Próximo das eleições, candidatos debatem futuro do Leão e venda do futebol para SAF

O momento no Remo é de análise de propostas para uma eleição que colocará no poder um presidente inédito na história de um clube centenário.

Um dos assuntos pertinentes nas rodas de conversas dos associados azulinos é a SAF (Sociedade Anônima do Futebol), que está cada vez mais presente nos clubes brasileiros.

A venda do futebol do clube ainda gera dúvidas em muitos, já em outros é a solução dos problemas financeiros e a busca por conquistas e mudança de patamar no cenário local e nacional.

Os 4 candidatos à eleição do Remo falaram sobre o tema e expuseram o que acham, qual o cenário e o estudo já feito, além de como irão trabalhar o assunto, caso vençam o pleito azulino, marcado para o dia 12/11.

A diretoria do Remo chegou a receber a proposta de uma SAF na temporada passada, no valor de 40 milhões de euros, cerca de R$ 210 milhões, do empresário Leandro Rodrigues, mas a cúpula azulina montou uma comissão de estudo no Condel e analisou de forma jurídica o assunto, chegando à conclusão que não seria o momento para o Remo tornar-se SAF e que não teria garantias jurídicas no processo, vetando a possibilidade do clube virar SAF.

Entre as opiniões dos candidatos ao pleito do Remo, algumas ideias em comum surgiram, outros apontam estudos já delineados por suas chapas, além de análises de mercado e mudanças de patamar no Brasileirão, já que o Remo se encontra na Série C.

Marco Antônio Pina, o “Magnata”, defende que o Remo vire SAF.

“Sou completamente a favor da SAF, mas penso que o momento não é para a SAF. Quando a SAF chegou ao Brasil, foi para socorrer os clubes que estavam à beira da falência. Agora, a SAF é uma realidade no mundo e no Brasil. Chegou há 2 anos e em Belém chegará também, mas primeiro o Remo precisa estar estruturado”, disse.

“O estatuto do clube precisa estar adequado, modernizado, para que uma futura proposta de SAF venha a ser analisada e viabilizada. O estatuto precisa passar por profundas reformas. Está no meu plano de gestão. Vamos sugerir ao Condel novo várias reformas estatutárias, pois o Remo terá muito trabalho, para implantar uma gestão profissional, caso não mude o seu estatuto”, completou Magnata.

“Vamos criar um grupo de estudo da presidência para uma possível SAF e sugerir que o Condel tenha uma comissão de estudos para fins de SAF. Até agora, nenhum investidor me procurou para tratar do assunto”, afirmou o candidato.

Renan Bezerra aguarda propostas, mas avalia que o momento atual do Remo não é para a SAF.

“Não existe sim ou não. Essa decisão depende da proposta que chegar, não posso dizer que sou a favor ou contra a SAF, pois é a proposta que vai determinar e o conjunto do clube vai decidir o caminho, não apenas o presidente. Isso é decisão que deve ser compartilhada com o conjunto do clube. Em nossa proposta de gestão, vamos estruturar todo o caminho para uma possível SAF e dividir o Remo praticamente em dois, que é o administrativo, financeiro e esportes olímpicos; e o futebol”, comentou.

“Tivemos esse cuidado na hora de projetar nosso modelo de gestão e do que estamos propondo ao nosso associado, que é uma possível venda para uma SAF. Importante dizer que o Remo joga um campeonato periférico à nível nacional, que é a Série C, e isso torna o clube desvalorizado no cenário nacional. Se estivéssemos na Série B ou A, teríamos condições de vender o futebol do clube por um valor bem mais interessante. Atlético (MG), Athletico (PR), o próprio Coritiba (PR), o Fortaleza (CE) também aprovou, mas tudo depende da proposta que chegar, mas atualmente, na Série C, na estrutura em que o Remo está hoje, é muito complicado o Remo tornar-se SAF”, opinou Bezerra.

“Precisamos entender a SAF não como alguns clubes no país têm entendido, que é uma solução financeira de curto prazo. Não é isso! A SAF é sociedade anônima, você abre o clube para investidores, que querem retornos. As coisas não funcionam de uma maneira tão simples assim como se ventila por aí. É uma decisão pautada em responsabilidade e não dá para tratar apenas como um sim ou não, mas é um movimento que veio com força no futebol brasileiro e a gente estrutura o nosso projeto para isso, para uma possível venda. Não neste momento de Série C, mas quando estiver um pouco mais valorizado”, apontou.

Tonhão informou que estudos foram realizados e que alguns modelos de SAF’s são interessantes.

“A chapa é a favor que se continue o estudo a respeito da SAF, encontrando o melhor caminho para o Clube do Remo. O clube já fez um estudo inicial de um diagnóstico, que está em uma segunda fase chamada de ‘modelagem’, sendo feita em parceria com o Banco Genial, para que possa ir ao mercado em busca de investidores que tenham um perfil que interesse ao Remo”, revelou.

“O modelo feito pelo Fortaleza (CE) agrada os integrantes da chapa. As etapas estão sendo vencidas e não é necessário ter pressa. O Clube do Remo, hoje, tem poucas dívidas à pagar. A chapa ‘Remo Mais Forte’ está tratando esse assunto com responsabilidade e, sem dúvida alguma, a proposta dessa chapa é finalizar o estudo de modelagem e ouvir as possíveis propostas para que possam ser avaliadas dentro do clube”, definiu.

Jader Gardeline acredita que o futebol azulino se torne SAF.

“Sou a favor da ideia e temos que preparar nosso clube para tal. Nunca entregaria o Remo para empresários por qualquer negócio. Tenho imensa responsabilidade com nosso patrimônio, associados e torcida. Precisamos nos profissionalizar, ser um clube com melhor posicionamento no futebol brasileiro. Aí sim, podemos estudar o modelo de SAF que seja vantajoso para o Remo. A meta é sermos vencedores”, falou.

“Nosso grupo de trabalho sobre gestão do futebol já vem analisando os vários modelos de negócios implantados pelo país e o modelo do Fortaleza (CE) nos agradou, o do Atlético (MG) também é interessante, mas o melhor exemplo de todos, sem dúvida, é o Botafogo (RJ), que é o atual líder da Série A e com voos maiores a serem alçados”, citou Gardeline.

“Esse debate deve acontecer com todos os poderes do clube. Vamos ganhar esta eleição para profissionalizar o Remo. Chega de fracassos com nosso futebol. Vamos apresentar proposta ao nosso Condel, efetivar os debates e propor o melhor negócio, que contenha uma nova ‘Arena Baenão’; um Centro de Treinamentos estruturado para a base, feminino e masculino profissional; revitalização total de nossos esportes olímpicos, como vôlei, basquete e futsal; nosso Museu Azulino; e reconstrução total de nossa Sede Náutica. A SAF só será interessante se o investimento inicial reconstruir todo o nosso clube”, encerrou.

O Liberal.com, 22/10/2023