Manoel Ribeiro
Manoel Ribeiro

Na rotina de um grande clube de futebol, existem pessoas que terão suas vidas lembradas justamente por sua ligação com a agremiação esportiva. Exemplos disso são as memórias eternas dos ídolos dentro de campo, que serão repassadas de geração em geração.

No entanto, no Clube do Remo, uma figura, que certamente já está eternizada como um dos grandes nomes da história azulina, construiu seu legado fora das quatro linhas: Manoel de Nazareth Santana Ribeiro, ou, como é popularmente conhecido, “Marechal da Vitória”. Atual presidente azulino, cargo que já ocupou em outras 3 oportunidades, Ribeiro soma ao todo mais de 50 anos em prestação de serviços ao Leão.

Responsável por grandes conquistas à frente do clube, Manoel foi um dos responsáveis pelo crescimento do Remo, dentro e fora de campo, no começo dos anos 1970. Hoje, com 84 anos, porém, ele, que já foi sinônimo de triunfo, já não consegue mais repetir os mesmos resultados de anos passados no que diz respeito ao futebol profissional.

Sendo considerado por muitos o principal culpado pelos insucessos do Remo nesta temporada, Manoel aproveitou para esclarecer alguns temas de grande interesse para os torcedores azulinos. Confira:

O Remo teve uma temporada para ser esquecida no futebol profissional e os insucessos do time ao longo do ano foram quase todos atribuídos a sua pessoa. Até que ponto o senhor se acha culpado?

Começamos a administração querendo forçar o teto máximo, na casa dos R$ 300 mil. Coloquei 3 pessoas para cuidar do futebol: Ricardo (Ribeiro, vice-presidente), Sérgio (Dias, diretor) e Magnata (Marco Antônio Pina, diretor). Fomos buscar o Josué (Teixeira, técnico) e as coisas foram dando certo no começo, principalmente ao montarmos uma equipe com a base e com valores da região. Chegamos até a final e só perdemos por um lance de sorte no instante final para o Paysandu. O que me deixou perplexo foi quando o Magnata e o treinador fizeram 11 contratações, assim, de repente. Talvez aí tenha sido a grande culpa minha: ter assinado os contratos. Confiei no treinador, mas esse foi um passo errado, que não só inflacionou a folha, como não os jogadores renderam.

Se o senhor pudesse voltar no tempo, o que mudaria no planejamento?

Teria mais cuidado com as decisões do time. Ter avaliado de forma mais intensa os profissionais. Quando fui avaliar, todos já estavam em Belém e em cima da hora da Série C. Ou assinava ou não tinha time. Chegando aqui, nenhum deles correspondeu como achamos que deveria corresponder. Mudaria isso de imediato. Naquela altura, como presidente, se tivesse imposto que não se contrataria mais ninguém, talvez a gente tivesse se saído melhor na Série C.

Mesmo com o ano negativo, o senhor tem uma história bastante vitoriosa no Remo. Sendo assim, o senhor acredita que é o único capaz de botar o clube nos eixos?

Não tenho dúvida, porque agora vou ficar mais atento para não cometer o erro que cometi este ano. Não vou deixar as pessoas fazerem o que querem, só para eu assinar no final. Agora ficarei mais atento. Evidentemente, agora reiniciamos com um novo Departamento de Futebol e estamos conversando a todo tempo o que se pode fazer. Renovar com quem deve e dispensar aqueles que não mais nos interessa, mas com uma situação financeira resolvida.

Por falar em finanças, esse é um assunto que vem assombrando o clube há um bom tempo. Sem calendário para o resto do ano e sabendo que a bilheteria é a principal receita, de onde o Remo irá tirar dinheiro para se manter até 2018?

Desde o Campeonato Paraense, as rendas nunca deram para se suprir ao todo. No entanto, estamos rigorosamente em dia com a Justiça do Trabalho, são quase R$ 3 milhões que pagamos para a Justiça. Estamos rigorosamente em dia com o Profut. Quer dizer, coisa que antigamente não se via. Agora vamos reformular receitas. Na hora “H”, temos que conseguir recursos, que podem ser via bancário, para aguentar o Remo até o começo do Campeonato Paraense.

Desde que o senhor assumiu o cargo, muito foi dito que o clube retrocedeu, uma vez que boa parte da torcida e da imprensa achou que seu modelo de gestão seria ultrapassado. O senhor se acha ultrapassado?

Encaro da seguinte maneira: primeiro, não aceito dizerem que estou ultrapassado. Quem subiu o Remo para a Série C fui eu! Nosso objetivo maior era subir o Remo para a Série B, mas não foi possível. Priorizamos a base e atletas regionais, até para conter gastos, mas não renderam. Evidentemente, não concordo de maneira nenhuma que esteja ultrapassado. Mesmo estando com uma idade bem avançada, estou aqui, “tinindo”, com todos os meus companheiros, trabalhando. Não aceito também o fato da torcida só querer saber do futebol. Pagamos a Justiça, o Profut, estamos reformulando o salão nobre na Sede, reformulando o estacionamento, o ginásio está todo pronto. É necessário que a gente olhe o Remo como um todo. Agora mesmo vamos entrar com um processo para reformular a Sede Náutica, temos que olhar para tudo.

Mesmo com os pontos positivos envolvendo determinadas áreas, por que é difícil controlar o futebol? Os torcedores, por exemplo, com poucos recursos estão conseguindo reformar o Baenão. Qual a diferença entre os casos?

A torcida veio conversar comigo e explicamos as prioridades. Eles entenderam e pediram para tocar a obra enquanto isso e imediatamente topamos. Evidentemente que a gente ajuda. Tudo tem sido feito por iniciativa deles e tenho certeza que o Baenão ficará pronto até o fim do ano. No entanto, como disse, é preciso verificar o Remo como um todo e podem acreditar, é uma disparidade muito grande.

Em 2015, R$ 423.632,00 sumiram dos cofres azulinos, dentro da sede social do clube. De lá para cá já, se passaram quase 2 anos. O que foi resolvido dessa situação?

Desde o sumiço, já prestei cerca de 4 depoimentos para os delegados da perícia, mas em nenhum momento nos deram uma posição. Quem roubou, certamente não veio sozinho e, certamente, não está sozinho nessa, mas desde esse episódio, nos precavemos com novos modelos de segurança dentro e fora da Sede, para que isso nunca mais volte acontecer. Infelizmente, o dinheiro fez falta, mas vamos suprir o valor.

Qual o balanço da sua gestão e como pretende entregar o cargo para o sucessor?

Quero o Remo como um todo melhorado, evidentemente com um realce no futebol, mas não vai ser só no futebol que vamos querer bem. Queremos incentivar a entrada de novos atletas em todas as modalidades do clube. É assim que espero entregar o cargo, com o nosso clube, independentemente do momento no futebol, estar com as dívidas em dia e fomentando o esporte. Acredito que minha gestão é regular, mas que tem muito a melhorar e vai melhorar.

Para encerrar, o Clube do Remo tem dono?

Tem um grande dono, cerca de 60% dos paraenses. Veja bem o que estou dizendo: 60% dos paraenses são donos do Remo. É a torcida toda do Remo e vamos fazer o possível para compensar a todos. Infelizmente, fracassamos no futebol, mas estamos indo em busca de outros ganhos. Tenho certeza que daqui para frente as coisas vão melhorar.

Diário do Pará, 17/09/2017

4 COMENTÁRIOS

  1. Senhor, presidente, para o bem de 60% dos paraenses, abandone o Clube do Remo, Não suje a sua história eróica no clube.
    O Remo precisa de pessoas novas, com mentalidade moderna, aberto ao diálogo, e não seguir uma ditadura como se vive até hoje.
    Para o bem de todos, abandone o futebol Marechal.Att

  2. Se o Clube do Remo quiser subir para a Série C no ano que vem, têm que contratar e começar o campeonato paraense com bons jogadores e com um time já definido para série C. Andei observando e anotando o nome de alguns jogadores da Série B e ,C que certamente fariam do Remo um time competitivo e vencedor, São eles: Lateral direito (Edson Ciola do Brasil de Pelotas) Zagueiro (Edson Silva do Londrina) Lateral Esquerdo (Gaston do Vila Nova) Volante (Amaral do Náutico; Fael do Juventude) Meia atacante (Rafael Costa do CSA; Moraes do Botafogo de Ribeirão Preto; Wiltinho do Sampaio Correia; Arthur do Londrina Giovani do Nautico e Toti do Confiança) Atacantes (Eric do Nautico; Marquinho do Brasil de Pelotas, Alemão do Paraná e Edno).

  3. Quem vai pagar esse pessoal?
    O Clube está mais fudido que puta da Condor.
    Pega esse moleques do interior. Se pesquisar, tem e aos montes. Agora os caras só querem ficar tomando Whisky com água de coco, sentadinhos no ar condicionado… Ah! Dá o lugar pra quem quer trabalhar e vê o Remo crescer. Concordo que o time tem que começar a serr montado de imediato, sem correria.

  4. O Manoel Ribeiro é uma Lenda ele tem toda a experiência para conduzir o Futebol da melhor maneira , ele precisa de assessores competentes que escutem a voz da sua experiência e o Leão responderá em campo, a torcida sente a falta do Leão não entrar em competições oficiais até o fim do ano porém poderá haver algum amistoso interessante para testar valores novos, nos da Fenômeno queremos ver a base que vai ficar para 2018 em campo, pra frente Leão seremos mais de 25000 em campo neste amistoso Leão .. ão ..ão.

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