Marcelo Veiga
Marcelo Veiga

A lembrança que vem à cabeça quando se fala em Marcelo Veiga é da passagem fugaz pelo Baenão, em 2012, dirigindo o Remo em partida decisiva para tentar obter o acesso à Série C. Ficou apenas por 3 jogos e falhou na observação dos jogadores que tinha no elenco. Elegeu o veterano zagueiro Ávalos, que veio em fim de carreira para cá e que – para piorar ainda mais as coisas – estava lesionado.

Afirmou, com todas as letras, que Ávalos era seu jogador de referência, para comandar a zaga e liderar o time em campo contra o Mixto (MT). Lento, sem poder de marcação, o ex-jogador em atividade levou um baile do atacante – também veterano – Nonato, sendo responsável direto pela eliminação azulina naquela partida.

Em favor de Veiga, há o fato indesmentível de que aquele time do Remo foi um dos mais fracos dos últimos anos, montado por Edson Gaúcho. Para disputar 3 jogos, o técnico herdou um grupo que incluía Alceu, Laionel, Dida, Edu Chiquita, Mendes e Fábio Oliveira. Ávalos era apenas o pior entre os piores.

De qualquer maneira, naquela ocasião, Veiga veio debelar um incêndio iniciado por outro treinador. À ele não pode ser atribuída a responsabilidade pelo insucesso do time.

Sua última passagem por Belém foi como adversário do Remo. Desta vez, para desagrado dos azulinos, Veiga triunfou com o Botafogo (SP), levando a melhor diante de um Mangueirão lotado. Classificou o time paulista com um empate sem gols, sustentado com indiscutível competência e estratégia.

É esta imagem vencedora e positiva que o Remo abraça ao contratá-lo outra vez. Pode-se dizer que o clube abre uma nova oportunidade para o próprio Veiga, que logo depois da conquista do título da Série D, foi surpreendentemente liberado pelo Botafogo (SP).

A diretoria informa que o treinador chega na quarta-feira, 30/03, a tempo de dirigir os últimos treinos e montar o time para o clássico contra o Paysandu no domingo, 03/04. Vale dizer que o novo técnico terá que operar um pequeno milagre: devolver ao Remo a confiança perdida ao longo dos últimos 6 jogos, quando o time foi incapaz de vencer confrontos contra adversários até de nível inferior.

Há muito mais a corrigir no time do que apenas posicionamento e configurações táticas. Será necessário, acima de tudo, incutir um novo ânimo no elenco. É uma tradição do futebol a superação experimentada por times que trocam de treinadores. O motivo é simples: os jogadores se esforçam mais no sentido de deixar boa impressão no comandante que chega.

Veiga terá que se valer dessa condição e transmitir motivação ao grupo. Apesar do desafio representado pela estreia justamente contra o maior rival, há a oportunidade de utilizar essa situação como fator positivo. Afinal, vencer um clássico tem sempre caráter revitalizador tanto para o time quanto para a torcida.

A troca de comando se fazia necessária desde o final do primeiro turno, quando o Remo evidenciou falhas graves quanto à organização em campo. Sempre foi um time instável, que não conseguia manter o mesmo ritmo ao longo de 90 minutos. Quando começava bem, caía na etapa final e vice-versa.

As vitórias eram obtidas muito mais pela habilidade individual dos principais jogadores, como Ciro e Eduardo Ramos. Quando ambos eram bem marcados, o Remo não funcionava como time.

Muita gente não se deu conta, mas a decisão do turno na série de tiros livres da marca do pênalti contra o rival bicolor escancarou uma das maiores deficiências de comando técnico do lado azulino: a falta de treinamento adequado para o duelo de penais, ao contrário do adversário, que tinha anotações e estatísticas sobre as características dos atletas remistas que participaram das cobranças.

Marcelo Veiga vem para “consertar a nave em pleno voo”. Precisa organizar rapidamente um processo de recuperação, capaz de obter o milagre da salvação no Campeonato Paraense, e depois construir um novo elenco para o Brasileirão da Série C. Que seja mais certeiro nas contratações e que evite apostar na geração sub-40, como fez Leston Júnior.

Acima de tudo, que Marcelo Veiga tenha mais sorte desta vez. Vai precisar!

Blog do Gerson Nogueira, 29/03/2016