Nildo Pereira, Charles Guerreiro e Edmilson Melo
Nildo Pereira, Charles Guerreiro e Edmilson Melo

Parece filme repetido, e é. O Remo está às voltas com o mesmíssimo problema ocorrido nos últimos 3 anos. Chega às vésperas das fases decisivas do primeiro turno em meio a um clima de desconfiança em torno do trabalho do técnico. Ocorreu isso em 2011, 2012 e 2013. Sempre com resultados catastróficos para o planejamento do clube. Dividido e sem comando, o time exibiu em campo os sinais da desagregação.

No ano passado, lá mesmo em Paragominas, Flávio Araújo perdeu e admitiu à saída do estádio que estava propenso a entregar o cargo. Pela manhã, já em Belém, por pressão da maioria do elenco, decidiu permanecer. No fim das contas, ficou a impressão de que o clube teria lucrado se aceitasse sua saída logo no primeiro turno.
A diferença em relação ao que ocorre agora com Charles Guerreiro é que Araújo tinha pleno apoio do elenco e da diretoria.

Anteontem, na Arena Verde, parte do elenco cobrou dos dirigentes o afastamento dos auxiliares Nildo Pereira e Edmilson, pessoas de confiança do treinador. A pressão deu certo e os profissionais foram afastados.

Em seguida, a diretoria indicou Walter Lima para trabalhar como auxiliar, mas Charles rejeitou a oferta, alegando ter problemas pessoais com o coordenador das divisões de base. Na verdade, estava insatisfeito com a demissão de seus auxiliares e resolveu devolver a batata quente aos dirigentes.

Às 18h de ontem, depois da reunião com o presidente Zeca Pirão, Charles disse a um amigo que deixou a diretoria à vontade para demiti-lo. Não aceitou trabalhar com Waltinho e deixou nas mãos dos dirigentes a decisão sobre sua permanência. Foi marcada uma nova reunião para hoje, ao meio-dia, mas é provável que nem aconteça.

Segundo fontes da diretoria, há descontentamento com o trabalho do treinador no primeiro turno. Mais correto seria dizer que há má vontade com Charles desde o ano passado. Os maus passos do time no Parazão, com ênfase para a derrota frente ao Paysandu, engrossaram o coro de insatisfação.

A demissão do técnico só não se consumou ainda porque terá um alto custo para o clube. Com salários de R$ 25 mil, a multa rescisória de Charles (estipulada em contrato) é salgada para os padrões regionais. O clamor da torcida, porém, já teria convencido Pirão a encarar o prejuízo financeiro.

Walter Lima, pelo excelente trabalho com o Sub-20, é a bola da vez como solução temporária. Caso Charles saia, ele assumirá o time nas semifinais. É a opção natural, pois já conhece o elenco e tem a confiança dos dirigentes. Para o returno, porém, um técnico de fora será contratado.

Blog do Gerson Nogueira, 04/02/2014