Dudu Mandai, Gelson e Carlos Alberto
Dudu Mandai, Gelson e Carlos Alberto

Uma das formas de amenizar a possibilidade de contágio pelo novo coronavírus é aumentar a testagem em setores ampliados de um ambiente de trabalho. Porém, o futebol paraense caminha em sentido oposto.

Segundo informações confirmadas pelo Sindicato de Jogadores Profissionais do Pará, os responsáveis pela elaboração do protocolo de segurança não incluíram as famílias dos jogadores de futebol na testagem para identificação de casos de Covid-19. A questão esbarra nos custos.

“Nenhuma novidade para os testes estendidos para as famílias. O protocolo está atento mais ao jogo”, frisou o presidente do sindicato, Oberdan Bendelac de Menezes, ex-jogador.

“Como presidente do sindicato de jogadores, ficamos muitos preocupados com as famílias dos atletas”, garantiu.

Provavelmente, os custos de testes rápidos para jogadores e familiares devem ser bancados pelos próprios clubes, como explicitou o presidente bicolor Ricardo Gluck Paul. De acordo com ele, essa questão é complexa. O protocolo de segurança, montado pela comissão de profissionais, liderada pela Federação Paraense de Futebol, trata de cuidados obrigatórios para dias de jogos, não englobando os dias de treinos e sequer cita testes para atletas e familiares.

“O protocolo de jogo está ok, mas é somente isso. Quando for jogar, vocês precisam fazer isso, ok. No resto, vocês se viram”, criticou.

O valor dos testes rápidos unitários é de aproximadamente R$ 200. A quantidade de testes, ampliando para os familiares dos atletas, elevam os custos, mas trariam mais segurança. Foi o que fez o Vasco (RJ), que firmou uma parceria com um laboratório para realizar testes para jogadores e pessoas mais próximas a eles. O clube carioca não teve custos.

Um guia da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ainda não divulgado de forma oficial, recomenda testagem aos familiares.

“Os Departamentos Médicos dos clubes poderão adotar uma rotina de testes, sejam moleculares ou sorológicos, para serem aplicados nos atletas, membros das comissões técnicas, funcionários, familiares e contactantes próximos, de acordo com a disponibilidade do mercado e sem concorrência e prejuízo ao sistema público de saúde. Os familiares e contactantes próximos deverão monitorados através da aplicação de rigoroso inquérito epidemológico”, diz o documento.

A testagem dos atletas é tratada com prioridade para evitar a propagação do vírus no esporte. Por razões óbvias, essa questão interfere na viabilidade do Campeonato Paraense 2020, interrompido em função da pandemia, com 8 rodadas da fase classificatória disputadas, restando mais 2 rodadas (10 jogos), além das semifinais (4 jogos) e a final (2 jogos) da competição. No 15/03, a Confederação Brasileira de Futebol determinou a suspensão de todas as competições.

O Liberal, 05/06/2020