Zé Teodoro
Zé Teodoro

Em 39 anos vivendo intensamente o futebol, o técnico Zé Teodoro pode ser considerado um cara vitorioso. Foram 20 anos como atleta, quando conquistou títulos e teve a honra de vestir a camisa da Seleção Brasileira desde as divisões de base até o auge como atleta de ponta do todo-poderoso São Paulo (SP) do início dos anos 1990; e 19 anos como treinador, quando conquistou acessos e campeonatos estaduais pelo futebol nordestino. Com tanta experiência no currículo, o técnico chega ao Remo mais tranquilo do que nunca, mas consciente do desafio que tem pela frente.

Qual a primeira imagem que o senhor teve do Remo?

Vi muito interesse, boa vontade e entusiasmo para poder melhorar o clube. Se comunga muito comigo, porque são pessoas sérias querendo levantar o futebol do Remo.

Sabe que vai encontrar aqui muita cobrança, desafios e responsabilidades com o clube?

Gosto disso. Sempre trabalhei na adversidade, na dificuldade. Estou sempre pronto para montar e resgatar a autoestima dos clubes por onde passei. Não é muito diferente. É lógico que preciso de tempo, mas também sei que não dá mais para esperar. Acho que a coisa já ficou ruim e a tendência é melhorar. Para isso, precisamos de resultados e, acima de tudo, cumprir todas as situações que os dirigentes nos garantem. É preciso trazer jogadores comprometidos, que queiram guerrear no Remo e tenham sangue no olho.

As dificuldades encontradas nos gramados locais representam um obstáculo?

Aqueles que vêm para cá já conhecem a situação. Essa informação corre muito rápido. Dificuldades de gramado, chuva, tudo isso precisa de tempo para adaptar o atleta e esse atleta tem que ter um perfil de força. A torcida nem se comenta, a pressão é muito alta, não é para qualquer um. Durante o trabalho, isso é repassado ao jogador, essa necessidade de ter um time diferente. Quando não for na técnica, vai na força e na vontade. É mais transpiração do que inspiração. Nesse mês, estou conhecendo tudo isso.

Qual sua orientação sobre as indicações e jogadores da base?

Minha linha de trabalho é diferente. Gosto de trabalhar com bom jogador. Gosto de jogador que tem fome. Lógico que às vezes é preciso alguém mais experiente, com mais bagagem. Gosto de atletas dentro da realidade e não prezo quantidade, mas sim qualidade. Visto a camisa do clube, não estou atrás de clubes, mas sim de um projeto. Não tenho esquema com empresário. Gosto de coisa boa e emprego jogador dentro das condições do clube. Minha forma de trabalho se adapta ao clube. É melhor gastar com telefone do que depois gastar com indenização. Prezo muito as contratações pontuais e acho que por volta de 5 está de bom tamanho, em um primeiro momento.

Comente sobre a chegada do Caça-Rato ao time.

Caça-Rato é um jogador que tem o marketing pessoal, mas já acabou. Acabou a festa, acabou a onda da apresentação. Agora, o comprometimento no trabalho é o mais importante, porque ele tem que mostrar rendimento dentro de campo e o torcedor vai cobrar essa apresentação dele. No geral, o Remo também precisa disso, todos estão aguardando uma boa apresentação desse grupo.

Quais posições o Remo ainda está carente?

Não fiz avaliação do grupo, mas assisti os vídeos dos jogos do ano passado. Vamos dar atenção especial para os atletas da base, para os da região, e buscar alguns atletas que foram bem recomendados. Precisamos de um lateral-direito, um volante, mais um ou dois meias para fazer sombra aos que já estão aqui.

Se conseguir essa vaga para a Série D, serão 4 torneios no ano. Qual é o grande objetivo?

Não posso vir aqui para Remo, que é um clube de marca, de peso, e dizer que vou ser vice. Quero ser campeão. Temos 3 competições oficiais e precisamos administrá-las da melhor forma, mas acho que o primeiro ponto é o primeiro turno do Estadual. Se levarmos, sem dúvida ele nos dará tranquilidade na Copa do Brasil e Copa Verde, além de encaminhar uma vaga na Série D. Vim para buscar títulos, fazer uma grande participação na Copa do Brasil e quero ser campeão da Copa Verde, mas tudo dentro do seu momento. Nada é impossível.

Qual o seu estilo como treinador?

Sou meio termo. Gosto de cobrar, às vezes tem momento que sou contundente, às vezes sou mais calmo. Gosto de me relacionar, trabalhar com o grupo, mexer com a autoestima, motivar, gosto da parte tática e não sou um treinador de computador. A prática e a repetição me atrai. O importante, ao meu ver, é o dia a dia. Quero minha equipe muito bem treinada, com padrão de jogo, esquema definido e muita velocidade. Tudo isso são características minhas. Às vezes, você é pai e amigo, mas em outras, tem que brigar, cobrar.

A diretoria tem feito a sua parte?

Estão dando tudo aquilo que prometeram e que pedi no momento, que é a melhoria das condições de trabalho, resolver problemas passados. Todo esse respaldo reflete dentro de campo. Se melhorarmos fora, como já melhorou, todo mundo ganha. Acho que precisamos ver o Remo daqui a um mês para observar o grupo e a diretoria. Estou sempre visitando a cozinha, o DM, a fisiologia, observo tudo para tentar melhorar. Essa é a minha preocupação. O sucesso dos jogadores é o nosso sucesso.

Diário do Pará, 11/01/2015