Charles Guerreiro
Charles Guerreiro

Responsável direto pela criação da Copa Verde, o Remo tem hoje à noite uma batalha decisiva para permanecer na competição. Encara o Paragominas, vice-campeão paraense, com legítimas pretensões de continuar vivo na disputa. Quando associo o Remo à origem do torneio, tomo por base as próprias declarações do presidente da CBF, admitindo ter prometido aos dirigentes paraenses se empenhar para ajudar o clube, que havia sido apeado da Série D.

Reuniões foram realizadas, ainda em maio de 2013, promessas reafirmadas e, finalmente, no final do ano, veio a confirmação: a Copa Verde seria promovida, reunindo 16 participantes e dando direito a uma vaga na Copa Sul-Americana.

Efeito imediato do anúncio se fez notar no posicionamento crítico de analistas do Sul e Sudeste, sempre refratários a qualquer benefício voltado para emergentes do futebol no Brasil. Quase todos questionaram o fato de um novo torneio ter sido criado exclusivamente para prestar socorro a um clube – no caso, o Remo – que havia ficado sem calendário.

É justamente a sobrevivência na competição que estará em jogo no Mangueirão. A vitória por 2 a 1 na semana passada, em Paragominas, deu a impressão imediata de que o Remo havia sacramentado a passagem à segunda fase. Não é bem assim.

Com o time estourado pela sequência de jogos importantes no Parazão e na Copa Verde, o Remo vai a campo desfalcado e em condições físicas inferiores às do adversário, que descansou a semana toda e ainda terá o retorno de atletas importantes – André Luís, Adelson, Magno e Sandro.

A vantagem de um gol é passível de reversão, o que forçaria uma disputa em penalidades, cujo desfecho é sempre imprevisível. Ao Remo, que investiu alto para ter um elenco competitivo no primeiro semestre, a tarefa de se classificar na Copa Verde é tão importante quanto conquistar o primeiro turno do Campeonato Paraense.

As baixas no grupo – Ilaílson, Jhonnatan, Leandrão e dúvidas quanto a Dadá -, resultantes da duríssima partida de domingo contra o Paysandu, indicam que a batalha poderá ser ainda mais árdua do que se imaginava.

Mais do que nunca, fica claro que o Remo precisará recorrer aos suplentes, cujo nível nem sempre estão à altura dos titulares. Acentua, ainda, a obrigatoriedade de aproveitamento regular dos garotos do sub-20, quase todos deixados de lado pelo comando técnico.

Na lista de relacionados para o jogo aparecem apenas o meia Rodrigo e o volante Warian Santos, sendo que o clube dispõe de várias outras peças em condições de atuar. Igor João, Tsunami, Gabriel, Nadson e Guilherme. A essa altura, soa como luxo abrir mão do potencial técnico (e físico) desses jovens atletas.

Blog do Gerson Nogueira, 20/02/2014