Marco Antônio Pina (Magnata)
Marco Antônio Pina (Magnata)

Marco Antônio Pina, o “Magnata”, encerrou mais um ciclo de trabalho na gestão do Clube do Remo nesta segunda-feira (11/09). Então diretor de futebol do Leão, o advogado criminalista buscou analisar mais uma passagem sua pelo clube e o que deu errado em um ano de poucas glórias ao time principal.

Para o futebol profissional, a temporada foi encerrada no último sábado (09/09), com a derrota por 2 a 1 para o Salgueiro (PE). Apesar da expectativa pelo avanço ao mata-mata, o Remo acabou foi eliminado da Série C ao término da primeira fase. Faltou elenco, na visão de Magnata, que afirmou ter sido montado basicamente pelo ex-técnico Josué Teixeira, comandante do Leão de dezembro até o último dia 12/06. Atualmente, a folha salarial do time é de R$ 309 mil.

“A única coisa boa que vejo foram as revelações, como Gabriel Lima, Tsunami, Lucas Victor e Jefferson, e as consolidações de Igor João e Jayme. Por outro lado, até maio, penso que estava tudo dentro do razoável, do planejado”, disse.

“As pessoas imputam a mim, dizendo que teria trazido os 11 jogadores (para o Brasileirão), mas foi o Josué (Teixeira), com aval completo do presidente do clube (Manoel Ribeiro). A partir daí, começou a grande derrocada, porque em um domingo fizemos a final do Parazão com um time e no outro domingo estávamos com outro time”, continuou.

“Ele (Josué) ainda insistiu em peças que sabíamos que não estavam dando certo e isso acabou acarrentando na sua demissão. Ainda assim, trouxe várias consequências: engessou a gente, inchou o plantel, praticamente duplicou folha e não tivemos qualidade. As pessoas pensam que contratei todo mundo, mas os únicos jogadores que interferi foram Edgar, Dudu e Pimentinha”, contou o ex-diretor.

Apesar de não fazer mais parte da gestão do clube para ano que vem, Magnata acredita que o meia Eduardo Ramos não deverá mais fazer parte do elenco azulino em 2018. O contrato atual, que vale até novembro, não deve mais ser renovado. O ex-dirigente azulino revelou ainda que não há mais clima para o polêmico camisa 10 dentro do clube.

“Penso que é o fim da ‘era’ Eduardo Ramos no Remo. A gente escuta alguns atletas e, na viagem de Salgueiro (PE), conversei com alguns. Eles já não suportavam mais o Eduardo. O jeito dele achar que era ídolo, um jogador diferenciado e ter certas regalias. Os jogadores não aguentavam mais isso. Pelo que conversamos, acabou em definitivo. A pretensão minha era não renovar, mas não sei qual será a visão de quem for assumir a diretoria de futebol daqui para frente. Desde já, agradeço tudo o que o Eduardo fez pelo Remo, mas realmente todo ciclo tem início, meio e fim. Até eu sair, a intenção era não renovar”, afirmou.

Apesar de afirmar que não tem uma má relação com o presidente Manoel Ribeiro, Magnata fez algumas críticas ao mandatário remista. Para ele, faltou uma presença mais ativa de Ribeiro no dia a dia do clube.

“Faltou realmente, ele pouco apareceu. Eu que dei a cara a bater, mas faltou o presidente falar, porque ele é o mandatário do clube. Realmente, faltou presença na parte administrativa, porque os diretores não têm competência para algumas situações”, avaliou.

Assim como já havia afirmado no sábado (09/09), Magnata novamente fez um apelo pela modernização e profissionalização do clube. Na visão do ex-diretor, não adianta trocar nomes de diretores se não houver uma mudança de mentalidade no modelo de gestão do clube.

“Quase tudo (precisa ser mudado). Quando falo que o Remo precisa de uma revolução administrativa, não é da boca para fora. É verdade. Tanto que na minha carta de renúncia, sugiro ao presidente isso. Porque não adianta mudar pessoas, tem que se mudar pensamento, forma de gerir e administrar”, revelou.

“Como pode o Remo, um clube centenário e da grandeza que é, não ter um diretor de marketing? Não existe isso! Outro exemplo banal: como pode um clube com essa torcida enorme e um patrimônio de mais de R$ 100 milhões, não ter um papel timbrado? São essas coisas pequenas, que a gente pensa que não, mas que refletem dentro de campo. Como pode o Remo não ter uma academia básica, que custa cerca de R$ 80 mil? Já era para ter há muito tempo”, disse.

“Não é só essa gestão, mas é culpa também de gestões anteriores e pensamentos também. É preciso buscar pessoas profissionais, cada um na sua área. No Remo tem muito isso: fulano, só porque ajuda financeiramente, gosta de dar pitaco, gosta de contratar. Acho que é cada um no seu quadrado. Só assim o Remo vai poder caminhar, porque se continuar o mesmo pensamento, a torcida vai encher o estádio, vai se empolgar, e no final o resultado não vai ser aquele condizente. O Remo precisa se organizar”, finalizou.

Globo Esporte.com, 11/09/2017