Pedro Minowa
Pedro Minowa

Em 2008, quando o Clube do Remo se viu obrigado a vender a sede campestre, localizada em Benevides, por causa da crise financeira, a diretoria da época montou uma força-tarefa para negociar e quitar as dívidas trabalhistas. O dinheiro arrecadado não foi suficiente para zerar as contas, mas baixou-as para um patamar aceitável, deixando um montante de pouco mais de R$ 3 milhões.

Passados 7 anos, a dívida voltou a crescer e hoje beira os R$ 15 milhões. A quantidade de ações trabalhistas, que causaram ao clube um bloqueio de 50% nas rendas dos jogos e e dos patrocínios e premiações, tende a aumentar. Sem dinheiro em caixa, sem possibilidade de se desfazer de um imóvel, sem perspectivas de renda, o Leão Azul agoniza em praça pública, escorado apenas na torcida.

O ano de 2015 tem sido intenso para o clube, tanto de sabores quanto dissabores. Em teoria, os objetivos vêm sendo alcançados. Primeiro, o título paraense que valeu a participação na Série D. Agora, vem a próxima etapa, com a busca no Campeonato Brasileiro por uma das 4 vagas para Série C de 2016. Para chegar até aqui, o clube vem traçando caminhos tortuosos que mais uma vez minam seu prestígio diante do mercado.

A segunda “greve” do ano do elenco traz uma sensação incômoda para os torcedores. Fica a impressão de um “apequenamento” do clube a partir da imagem que os outros têm de fora. Em anos anteriores, o Remo já ficou meses sem pagar salários e houve uma compreensão porque os jogadores não queriam fechar a porta de uma agremiação importante. Essa relevância vai se diluindo aos poucos diante do papel do Leão Azul no cenário nacional.

Na última quinta-feira, 11/06, os jogadores do Remo protagonizaram um episódio que tem sido quase regular em todos os anos no Baenão. Por falta de pagamento de uma folha e meia de salários, os atletas se recusaram a treinar. O mesmo já havia sido feito durante o Campeonato Paraense. Não há perspectiva de levantamentos desse fundo a menos que o clube consiga um empréstimo ou algum abnegado ponha a mão no bolso para ajudar.

“Nosso marketing está contatando algumas empresas, vamos ter alguns eventos para trazer recursos. Vamos tentar empréstimos, também”, comentou o diretor de futebol azulino, Cláudio Bernardo.

Um dos problemas da situação atual é o grau de isolamento ao qual se encontra o presidente. Ninguém quer se vincular a Pedro Minowa, em parte por culpa do próprio dirigente, que ao mesmo tempo em que toma para si quase todas as decisões, se isolando a ponto de mal falar ele mesmo sobre os problemas do clube, também se cercou de gente de pouco prestígio dentro do clube, afastando quem poderia pensar em ajudar.

Minowa está isolado e os recentes problemas podem ter outro desdobramento. A investigação sobre a gestão dele parecia ter entrado em “banho maria”, mas esses percalços recentes podem fazer com que os humores mudem nesta segunda-feira (15/06) dentro do Conselho Deliberativo, data que será apreciado o relatório feito pela Comissão Investigativa sobre as acusações de administração temerária.

Amazônia, 14/06/2015