Sandicley Monte
Sandicley Monte

O retorno do futebol paraense tem sido discutido com mais afinco nas últimas semanas, mas um consenso parece cada vez mais longe de ser alcançado. Por causa da pandemia de Covid-19, um protocolo para que o Parazão seja retomado está em formulação e nesta terça-feira (02/06), em uma reunião por videoconferência, a comissão responsável por esse protocolo deve passar esse primeiro esboço aos presidentes dos clubes.

Na segunda-feira (01/06), alguns desses mesmos presidentes dos times que disputam o Parazão fizeram uma reunião prévia sobre o assunto. Do encontro virtual dos mandatários saiu a quase unanimidade de que a situação financeira será a principal preocupação, sem algumas definições quanto ao pagamento da conta de várias novas recomendações, como os exames periódicos e mudanças na estrutura dos clubes.

“Foi uma reunião interessante. A maioria dos clubes está muito preocupada com os custos do retorno do futebol. Ficamos de criar uma comissão entre os clubes para estimar os custos do retorno”, informou o presidente bicolor, Ricardo Gluck Paul.

“Entendemos que o cenário mudou e impôs desafios diferentes aos do início do ano, quando os orçamentos foram feitos”, completou.

Luiz Omar Pinheiro, presidente do Carajás, único clube já rebaixado, salientou que seu time tem condições de bancar os 2 últimos jogos que lhe restam na competição, mas não sabe como será com as demais providências.

“Queremos jogos em condições normais, com a presença da torcida, venda de ingressos. Não queremos esse protocolo que estão querendo criar, com concentração bem antes, exames a cada 2 dias, exame antes e depois dos jogos. O Carajás não tem como arcar com essas despesas, até porque a pandemia não estava nos planos. Então, acho melhor esperar acabar e jogar”, opinou.

O retorno do futebol esse ano no Pará é algo que divide os clubes, em especial os do interior. A falta de estrutura é salientada, mas a própria forma como o Estadual voltaria ainda encabeça as reclamações.

“Sou favorável que o campeonato termine e o Carajás tem condições de disputar os 2 jogos que faltam. O clube se preparou, tem uma reserva em caixa para essas rodadas”, afirmou Luiz Omar, defendendo o retorno dos jogos quando houver condições.

Tendo calendário ainda esse ano com a Série D, o Independente faz parte do rol dos clubes que está na descrença com a volta do Parazão.

“Está meio complicado. O fato de termos uma reunião com a Federação não quer dizer que volta mês que vem”, disse o presidente Deley Santos, que admitiu ver muitas dificuldades para essa volta.

“Particularmente, acho que não tem mais clima para continuar com o Parazão. Temos que achar uma solução para esse encerramento”, afirmou.

“O Tapajós não tem como montar um elenco para 2 jogos. É impossível e seria um risco de rebaixamento. Não temos mais nada a receber de patrocinadores. Seria um suicídio financeiro”, desabafou Sandicley Monte, presidente do clube santareno. O dirigente elencou vários motivos contra o retorno, desde a preocupação com a saúde dos profissionais envolvidos até a saúde financeira dos clubes.

“O Tapajós é contra um retorno do campeonato. Estamos no pior momento dessa pandemia e não dá nem para pensar nisso. Se fosse para voltar, teria que ser em dezembro, ou então encerrar logo. Quem vai se responsabilizar pelas pessoas que porventura adoeçam? Por que fazer todos os jogos em Belém? As dificuldades são tremendas e muitos clubes não têm como montar um time para 2 jogos. Vai arrebentar os clubes”, avisou.

Diário do Pará, 02/06/2020