Remo 3x2 Moto Club-MA (Oliveira Canindé)
Remo 3x2 Moto Club-MA (Oliveira Canindé)

Demitido na manhã desta segunda-feira (10/07), o técnico Oliveira Canindé falou da sua saída do Leão em menos de um mês no cargo. Ele afirmou que não estava conseguindo implantar a sua filosofia tática no time e que não conseguiria fazer a equipe brigar pelo acesso com o atual elenco.

“O período que estive aqui foi proveitoso, de trabalhar em uma equipe de torcida maravilhosa, sensacional. Infelizmente, as coisa não fluíram da maneira que esperei e teria muitas dificuldades para fazer andarem da forma que gostaria, dificilmente conseguiria. Se conseguisse, teriam que acontecer muitas coisas e acarretariam em dificuldades para o clube, então, foi melhor que saísse. A medida foi acertada, vida que segue”, comentou.

Ao falar dos motivos para a não efetivação do atacante Gabriel Lima na formação titular, mesmo com o jogador tendo atuação decisiva com gols diante de Moto Club (MA) e Sampaio Corrêa (MA), Canindé disse que não estava satisfeito no desenvolvimento do seu trabalho no Baenão e que, caso não fosse demitido, tomaria a decisão de pedir para não continuar à frente do grupo azulino.

“Gabriel seria um excelente nome para começar jogando, mas quem veio para resolver? Se eles (contratados) não corresponderem, vou ter Gabriel ou Jayme na função. Para mexer onde queria, teria que comprar briga. É complicado, não é tão simples assim. Sou dessa maneira. Gosto de pegada, de jogador que se impõe. Você não precisa falar, mostre. Falta aquele algo a mais. Sinceramente, era para eu ter saído mesmo. Tenho que sair, ir para casa. Tem que vir um outro (técnico). Se não tivessem me mandado embora, eu teria pedido para sair do mesmo jeito. E iria hoje (segunda-feira)”, desabafou.

Oliveira Canindé chegou ao Remo no dia 13/06 e iniciou o seu comando no clube na 6ª rodada da Série C, contra o Botafogo (PB). De lá para cá, foram apenas 4 partidas, com 1 vitória (Moto Club-MA), 1 empate (Sampaio Corrêa-MA) e 2 derrotas (Botafogo-PB e Salgueiro-PE).

O cearense de 51 anos enfatizou que um dos grandes entraves na sua passagem pela equipe remista foram as características do atual elenco.

“Não fiz as contratações que estão dentro do clube. As características que trabalho são diferentes. Tenho características que teria dificuldades de encaixar. Fui fazendo um arranjo, de alguma maneira encaixando para aproveitar o que tinha de melhor. Não teria mais como contratar, pois estão preenchidas as vagas para as inscrições. Tem muita gente em determinado setor e falta para outros”, revelou.

“É covardia você jogar para uma torcida tão grande como a do Remo e se colocar atrás, ficar dando bico com receio de jogar. O Remo tem que dar alegria, tem que empolgar e jogar para convencer”, completou.

Canindé citou o maior rival do Remo para falar dos problemas enfrentados pelo clube dentro e fora de campo. O treinador cobrou mais profissionalismo para que o Leão consiga crescer e voltar a se destacar no cenário do futebol nacional.

“Acho que o Paysandu está um passo a frente. É profissionalismo, sermos profissionais. O clube precisa de um analista de desempenho, que faça um acompanhamento do que tem de bom e saiba exatamente o que o jogador é, dentro e fora de campo, para contratar certo, não errar. Em hipótese alguma o clube pode ser refém de um atleta. É necessário profissionalismo não só dos atletas e da comissão técnica, mas fundamentalmente dos dirigentes”, apontou.

“Não dá para ser amador, gostar mais do jogador do que do clube”, disparou Canindé. “Mas também tem pessoas valiosas dentro do Remo”, ponderou.

[colored_box color=”yellow”]Chegada no Remo

Vim porque quis. A diretoria me convidou e sou muito grato pela oportunidade. Não me prometeram nada. O que eles queriam? Acesso. O que eu queria? Acesso. Você não vem para um clube desse tamanho de passagem, mas para fazer história. Era o que eu queria, mas você só consegue caminhar com resultados positivos e, infelizmente, foram só 4 jogos. Teria dificuldades para fazer as coisas da forma que queria e que venha outro (treinador) para fazer as coisas andarem da forma que deve ser.[/colored_box]

Motivos para a demissão

O time ficou tanto tempo na Série D, que a expectativa de chegar entre os primeiros na virada do turno era grande. De repete não acontece e, ao invés de olhar para frente, se olha para trás, ficaram com receio do time não andar e voltar para a Série D. Tranquilo. Não tenho mágoa de ninguém, pelo contrário, sou grato ao Remo e pela oportunidade que foi dada. É lamentável não ter um grupo que possa dar a alegria que o torcedor tanta espera.

[colored_box color=”yellow”]Problemas extracampo

Trabalho de maneira muito intensa, de muita entrega. Se você não tem para dar, como vai retribuir o que esperam de você? A coisa já está dentro, não tem mais como mudar. Deixa do jeito que está e vou procurar um outro rumo. Sou de trabalhar dentro do campo e vou fazer a minha parte. Se alguma coisa sair errado, vou conversar com quem se deve, mas a responsabilidade não é minha. Faça a minha parte e você a sua. Se cada um cuidar da sua parte a tendência é que as coisas fluam. Se fosse me meter e as coisas fossem resolvidas de imediato, seria bom, mas não é assim, vai criar transtornos, picuinhas, briguinhas. Isso não ajuda. Tento conscientizar o grupo que o caminho não é esse para que façamos o nosso melhor e as coisas aconteçam.[/colored_box]

Racha no elenco

Tem uma insatisfação ou outra, um atleta não vai (ao treino), quando sai reclama alguma coisa, mas isso é normal, não tem nada de excepcional, faz parte do futebol. Às vezes, se define que esse é o ídolo, aquele é o cara, mas não pode ser dessa maneira. Tem que ser o conjunto.

[colored_box color=”yellow”]Reforços para a Série C

Dudu, não conheço. Não é porque não conheço que não pode ser um bom jogador. Indiquei jogadores e fomos atrás desses nomes de imediato, mas não conseguimos, não posso reclamar da diretoria quanto a isso. Os nomes que conheço são pesados (financeiramente) e as contratações acabam sendo daqui. Um dos jogadores (indicados) foi o Wellington César (volante), do Santa Cruz (PE), Doriva (volante), do Novorizontino (SP). Excelentes nomes, só que caros. Sempre trabalho com analista de desempenho, ele estuda esses atletas e vai guardando as informações.[/colored_box]

Possível mágoa pelo anúncio de Léo Goiano para o cargo

Em hipótese alguma, não tem essa. É assim mesmo. Tomara que o Léo Goiano acerte, já joguei algumas vezes contra. Espero que ele dê certo e, junto com as pessoas que fazem o Remo, ajude para que consiga, de imediato, enxergar as coisas e fazer o que tem que ser feito. Um dos caminhos era o próprio Agnaldo, que está dentro do clube, para ajudar o Léo. Se tiver dúvida, pode conversar com o próprio Eduardo (Ramos), que está dentro de campo.

Globo Esporte.com, 10/07/2017