Depois de longo tempo como reserva, Ciro está escalado para o jogo contra o Fortaleza (CE). Em situação normal, deveria ser a grande esperança de gols, mas neste domingo (10/07) é apenas uma aposta, ainda sob desconfiança da torcida. O lado curioso é que o atacante teve um começo acachapante no Remo, marcando 3 gols contra o Águia, logo na abertura do Campeonato Paraense.
Mais do que os gols, exibiu desenvoltura na área, rapidez nos deslocamentos e um chute mortal, principalmente quando entrava na área pela diagonal. Para coroar tudo, tinha um entrosamento natural com Eduardo Ramos, com quem jogou no Sport (PE).
A impressão inicial logo se desfez. Ciro ainda marcou outros gols no campeonato, mas depois entrou em fase descendente e não conseguiu mais acertar o pé. Esperava-se que brilhasse na Copa Verde, mas isso também não aconteceu. De candidato a ídolo, virou peça descartável no Evandro Almeida, sendo seguidamente incluído em lista de dispensas.
Na verdade, Ciro é um reflexo da própria gangorra experimentada pelo Remo no primeiro semestre. Sob o comando de Leston Júnior, a equipe oscilou no Parazão, surpreendida seguidas vezes por times tecnicamente inferiores e sem jamais mostrar solidez tática.
Leston repetia sempre que o time estava em evolução, mas os resultados o desmentiam. Perdeu o primeiro turno e quando se preparava para perder o segundo, foi substituído por Marcelo Veiga, trazido às pressas para tentar corrigir a rota e evitar o desastre.
Jogadores como Ciro afundaram junto com o time, fracassando seguidamente e fazendo partidas bisonhas. O Parazão passou, veio a Copa Verde e nada de o time se acertar. Veiga fez seguidas experiências, sem encontrar a formação ideal.
Ciro seguiu tendo algumas oportunidades, aceitou até se submeter aos caprichos do técnico e chegou a jogar de lateral-esquerdo, fechando a marcação. Algo inteiramente surreal para um atacante que joga sempre junto à área ou dentro dela, buscando fazer gols.
Veiga foi embora há menos de 3 semanas, depois do incômodo jejum de vitórias em Belém ao longo da Série C. Chegou Waldemar Lemos, de postura tão “zen” quanto a de seus antecessores, mas aparentemente menos enrolado na hora de estruturar o time.
Perdeu na estreia, contra o Salgueiro (PE), mas segue com crédito para tentar a primeira vitória remista no Mangueirão. Na sexta-feira (08/07), anunciou a firme disposição de lutar para reatar o casamento entre time e torcida e montou um time que parece mais coerente que o de Veiga.
A presença de Ciro no ataque, ao lado de Edno, é uma das razões dessa boa impressão deixada por Lemos na hora de escalar o Remo para o difícil confronto com o Fortaleza (CE), líder do grupo.
Ciro entra como segundo atacante, capaz de puxar as jogadas pelos lados do campo, uma de suas características mais fortes. Pela maneira de atuar do Remo, terá a chance de fazer jogadas com Eduardo Ramos, com quem sempre se entendeu bem.
A presença de Wellington Saci ou Hériclis como segundo homem de criação é outro aspecto que valoriza as observações de Lemos e que pode contribuir para que Ciro tenha mais desenvoltura, com ou sem bola.
O fato é que o desafio de vencer o Fortaleza (CE) é tão importante para o Remo quanto para Ciro, que ganha nova chance de conquistar a confiança do torcedor e pode dar a tão sonhada guinada na carreira, como anunciou ao desembarcar em Belém.
Blog do Gerson Nogueira, 10/07/2016