Eduardo Ramos
Eduardo Ramos

O atacante Flávio Caça Rato é, até aqui, de longe, a contratação que mais chamou a atenção no início de ano no futebol paraense. Folclórico e marqueteiro, o jogador atraiu milhares de torcedores ao Baenão quando foi apresentado oficialmente.

Porém, o torcedor azulino sabe muito bem que o jogador é, tecnicamente, igual a outros que já estavam no elenco ou a alguns dos adversários. Os azulinos esperam que o atacante corresponda em campo, mas é em outro jogador que estão depositadas as maiores esperanças.

Velho conhecido inclusive de quando defendia o maior rival, o meia Eduardo Ramos está no rol dos mais técnicos que defendem equipes locais e tem dentro do elenco uma responsabilidade a mais.

Contratado ano passado pelo então presidente Zeca Pirão após defender o Paysandu, Ramos nunca chegou a ter desempenho igual ao que teve na Curuzu. A atuação no primeiro jogo decisivo do Parazão, de fato sua única e memorável atuação com a camisa do Leão, deixou nos torcedores a expectativa que na Série D ele fosse desencantar, mas no Campeonato Brasileiro ele foi emprestado ao Joinville (SC), onde viu do banco de reservas – na maior parte do tempo – a conquista do título nacional.

Para voltar ao Baenão, aceitou uma redução salarial mediante o pagamento de um acordo anterior. Com contrato até o fim do ano, os remistas esperam ver nele o líder em busca do acesso, o que seria o sexto na carreira do meia. Se vai ficar até a competição nacional, no segundo semestre, só o tempo dirá. Eduardo se diz entusiasmado com esse início de temporada, com um trabalho que o tem agradado e com boas perspectivas na busca do acesso.

No Brasil, se costuma montar um elenco todos os anos. Dessa vez, o Remo manteve uma base. A que se deu essa mudança e o quanto isso pode ser benéfico para o time?

Não sei a razão disso ter acontecido, mas foi bom para o Remo. Em se tratando de um início de temporada, é muito bom termos uma base que pode garantir nosso conjunto. Quando se reformula demais um elenco, as dificuldades aumentam. É uma base campeã paraense e, a meu ver, não conseguiu o principal objetivo, que era o acesso, por detalhes. Temos que tirar o lado positivo disso. Junto aos que estão chegando, temos que encaixar o time o mais rápido possível, nos adaptarmos ao que o Zé Teodoro quer e começar o ano da melhor forma possível.

Os clubes estão se dando conta que a manutenção de uma base pode ser benéfico, mesmo que o time não tenha chegado aos seus objetivos no ano anterior?

Talvez. É claro que no futebol tudo depende de resultados e reformulações fazem parte, mas é importante manter uma base. Não se pode jogar fora todo um trabalho, mesmo que no fim ele não tenha alcançado seus objetivos.

Para muitos torcedores, se você tivesse ficado para a Série D, talvez o Remo tivesse tido mais chances de chegar ao acesso. Qual o seu peso verdadeiro dentro do elenco e o quanto pode ajudar se ficar para o Campeonato Brasileiro?

Já se foram cinco acessos da Série B para a Serie A na minha carreira e acho que isso é um diferencial. Sei da cobrança que existe aqui e da minha importância dentro do elenco. Felizmente, tenho certeza que esse ano vamos dividir melhor essa responsabilidade e quem vai sair ganhando com isso é o Remo. Sobre a Série D, não pude acompanhar muito. Os jogos não passam na TV. Procurava falar com os meninos depois dos jogos, procurava saber o que estava acontecendo. O que sei é que foi por muito pouco, por detalhes. São essas pequenas coisas que temos que mudar para que esse ano as coisas sejam diferentes.

E a chegada de um técnico experiente como o Zé Teodoro? O quanto ele pode ajudar o Remo?

Acredito que pode ajudar muito. Conheço ele como pessoa, mas nunca trabalhamos juntos. Já nos encontramos e conversamos em jogos festivos em Goiânia (GO). Sei da capacidade dele, tenho muitos amigos que já trabalharam com ele. Acredito que ele tem tudo para dar certo aqui.

Sobre a realização de um Re-Pa amistoso, o quanto um clássico nessa fase de preparação ajuda? Ou ele mais atrapalha, por causa do caráter de rivalidade desse encontro?

Sem dúvida a cobrança será maior. É muito importante ter contato com a bola, com uniformes, com os jogos nessa fase de preparação. Faz parte e é bom, mas um clássico desses é 8 ou 80. Em caso de derrota, sabemos o que pode acontecer aqui. Assim como do lado de lá. Acho que é cedo ainda, mas não cabe a nós escolher quem vamos enfrentar. O jogo será válido para as duas equipes e que saia tudo bem.

Apesar de ter contrato até o final do ano, o seu retorno foi cercado de especulações e contou com uma redução salarial. O quanto é difícil uma negociação para reduzir salário? Ou, já deu para entender que é uma tendência nacional para melhor gerir os clubes?

Isso não vem de hoje. O pessoal vem plantando isso há muito tempo e uma hora ia estourar. Os times da Serie A já começam o ano com as cotas de TV antecipadas e gastas. As dificuldades são imensas. No Remo, entendi a situação. Sei das dificuldades que a nova diretoria encontrou, que o Remo depende muito de sua torcida. Por isso, procurei colaborar ao máximo com tudo aqui que me foi passado. Conseguimos um bom acordo, deu tudo certo e espero que 2015 caminhe bem.

Sobre essa reavaliação dos gastos excessivos. Você acha que é uma corrente nacional e que isso pode diminuir as diferenças entre clubes da elite e os demais?

Pode ser sim, faz sentido. Ganhar R$ 400 mil, R$ 500 mil, isso é totalmente fora da realidade. Ninguém quer discutir salários dos outros, quanto cada um merece receber, mas tudo depende do retorno que o clube tem. É um pouco absurdo e a tendência é que as coisas melhores, que os salários sejam mais realistas, pagos em dia e que todos sejam respeitados.

Amazônia, 18/01/2015