Em meio ao Natal menos iluminado de que se tem notícia nos últimos tempos, o futebol brasileiro atravessa a costumeira trégua nas últimas semanas do ano, permitindo que os clubes refaçam seus planejamentos e corrijam – se for o caso – o rumo de suas gestões. Aos torcedores, a paralisação de atividades nos gramados é uma oportunidade para que eles possam exercitar seu esporte favorito depois do futebol: a “cornetagem”.
A cobrança quase unânime é por “contratações de peso”, significando que os clubes devem mirar em nomes conhecidos, que possam despertar a atenção das massas torcedoras.
É claro que nem sempre esse tipo de apelo é entendido pela cartolagem, que acaba errando nas escolhas e trazendo muitas vezes figuras que foram até relativamente famosas no passado, mas que hoje representam apenas pálida sombra dos bons tempos, sendo que alguns já chegam exibindo a condição de ex-atletas à beira da aposentadoria.
A condição geográfica faz do Pará uma espécie de alvo natural das artimanhas de empresários espertos, que encontram no parco conhecimento dos dirigentes sobre as sutilezas do negócio “futebol” um terreno fértil para empurrar mercadoria de 5ª categoria.
Quando os torcedores ligam ou passam mensagens para os programas esportivos, na prática, estão tentando alertar seus representantes para o perigo de contratar gato por lebre. O mau hábito de anunciar times inteiros a cada começo de ano (ou de semestre, em casos mais graves) criou no torcedor a mentalidade de que só com muitos “reforços” é possível montar bons times.
O correto seria acreditar que, com reforços de verdade, pontuais e qualificados, é mais provável acertar na formação das equipes – ou ter perdas menores, até no plano financeiro, caso o projeto não seja inteiramente vitorioso.
Os azulinos, apesar da quase consolidada noção de que o dinheiro é curto, não deixam de se exasperar diante da quantidade de atletas anunciados e da ausência do tal “pedigree”, tão reivindicado.
Para conter a impaciência da torcida, cabe a Ney da Matta confirmar na prática, com as atuações do novo Remo antes e durante o Campeonato Estadual, que o elenco atual é o mais confiável possível nas atuais circunstâncias. O tempo urge e os testes de verdade já começam a partir da próxima semana, com os dois amistosos programados contra o Castanhal.
Blog do Gerson Nogueira, 21/12/2017