Eduardo Ramos
Eduardo Ramos

No dia da apresentação do “Camisa 33” à torcida do Remo, no Mangueirão, o que foi pensado para ser uma tremenda festa se transformou em constrangimento. O anticlímax criado pelo vazamento do nome do jogador escolhido afastou muita gente da programação e fez com que os presentes se irritassem com a diretoria do clube e, por tabela, com o próprio astro principal do evento.

Eduardo Ramos desceu do helicóptero acenando timidamente e foi brindado com uma sonora vaia. Ao lado dos dirigentes, caminhou até o palanque armado perto do placar. Não parecia um vencedor. Pelo contrário, parecia derrotado. Cabisbaixo na maior parte do tempo, ele misturou-se aos demais atletas do Remo e depois falou pouquíssimas palavras de saudação. As vaias voltaram, em menor intensidade, e o tom festivo daquela tarde se evaporou. Como evaporaria, nas semanas seguintes, o futebol do “Camisa 33”.

Tudo bem que não havia cumprido bom papel no Paysandu ao longo da Série B 2013, perdendo-se em atuações opacas e contribuindo para a derrocada e o rebaixamento. Entretanto, permanecia vívida a lembrança da boa passagem no Campeonato Paraense, quando foi o principal nome da vitoriosa campanha bicolor.

Pois nem essa imagem deixada no Parazão passado foi reapresentada ao torcedor remista e à diretoria, que investiu alto na contratação. Foram acertados valores muito acima da média para o futebol regional, equiparando-se a de clubes da Série B e até Série A.

Em campo, porém, Ramos não se encontrou. Nas primeiras rodadas até deu a impressão de que iria engrenar. Fez gol logo na estreia, movimentava-se e assumia o papel de protagonista do time, sob o comando de Charles Guerreiro. Aos poucos, esse ímpeto foi caindo, à medida que o campeonato avançava e as dificuldades aumentavam.

Bem marcado, desceu à condição de jogador apenas mediano, tocando para os lados e evitando riscos. Nos clássicos com o Paysandu, apesar do inegável esforço para acertar, foi facilmente anulado. Pior que isso: nos dois últimos, acabou substituído logo no começo do segundo tempo. Voltaram às vaias – nesse caso, dos dois lados. Azulinos e bicolores unidos na rejeição pública ao futebol do “33”.

A chegada de um novo técnico reabriu as expectativas quanto ao futebol de Eduardo Ramos. Habilidoso, bom lançador, com virtudes de finalizador, ninguém acredita que tenha desaprendido a jogar, mas é evidente que não faz o mínimo que estava acostumado a mostrar, seja no Paysandu ou em outras equipes.

Roberto Fernandes parece disposto a recuperar o jogador. Já o conhecia do futebol pernambucano e, com base nisso, tem procurado prestigiá-lo como titular. Os efeitos disso começam a surgir. No último Re-Pa foi mais participativo e teve presença importante nos jogos contra o Gavião e o Paragominas. Falta a Ramos a companhia de outros jogadores importantes, que também não rendem a contento no Baenão. Casos de Leandrão, Athos, Thiago Potiguar e Zé Soares.

Camisa 10 por onde andou, Ramos talvez tenha sentido o baque de assumir o “33” tão emblemático para os azulinos, cobrado tanto pela atual quanto pela ex-torcida, que não perdoou a “travessia”. Mesmo que não faça bem ao marketing, talvez seja o caso de os azulinos trocarem o número de sua camisa. O “33” tem se mostrado muito pesado.

Blog do Gerson Nogueira, 18/04/2014