Remo e ASA (AL) fizeram o jogo mais fraco da temporada no Mangueirão, e toda a responsabilidade pelo baixo nível técnico pertence aos remistas. Jogadas sem complemento, erros primários de posicionamento, “overdose” de passes errados, falhas grotescas de marcação, ausência de vida inteligente no meio-de-campo e indigência ofensiva.
Parece impossível um time ter tantos defeitos de uma só vez. Pois o Remo desta segunda-feira (31/05) à noite conseguiu esse questionável feito. Começou o jogo capengando no acompanhamento das jogadas em velocidade do ASA (AL), que tomou conta da intermediária azulina posicionando o veterano Ramalho como organizador e tendo lá no comando do ataque o grandalhão Jefferson Baiano.
Depois de algumas manobras perigosíssimas em cima do lateral-direito Murilo, o ASA (AL) chegou ao gol em cruzamento perfeito para o cabeceio fulminante de Jefferson, aos 17 minutos.
Travado, o Remo não saía para o jogo. Quando tentava, a bola espirrava ou rebatia na canela dos próprios azulinos, aparentemente atordoados com os gritos de incentivo dos 14 mil torcedores nas arquibancadas.
A vantagem imposta pelo adversário logo de cara foi se consolidando ao longo do primeiro tempo, pois apenas Eduardo Ramos demonstrava lucidez em jogadas pelo meio da defesa do ASA (AL), mas padecia da falta de acompanhamento. Allan Dias, que deveria ser o parceiro nessas investidas, ficou sem função pelo lado esquerdo do ataque, perdendo todas para a zaga adversária.
Fernandinho até evoluía com a bola, mas sem ela, virava presa fácil para a marcação, isolado entre os zagueiros. Ciro não apareceu em campo. Isto é, quando apareceu, foi em 3 impedimentos seguidos.
Por isso, não surpreende que, em meio a essa barafunda, a única tentativa válida foi em um chute forte de Eduardo Ramos, que passou perto do travessão.
Quando se esperava que Marcelo Veiga providenciasse mexidas drásticas para tentar sacudir o time e dar uma injeção de ânimo, tudo permaneceu como dantes. A primeira substituição só veio aos 5 minutos, quando Sílvio entrou no lugar de Ciro.
O ASA (AL) seguia ditando o ritmo, sem se afobar, tocando a bola com rapidez e correção. Um jeito inteligente de gastar o tempo e cansar o Remo, que sofria com a marcação deficiente por parte dos volantes Lucas Garcia e Yuri, e com o imenso buraco nas duas laterais – Fabiano e Murilo disputavam quem era o pior em campo.
Rápido e driblador, Sílvio trouxe uma chama de esperança, mas logo se apagou também por absoluta falta de jogadas no ataque. O Remo só ameaçava quando Eduardo Ramos pegava na bola e partia em direção à área. O problema é que, vigiado sempre por dois marcadores, o meia foi cansando e, no final, apenas caminhava em campo.
João Victor seria a próxima atração, substituindo a Allan Dias, que deixou o gramado sob intensas vaias. Talvez não tenha sido o maior culpado pela baixa eficácia dos ataques do Remo, mas contribuiu bastante. Hériclis, que entrou restanto 5 minutos do fim, conseguiu ser bem mais produtivo. Nos acréscimos, quase empatou, mas o chute saiu à esquerda do gol. João Victor, de puxeta, ainda mandou uma bola no travessão. Fernando Henrique cabeceou rente ao poste.
Terminava assim, de forma melancólica, a primeira apresentação do Remo diante de sua torcida nesta Série C. Pelo que mostrou, todas as esperanças de acesso ficaram temporariamente suspensas. Com a facilidade com que se deixou envolver pelo modesto ASA (AL), é sensato dizer que a luta vai ser para evitar o rebaixamento. O certo é que o time de Veiga fez lembrar o caos tático dos tempos de Leston Júnior.
Jaelson, técnico do ASA (AL), pode ser saudado como o verdadeiro vencedor do jogo. Armou seu time com solidez defensiva e dinamismo nas ações do meio, entregues ao veterano Ramalho. O mais incrível é que o time está treinando há apenas 11 dias e atravessa problemas administrativos sérios.
A determinação de Jaelson contrastou com a demora de Veiga em procurar modificar um quadro inteiramente desfavorável. A entrada de Hériclis a minutos do fim é prova disso.
O ASA (AL) foi sempre mais decidido, organizado e perigoso quando partia com a bola dominada. Podia ter chegado ao segundo gol em lance de pênalti não assinalado pelo árbitro no segundo tempo – é verdade que a zaga visitante também botou a mão na bola em lance ocorrido logo depois.
No Remo, além do fato de que foi apenas a 2ª rodada, há a expectativa positiva quanto à entrada do atacante Edno e do lateral-esquerdo Jussandro na equipe e o retorno de Levy à ala direita. De todo modo, será preciso mexer com os brios do time, que se mostrou excessivamente atrapalhado na maior parte do tempo.
Blog do Gerson Nogueira, 31/05/2016