Erick Cavalcante e Hélio Borges
Erick Cavalcante e Hélio Borges

Na quinta-feira (09/07), o Remo apresentou o centroavante Zé Carlos, como promessa de ser o novo “homem-gol” azulino.

A chegada de um jogador de 37 anos levantou algumas dúvidas no torcedor, ainda mais quando ele é apontado como a esperança de gol de seu time.

De acordo com o fisiologista do clube, Erick Cavalcante, os avanços científicos e nos métodos de trabalho, entre outros fatores, fizeram com que a longevidade dos atletas de futebol fosse ampliada. Ele falou desses avanços e dos trabalhos feitos hoje em dia no futebol profissional.

Com os avanços constantes da fisiologia e na preparação física, o trabalho com os atletas fica cada vez mais específico. Quais as particularidades dos trabalhos com aqueles mais veteranos, como o atacante Zé Carlos, de 37 anos?

Existe a individualidade biológica, que está pautada em sexo, força muscular, idade. Vamos perceber que, com o passar da idade há, obviamente, uma tendência a uma perda de força, mas isso vai depender dos treinos do atleta, da vida ativa dele e do esporte. Hoje, é mais comum a longevidade de atletas no futebol e a fisiologia auxilia muito. Conseguimos mensurar mais a pessoa para que ele possa ter sua ação no esporte com performance. Um atleta de 37 anos não treina como um de 20. Podemos aplicar outras cargas com metodologia para respeitar suas faixas etárias.

O quanto esse avanço científico tem de efeito na longevidade em alto nível dos atletas, em especial no futebol?

Hoje não depende somente da resposta subjetiva do atleta. Utilizamos frequencímetros (medidor de frequência cardíaca), uma gama de aparelhos para mensurar força, propensão à lesão, grau de desidratação, entre outras coisas. Isso nos dá a condição de avaliar melhor o atleta e aplicar as cargas específicas, no caso, o futebol. O avanço científico proporcionou uma melhor verificação das capacidades do atleta.

Esses avanços mudaram ou aumentaram o período de ápice físico dos atletas? Anteriormente, se dizia que dos 27 aos 29, o jogador do futebol estava no mais alto nível físico de sua carreira.

Isso não mudou muito. As respostas hormonais são as mesmas, as respostas de cargas de força são as mesmas. Entre 25 e 30 anos, há um conjunto de ganhos, de força à cognitiva, que ele aproveita melhor esse ganho de treinos. O que passamos a saber mais é como aplicar melhor essa força nesse período e tirar o máximo do atleta e evitando a lesão. O que mudou foi o aumento do tempo de vida ativa do atleta no esporte.

Diário do Pará, 11/07/2020