pelo Remo, preparador de goleiros revela motivo da saída: “Catalá pediu”

O preparador de goleiros Juninho Macaé, que esteve em diversas comissões técnicas do Remo por quase 8 temporadas, falou sobre sua demissão do clube. Segundo ele, sua saída foi um pedido do técnico Ricardo Catalá.

O preparador relatou ainda seu descontentamento com a atual diretoria pela forma como estão gerenciando o clube, revelando que não participou das contratações de Marcelo Rangel e Léo Lang e que sequer foi consultado sobre os atletas.

Juninho Macaé exercia um papel importante com os goleiros no clube e era uma liderança forte dentro do vestiário remista. O último capitulo da sua história no Leão ocorreu na tarde desta segunda-feira (26/02).

“Não sei explicar os motivos da minha saída. Jogamos ontem (domingo) e hoje (segunda-feira) cheguei para dar o treino, me pediram para não pegar minhas roupas e que o (executivo Sérgio) Papellin queria conversar comigo. Fui até à sala e o Papellin e o Glauber (Gonçalves, vice-presidente) estavam lá. O executivo me disse que o treinador (Ricardo Catalá) pediu para me demitir. Estou bastante chateado com a forma que isso ocorreu, pois não estou no Remo há um ano. São 8 temporadas dando meu melhor para exigir ao máximo dos goleiros”, disse.

Macaé disse que sua relação com o técnico Ricardo Catalá ficou estremecida nesta segunda passagem do comandante pelo Baenão. O preparador revelou que não foi consultado por ninguém sobre as contratações dos novos goleiros e que as escolhas teriam sido impostas, sem conversas ou trocas de ideias.

“Ele (Catalá) não me falou nada sobre minha saída, ele nunca fala nada para ninguém, mas tivemos uma desavença. Ele trouxe goleiros sem falar comigo e isso nunca funcionou assim no clube. Disse a ele que respeitava suas escolhas, mas tinha que ser consultado”, reclamou.

“Ele se incomodava com meus treinos nessa temporada e questionava os motivos de não passar um treino diferenciado para determinados goleiros. Expliquei que essa era minha profissão e que isso vinha dando certo ao longo dos anos que estive no clube”, comentou.

Juninho Macaé falou da mudança de postura do técnico nas duas passagens do comandante no clube. Para Macaé, na primeira vez de Catalá no Remo, as coisas eram mais tranquilas, mas nessa segunda passagem, a postura foi autoritária.

“Ano passado, ele estava tranquilo. Não sei o que aconteceu, não sei se ele queria trazer um novo treinador de goleiros no início desse ano, mas nessa temporada, como não participei das contratações, achei estranho. Seguiu os meses sem me dar voz, em um trabalho bem específico”, contou.

O preparador de goleiros afirmou ainda que está chateado com a diretoria do Remo. Juninho agradeceu a oportunidade de defender o Leão por longos anos, mas questionou a forma como a direção vem trabalhando, deixando alguém que não conhece alguns fatores do clube, chegar e mandar na estrutura.

“No Remo, Vinícius sempre foi uma referência no clube e passou por momentos ruins. No final, o Catalá é quem decide tudo. Fiquei bastante chateado com a diretoria, fiquei decepcionado. Tudo bem que eles estão iniciando agora uma nova gestão, mas eles pregam tanto profissionalismo e ocorre esse tipo de situação”, criticou.

A escolha dos goleiros Marcelo Rangel e Léo Lang foi questionada por Juninho e isso não foi bem aceito por Catalá. De acordo com Juninho, o processo de escolha de um goleiro vai além e, particularmente, esta não era uma escolha comum, pois era uma escolha para substituir o ídolo de um clube.

“Perguntei os motivos das escolhas e talvez isso não tenha agradado ao Catalá, pois era assim que trabalhávamos no Remo por anos. Não indiquei, não participei das contratações do Marcelo e do Léo, que são excelentes goleiros, mas trazer um novo jogador para a posição e substituir o Vinícius, que é ídolo do clube, deveria ser ‘a’ escolha, ‘o’ goleiro”, apontou.

Perguntado se a amizade com o goleiro Vinícius e a não prorrogação do contrato com ele, foi um dos motivos de sua saída, Macaé disse não acreditar nisso, mas que se realmente foi por esse motivo, só resta lamentar.

“Sou muito amigo do Vinícius, mas sou amigo de todos os goleiros que passaram por aqui. Ele sempre correspondeu, ele foi profissional do início até o fim de seu contrato. Foi colocado de lado em um clube em que ele é ídolo. Se você ligar para qualquer goleiro, sempre fui igual com todos, tanto na parceria, quanto nas cobranças diárias nos treinos. É claro, estou com o Vinícius há 8 temporadas, lógico que a amizade cresce e isso é normal, mas não ao ponto de interferir em escolhas”, defendeu.

Macaé fez questão de agradecer aos torcedores, ao clube e acredita que essa sua saída é somente um “até breve”. O preparador de goleiros falou do carinho que recebeu dos torcedores nesses anos e vai ficar na torcida pelo sucesso do Remo, que ganhou mais um torcedor.

“Só tenho a agradecer por todos os momentos que vivi no Remo. Me sinto em casa e adotei Belém como cidade. Espero que o profissional que venha para o meu lugar seja um que brigue pelo clube, que tenha um espírito forte e vencedor. Deixo o Remo pela porta da frente. Sei do meu trabalho, do quanto me dediquei e sempre estarei na torcida pelo Remo”, concluiu.

O Liberal.com, 27/02/2024