Givanildo Oliveira e Manoel Ribeiro
Givanildo Oliveira e Manoel Ribeiro

Givanildo Oliveira iniciou, nesta quinta-feira (01/03), sua 5ª passagem pelo Clube do Remo. O treinador foi apresentado à imprensa no Baenão, ao lado do executivo de futebol Zé Renato, do diretor Miléo Júnior e do presidente Manoel Ribeiro. Aos 69 anos, Giva manteve o mesmo jeito de ser de quando assumiu o Leão pela 1ª vez, em 1993. Continua franco em suas respostas e garantiu, mesmo após 37 anos de carreira, ainda se sentir muito motivado para conquistar títulos.

“É o Remo! Vim porque quis, ninguém me trouxe forçado. Existe uma coisa dentro de mim, que não acabou ainda e espero que demore mais uns 3 ou 4 anos, que é a vontade de trabalhar. Existe uma coisa dentro de mim que é gostar do futebol. Se disser para vocês que não faço pelo dinheiro, estaria mentindo, mas gosto do que faço. Já passou pela minha cabeça parar, mas passei 4 meses em casa, depois que saí do meu último clube (Santa Cruz-PE) e minha esposa brincava comigo. Meu apartamento tem 180 m² e ela falava: ‘Ei, você não vai parar de andar hoje, não?’. Estou contando essa história para explicar que, na verdade, tenho isso no sangue. Só quando me pararem, porque não pretendo parar. Vou até onde puder. Apareceu a oportunidade de vir trabalhar no Remo. Pensei, repensei, e quer saber? Vou é trabalhar de novo”, contou o treinador.

Givanildo chega ao Leão para substituir Ney da Matta. Apesar do time não viver situação ruim no Estadual, já está fora da Copa Verde e da Copa do Brasil. Só restam o Parazão e a Série C do Brasileirão.

Mais do que reverter resultados ruins, o novo treinador terá o desafio de fazer o time jogar bem e ter regularidade, algo que o antecessor não obteve sucesso em 4 meses de trabalho.

“Treinador de futebol, se não quiser enfrentar as dificuldades, fica em casa. Não quero ficar em casa, então vou ter que enfrentar. Essa (próxima partida) já é uma”, disse.

“Conhecer o grupo, totalmente, não conheço. Cheguei hoje (quinta-feira), inclusive. Vou trocar ideias com as pessoas que estão aqui, da comissão técnica, para saber como é que está. Sei que ganhou o jogo bem, mas chega sempre no ouvido do treinador que ‘está precisando trazer gente’. A gente sabe que o futebol é dinâmico e precisa sempre estar mudando alguma coisa. Vamos ver o que é melhor, o que podemos trazer de melhor e o quê que o Remo pode contratar, falando em valores, para a gente cuidar disso e fazer um time forte para ser campeão e depois subir, que é o maior desejo do torcedor”, ressaltou Givanildo.

Aliás, o processo de mudanças no elenco pode ser grande até o início do Brasileirão, em abril, mas o novo treinador remista não quis entrar em detalhes no momento porque ainda vai avaliar o plantel.

“Nem o presidente do clube, nem a direção, nem o treinador e comissão técnica, podem ficar com jogador que não está servindo. Acho que é covardia até com o jogador. Muitos jogadores não entendem, falam sempre ‘ah, fui mandado embora’, mas não podemos ficar aqui com jogador que o treinador não está satisfeito com ele e não vai colocá-lo para jogar. O que ele vai ficar fazendo? Então é esse o processo. Futebol é assim, as coisas são rápidas. Fez um jogo ontem (quarta-feira) e depois joga de novo (domingo, contra o Águia). Felizmente tem uma semana para o clássico (11/03)”, disse.

“Não sou muito de estar mandando jogador embora. Vou avaliar, mas isso não pode demorar, porque tem muita gente te avaliando como treinador, então você tem que ver o melhor para o clube no momento, porque futebol é momento. Precisamos ser rápidos”, frisou.

Ao término da coletiva, Givanildo e o preparador físico Wellington Vero foram comandar o primeiro treino com o elenco azulino, no estádio Francisco Vasques, o Souza.

Confira outros trechos da coletiva com Givanildo:

Processo de contratações

Ainda não conversei direito sobre valores. Por exemplo, tem jogo domingo (04/03). Se depois do jogo precisar de 4 jogadores, dou a posição e aí vai ver como está o mercado. Se for precisar de um zagueiro, por exemplo, dou 3 nomes. Se não conseguir nenhum deles, começa a complicar.

A gente vai procurar fazer o melhor, claro, a direção do clube também, para, o que precisar, ver como é que trazemos, mas não para passar tempo, que não adianta. Tem que trazer jogadores que eu veja que podem ajudar e encaixar dentro do grupo.

Primeiras impressões

Não diria que chego em um momento de salvação porque o Remo não está em último lugar no Estadual. O Remo acabou de ganhar um jogo, e bem, mas é tão corriqueiro isso no futebol. No ano passado mesmo, fui campeão pelo Ceará (CE) e no 3º jogo do Brasileirão (Série B) me mandaram embora. Entendo que quando não quer mais, manda embora, mas tem muito exagero no futebol brasileiro, e como tem!

Está preparado para subir com o Remo?

Estou. Me sinto tão bem preparado que, se não tivesse, não teria vindo. Teria ficado em casa. Vim para o Remo e tomei informações, do mesmo jeito que tomam de mim. Sou como muitos treinadores por aí, que ficam insistindo, falando, pedindo para que não atrase salários, porque todos que estão aqui têm salários e não querem ver atrasarem. No futebol, virou moda isso.

Posso falar que é o meu lugar. Onde nasci e moro, a gente vê dois clubes de ponta, que sempre foram fortes, como Náutico (PE) e Santa Cruz (PE), devendo 6 a 8 meses de salários. Foi bom puxar esse assunto, para que fique bem claro. Se um dia acontecer de atrasar o salário do Remo, vou tentar conduzir à minha maneira, porque tenho um dom que Deus me deu que é não deixar o grupo se dissolver, afastar.

Quando começa a um grupinho de 3 jogadores puxar para um lado e outro puxar para outro, começa a desandar. Para você ser campeão, tem uma série de coisas, mas (pagamento em dia) é importante, porque ninguém na vida vive sem dinheiro. Agora, você tem que trabalhar para ganhar e isso é uma coisa que, graças a Deus, sempre fiz. Se vai vencer, não sei, porque é jogo, a gente não tem como prever, mas vou fazer o possível, junto com a direção, para subir para a Série B, pode ter certeza.

Aceitaria Eduardo Ramos de volta ao elenco?

É complicado falar. Acompanhei algumas situações de quando ele ainda estava aqui. Teve um começo de carreira muito bom em um time menor em São Paulo, depois foi para o Corinthians (SP). É um grande jogador. Agora, se é para ser sincero, digo que eu mesmo não queria ele aqui, hoje, no Remo, pelo o que tenho acompanhado dele.

Diploma de treinador

Que me desculpem os outros treinadores, com muito respeito, mas tem muitos aí que… Claro que a maioria não fala, mas já conversei com uns que dizem ‘ah, fui ali fazer um curso não sei aonde’. Nunca vi curso de 2, 3 dias, pô! Nunca vi. Que curso é esse? Então não vou.

Agora há pouco ligaram para mim e tiveram uma reunião. Estão para mandar uns documentos que tenho direito, até pelo tempo que tenho como treinador. Então já tenho curso, tenho diploma, tenho tudo, pelo tempo que tenho (de serviço).

Globo Esporte.com, 01/03/2018