Hériclis, Yuri e Marcinho
Hériclis, Yuri e Marcinho

O Remo podia ter percorrido um caminho bem mais tranquilo rumo à classificação na Série C. Montou um time de razoável qualidade, embora com um elenco tecnicamente depreciado. A perda de tempo com Marcelo Veiga foi responsável pela perda de preciosos 7 pontos em 9 disputados dentro de casa. O prejuízo cobrou seu preço agora, quando a competição entrou em sua fase decisiva.

Para azedar as coisas, Waldemar Lemos, que havia começado tão bem, desandou a fazer “invencionices” que quase botaram a perder o bom desempenho inicial. O empate com o Salgueiro (PE) fez o Remo mergulhar nas águas barrentas da incerteza, chegando à última rodada em situação desconfortável: precisa vencer e torcer por uma combinação favorável de resultados.

Além de inventar Levy como atacante, o técnico mostrou-se irredutível quanto ao (não) aproveitamento de Magno, Hériclis e Chicão, preferindo insistir a ferro e fogo com nomes que destoam do resto da equipe, casos de Fernandinho e Michel Schmöller, principalmente.

Ao mesmo tempo, um dos méritos do técnico tem sido a manutenção de Marcinho como companheiro de Eduardo Ramos no setor de criação. Rápido e surpreendente, o jovem meia tem sido fundamental na maioria dos jogos. A simplicidade de estilo talvez seja sua maior qualidade.

Mesmo não tendo o refinamento que Ramos costuma exibir em alguns momentos, Marcinho compensa com intensa movimentação e prestimosa colaboração na cobertura aos laterais. Além disso, tem sido o único jogador a buscar soluções individuais para furar os esquemas defensivos de times que vêm a Belém encarar o Remo.

Com sabedoria, percebeu que às vezes é improdutivo ficar trocando passes à espera de uma brecha. É claro que o mais inteligente é entrar na área driblando, para forçar o erro adversário e no mínimo ganhar uma falta perigosa.

Surpreende que, no Remo, apenas Marcinho tenha seguido essa velha regra para furar retrancas. Nem mesmo Eduardo Ramos, normalmente afeito ao jogo individual, tem exibido disposição para buscar arrancadas capazes de abrir defesas.

Mais do que nunca, chegou o dia de tentar esse tipo de jogada. Quando bem executada, possibilita resultados imediatos. Por tudo isso, Marcinho é um dos grandes trunfos do Remo para passar pelo América (RN). Mostrou que não tem medo de arriscar, qualidade própria de jogadores decisivos.

Blog do Gerson Nogueira, 18/09/2016