O Remo venceu, repetiu a atuação valente do clássico com o Paysandu, entusiasmou o torcedor em muitos momentos e, mais importante, e se garantiu na decisão do returno do Parazão. Apesar disso tudo, passou por alguns riscos perfeitamente evitáveis no final do confronto com o Paragominas.
O sufoco dos últimos minutos não condiz com o time que mandou no jogo, tomou sempre a iniciativa e perdeu (só no primeiro tempo) quatro chances claras, além do golaço marcado por Eduardo Ramos. Ratinho, Alex Ruan, Bismarck e Paty erraram no arremate final e o jogo foi ficando difícil à medida que o tempo passava.
Na verdade, o Remo se deixou levar pela tensão natural do começo da partida, talvez sentindo a expectativa da torcida e a necessidade de confirmar a boa fase. Seria normal que isso durante 10 ou 15 minutos, mas isso perdurou por quase todo o primeiro tempo.
Somente quando Eduardo Ramos se aproximou da área, ajustou o arremate e acertou o canto direito do gol de Maycki Douglas é que o Remo parece ter finalmente botado os nervos no lugar.
Enquanto o gol não saía, o Paragominas teve alguns lampejos que poderiam ter mudado a história da partida. Aos 11 minutos, um cruzamento alto de Rogério Rios fez com que Fabiano errasse o soco, deixando Bruno Maranhão livre para cabecear. A bola passou perto da trave vazia.
Aleílson teve dois momentos de brilho e no mais agudo, aos 17′, mandou a bola muito perto do travessão de Fabiano. Foi só o que o ataque do Paragominas produziu nos 45 minutos iniciais. Destaque mesmo teve o goleiro Maycki Douglas, sempre bem colocado nas bolas aéreas, o volante Cristiano Gaúcho e os laterais Vítor e Rogério Rios.
Com esses jogadores bem posicionados, Charles Guerreiro manteve o Paragominas bem resguardado atrás, embora sem abraçar uma retranca radical. O Remo, graças à iniciativa de Eduardo Ramos, se manteve sempre rondando a área, apesar do bloqueio montado pelo visitante.
Alex Ruan voltou a aparecer bem, migrando para o meio quando o corredor lateral estava congestionado. Criou boas situações, tabelando com Ratinho e Ramos. Parece ter voltado a acreditar na capacidade de driblar e atacar, como quando surgiu no Sub-20.
Na proteção à defesa, Ilaílson e Ameixa se portavam muitíssimo bem, desarmando e apoiando. Ameixa, principalmente, mostrou desembaraço para fazer até lançamentos longos, acertando todos. Foi o grande destaque individual do jogo já no primeiro tempo, confirmando isso na etapa final.
Com a vantagem no marcador, o Remo retornou para o segundo tempo com a mesma distribuição em campo, embora Bismark se adiantasse um pouco mais. Foi ele que deu a primeira estocada, logo com 1 minuto, cruzando rasante. Rafael Paty chegou alguns segundos atrasados.
Aos 15 minutos, Val Barreto substituiu Paty e logo em seguida Felipe Macena entrou no lugar de Ratinho. O ataque ganhou força mas, curiosamente, Barreto foi jogar pelo lado esquerdo, deixando o meio para Eduardo Ramos manobrar. A partir daí, o Remo passou a depender mais dos avanços da dupla Levy e Bismark pela direita.
Apesar de avanços insistentes de Bismark, muito acionado, o Remo perdeu referência na briga de área com os zagueiros Cristovão e Douglas. Quase aos 30′, Eduardo Ramos quase acertou falta na gaveta direita de Maycki Douglas. Bola passou rente ao travessão.
Dos 35′ em diante, Charles fez mudanças no Paragominas e reforçou sua ofensiva, com Beá e Uander junto com Aleílson. Criou três grandes chances. A primeira em cabeceio de Beá, defendido por Fabiano. As duas seguintes, em lances de Aleílson que provocaram arrepios na torcida remista.
Quando o jogo terminou, a torcida gritava em uníssono “Eu acredito, eu acredito”. O Remo cumpriu o prometido, avançado à decisão do segundo turno. Mais que isso: confirmou a mudança de postura, atacando com vontade e defendendo com gana. A identificação do torcedor com esse novo time é cada vez maior. Confiança de parte a parte.
Blog do Gerson Nogueira, 22/04/2015